URIEL TAVARES

Uriel Tavares de Souza Magalhães – (1891-1938) – poeta e professor do Lyceu e da Academia de Comércio São José, nascido em Muzambinho, no bairro Lage, tinha uma vida errante, morreu na cadeia de Guaxupé. Um de seus livros é Flores ao Vendo de 1915, prefaciado por Julio Bueno e Pedro Saturnino. O livro História de Guaxupé, na segunda edição, fala do poeta com detalhes, das p. 500 a p. 508.


Quem foi Uriel Tavares de Souza Magalhães?


A Academia Muzambinhense de Letras outorgou a Medalha “Uriel Tavares”, mas senti falta da biografia do poeta.
Ele nasceu no bairro da Lage em 10 de novembro de 1891, filho do lavrador José Melquíades de Souza e da lavadeira Maria Clara do Rosário. Registrado apenas como Uriel, utilizou o nome civil de Uriel Tavares de Souza Magalhães durante toda a vida profissional, conforme nos mostra toda a biografia e documentação arquivada no Museu Municipal de Muzambinho.
Uriel Tavares viveu a maior parte da vida em Muzambinho onde nasceu, mas viveu em Guaxupé, onde, após a morte, foi muito mais valorizado do que aqui, tendo inclusive um nome de rua naquela cidade.
Ele foi biografado pelos guaxupeanos Moacyr Costa Ferreira e Esmerino Ribeiro do Valle Filho, mas podem ser encontrados textos deles em documentos de outros autores de vários locais. Os livro “História de Guaxupé” de Ribeiro do Valle dedica oito páginas a sua biografia (500 até 508). Na edição 14 de 1946 da “Revista Brasileira”, J. Etienne Filho o biografa com o texto “Uriel Tavares, um dos ‘humilhados e luminosos’”, a partir da página 52. O filósofo fundamentalista cristão Jackson de Figueiredo Martins dedicou parte de um livro seu para contar sobre Uriel: o nome do livro era “Correspondências” e nesse livro que ele o chama de ‘humilhado e luminoso’.
Ele escrevia sobre amor, angústia, vida, do ‘ser’. Era inteligente e talentoso e gostava de estudar, mas era miserável e passava fome. Após ser professor municipal rural de Muzambinho (o primeiro homem a tomar posse na Prefeitura como docente), lecionou na EE Cesário Coimbra e ministrou cursos no Lyceu do Prof. Salatiel de Almeida. Em Guaxupé, lecionava na Academia de Comércio São José, mas também trabalhava como braçal, nas ruas, como capinador, pois, só tinha até o 3º ano do primário cursado. Em Guaxupé teve um ataque epilético, foi levado para a cadeia, onde morreu lá, sem atendimentos ou cuidados, em 1938.
A sua matrícula na Câmara de Muzambinho é a de número 47, de 14 de fevereiro de 1910, como professor rural, recebendo 400$ mensais (apesar que Etienne Filho diz ser 300$).
A vida dele foi tão terrível que se tornou boêmio e alcoólatra.  Durante a vida foi protegido pelo muzambinhense Camilo Paolielo, que o apresentou para jornalistas e intelectuais.
Dizem que ele teve várias frustrações amorosas. Etienne Filho conta que desde cedo ele foi “inclinado às musas”. Apesar dos incorretos relatos dele nunca ter sido casado ou ter namorada, o Dr. Sylvio Ribeiro do Valle diz que a primeira cesariana realizada em Guaxupé foi feita pelo seu pai, o médico Mário Ribeiro do Valle, em 17 de janeiro de 1933, na esposa do poeta.
"Seu nome não figura nos compêdios de Literatura Brasileira, mas está presente na história... e é quase incrível pensar que as mesmas mãos que lapidam tão belos versos, manejaram os mais rústicos instrumentos nassarjetas, capinador nas ruas de Guaxupé e que tão grande artista não teve na ânsia da morte, uma companheira, um filho ou um amigo a enxugar-lhe as lágrimas, e que pusesse nas suas mãos uma vela. Não teve um luto sequer." (Moacyr C. Ferreira e Esmerino Ribeiro do Valle Filho).
“Quem teve, porém, a sorte de encontrar uma dessas joias, de brilho singular, deve, quando for possível quando sabe que ela desapareceu ou está para afundar na voragem do tempo, revelar quanto do seu fulgor refletia de ‘eternidade, isto é, da suprema luz criadora” (Jackson de Figueiredo Martins)
Um dos seus livros “Flores ao Vento”, de 1915, foi prefaciado por Julio Bueno. O grande Tristão de Ataíde (pseudônimo de Alceu Amoroso Lima) disse que o mais delicioso dos livros de Jackson de Figueiredo Martins, era o que se dedicava em partes para Uriel. A maior influência de Uriel foi o poeta Antônio Nobre. Ele foi aplaudido ainda pelos poetas e escritores Carlos Góes, Pedro Saturnino Vieira de Magalhães, Mário Magalhães Gomes, Honório Armond, Francisco Teive de Almeida Magalhães, Félix Pacheco, Veiga Miranda, Perilo Gomes, Hamilton Nogueira e Agripino Grieco, ainda em vida.
Em Muzambinho ele deu nome de uma escola que passou por vários bairros, sendo fechada no bairro de Montalverne nos anos 90. A rua que margeia o Parque Municipal e a BR 491 teve como nome aprovado “Rua Prof. Uriel Tavares de Souza Magalhães”, em projeto de autoria do Ver. Prof. Otávio Luciano Camargo Sales de Magalhães, na sessão do dia 28 de dezembro de 2012, porém, o Projeto de Lei APROVADO foi vetado pelo Prefeito Ivan de Freitas na primeira quinzena de janeiro de 2013.


Por Otávio Sales