JAYME TIOMNO


Um aluno ilustre: o grande físico brasileiro Jayme Tiomno



            Vamos falar agora um pouco do mais ilustre aluno do Lyceu e Ginásio Mineiro. O físico nuclear Jayme Tiomno. Verbete de várias edições da Enciclopédia Delta Larousse.
            Tiomno é considerado um dos físicos mais importantes do Brasil. Foi padrinho de casamento de César Lattes e seu amigo pessoal. Ocupou cargos de extrema importância e é membro da Academia Brasileira de Ciências.
            Estudou inicialmente em Muzambinho, mas depois se transferiu para o Colégio Pedro II onde terminou os estudos. Foi atingido pelo AI-5. Doutorou-se em Princeton.
            Veja as informações do site da Academia Brasileira de Ciências:
Nome Científico: Tiomno, J.
Nacionalidade: Brasileira
E-mail:
elisaejayme@yahoo.com.br
Profissão: Pesquisador; Professor universitário
Área de Especialização: Ciências Físicas
Categoria: Titular
Data de Ingresso na ABC: 27/12/1951

Pesquisas
Captura e desintegração de mésons.
Reações entre hádrons.
Fundamentos da relatividade.
Universo em rotação.
Teoria de campos.

Títulos
Bacharel (Física) - Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, FNFi/UB - 1941.
Licenciado (Física) - FNFi/UB - 1942.
Professor assistente - (Física geral e experimental) - UB - 1942.
Mestre em Artes (Física) - Universidade de Princeton - 1949.
Ph.D. (Física) - Universidade de Princeton - 1950.
Professor titular - Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, CBPF - 1952.
Professor titular - Universidade de Brasília, UnB - 1965.
Doutor (Física) - Universidade de São Paulo, USP - 1968.
Professor titular (Física) - USP - 1968.
Professor titular Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC/RJ - 1973.
Pesquisador emérito - CBPF - 1992.

Biografia


Nascido em 1920 no Rio de Janeiro, é casado com a Acadêmica Elisa Frota Pessoa, física.

Publicou cerca de 100 trabalhos de pesquisa em variados campos da Física.

Tendo feito a maior parte do curso secundário em Muzambinho, MG, completando-o no Colégio Pedro II, Rio de Janeiro, obteve o bacharelado de Física em 1941 na Faculdade Nacional de Filosofia. Em 1942, já contratado como Assistente da Cadeira de Física Geral e Experimental regida pelo Acadêmico Joaquim da Costa Ribeiro, auxiliou-o em seu trabalho sobre Efeito Termodielétrico.

Em 1946 Tiomno teve uma bolsa da USP para estudos pós-graduados com o Acadêmico Mario Schenberg. Em 1947 foi contratado pela USP como Assistente de Física Teórica, na cadeira de Schenberg.

Em 1948, Tiomno ganhou uma bolsa de estudos na Universidade de Princeton, EE.UU. onde obteve o Ph.D. (meados de 1950).

Nesse intervalo descobriu em colaboração com o seu orientador John A. Wheeler a universalidade das interações fracas, seu trabalho de maior repercussão. Durante anos foi denominada triângulo de Tiomno-Wheeler a representação introduzida por esses autores, dessas interações com três pares de partículas nos vértices de um triângulo.

Ainda em 1949-1950 trabalhou com E.P. Wigner e com C.N. Yang, futuros prêmios Nobel, respectivamente sobre teorias dos neutrinos (tese de doutorado) e interação universal de Fermi. Também em 1950 Tiomno fez (com W. Schutzer) um trabalho sobre relação da Matriz S com causalidade, segundo Goldberger a primeira aplicação da teoria de dispersão a reações nucleares.

Com mais de 19 trabalhos publicados ele volta para São Paulo (1950-1952) e finalmente é contratado pelo CBPF do qual é membro fundador. Nos anos 50, que foram os mais produtivos de sua carreira (perto de 20 trabalhos), ele procurou selecionar um número mínimo de interações fracas compatíveis com critérios de simetrização, reduzindo-as finalmente a S+P+T e V-A. Para isso usou ainda a transformação gama-cinco por ele introduzida, sem e com violação de paridade. Escolheu, erradamente, S+P+T mais de acordo com resultados experimentais de desintegração beta, que a seguir foram derrubados simultaneamente com a descoberta de V-A por Marshak-Sudarshan e Feynman-Gell Mann também usando a gama-cinco (1957). Ainda em 1957 propôs a interação forte universal 07 que levou Yuval Neeman à descoberta de SU3 independente de Gell Mann.

Em 1960 propõe ele na Rochester Conference on High Energy Physics a existência de um meson (K'), semelhantes ao meson K mas de paridade oposta, para explicar assimetrias observadas em colisões hadrônicas. Esse estado ressonante (K-Pi) foi descoberto por um grupo de Stanford e denominado K-estrela. Foi a primeira ressonância mesônica prevista e descoberta.

Em 1965 Tiomno participou da implantação do Instituto de Física da Universidade de Brasília (como Coordenador).

Após o colapso dessa Universidade ele concorreu à Cátedra de Física Superior da USP, obtendo-a.

1968-1969 foram dispendidos na implantação de um grupo de Física teórica nessa cadeira que veio a ser mais tarde o núcleo do Departamento de Física Matemática criado por Moyses Nussenzweig. Na verdade sua carreira na USP e no CBPF foi interrompida por ter sido atingido em 1969 pelo AI-5, só tendo voltado ao CBPF em 1980.

Em 1971-1972, impossibilitado de trabalhar no Brasil, Tiomno aceitou um contrato conjunto da Universidade de Princeton e do Instituto de Estudos Superiores de Princeton. Centrou então suas atividades em Teoria da Gravitação e Eletromagnetismo publicando doze trabalhos sozinho ou em colaboração com o grupo de J.A. Wheeler. Foi contratado, em 1973, pela PUC-RJ. Lá formou um novo grupo, em gravitação e campos não-abelianos. Com a colaboração de antigos associados, J. J. Giambiagi e C. G. Bollini e outros publicou cerca de 10 trabalhos, alguns sobre campos não-abelianos e cópias. Em 1980 ele foi recontratado pelo CBPF que lhe concedeu em 1992, o título de Pesquisador Emérito. Lá ele se uniu ao grupo de M. Novello e I. D. Soares, fundou o Departamento de Relatividade e Partículas (DRP) no qual publicou, com vários colaboradores, mais de 15 trabalhos, principalmente sobre modelos cosmológicos de Godel e de Szekeres e sobre física dos quarks.

Ultimamente, já aposentado, terminou com I. Soares um trabalho sobre fundamentos dos efeitos Sagnac e Mashoon.

No D.R.P. coordenou um projeto experimental de Física de Partículas em colaboração com o Fermilab, do qual resultou um novo Departamento, o LAFEX.” (Grifo meu) Disponível em http://www.abc.org.br/gina/curriculo.asp?lingua=P&consulta=jtiomno




Outras informações podem ser encontradas facilmente:

After Tiomno concluded his graduate work in 1951 at Princeton University, Cesar M. G. Lattes and I [J. Leite Lopes] invitet him to join us in the Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF, inslead of going back to the University of São Paulo (MAC DOWELL et alli, 1991, p. 43)

As for the other, think what it would mean to Brazil or Argentina if one of your scientists, perhaps working at Fermilab, would win the 1995 Nobel Prize in Physics [Leon M. Lederman, da Universidade de Chicago e Fermilab(MAC DOWELL et alli, 1991, p. 15)

Enciclopédia Delta Larousse:
Tiomno (Jayme), físico brasileiro (Rio de Janeiro GB, 1920). Formado pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil em 1941, doutorou-se na Universidde de Princeton (EUA) em 1950. Professor titular (1952) e chefe do departamento de física teórica (1961-1965) do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, professor titular da Universidade de Brasília (1965), diretor de pesquisas do Conselho Nacional de Pesquisa (1961-1965), catedrático de física superior da Universidade e São Paulo (1967). Entre suas numerosas pesquisas e trabalhos publicados, destacam-se: derivadas do campo de radiação do elétron puntiforme com spin, interpretação da equação de Pauli, estudo das massas das partículas elementares, teoria do neutrino, interações de méson e bárions, mésons um, híperons e mésons K, mésons pi e K. Em 1961, Tiomno demonstrou a possibilidade da existência de um novo méson K’, teoria que levou a descoberta do méson K*. Prêmio Moinho Santista de Ciências Exatas (1957).
                A Dra. Djama Santos, advogada enviou documento manuscrito sobre o físico:
“Estudou de 1932 a 1936 no Ginásio Mineiro de Muzambinho, onde terminou o ginásio, tendo vindo do grupo escolar de São Sebastião do Paraíso. (...)
Teve como seus professores no Colégio Mineiro:
Dr. Antero Costa – Química
Dr. Tocqueville – conforme as palavras de Tiomno, incentivou-o, pois era seu professor de Física.
Prof. Saint-Clair de Magalhães – Português
José Maria Armmond – Matemática
Dr. Talcídio de Oliveira – Química.
(...)
Com seus pais e irmãos, morou em Muzambinho numa casa perto da igreja Matriz, em frente à casa paroquial. (...)
Portanto Jayme Tiomno um dos mais ilustres, senão o mais, alunos que sem ser filho de Muzambinho, honrou com a sua Brilhante Inteligência os bancos escolares do nosso antigo Ginásio Mineiro, merecendo o Título de Cidadão Honorário,  e ter seu nome e sua obra figurando na Casa da Cultura da nossa cidade. RJ, 16 de maio de 2000
Enciclopédia Larousse Cultural pág. 5686
Larousse Cultural Brasil Dicionário pág 814
Grande Enciclopédia Delta Larousse volume 14 – pág. 6670 (Dra. Djalma Santos – texto feito à máquina)

               
            Após a publicação de um artigo sobre o físico no jornal “A Folha Regional”, o filho do prof. Saint Clair mandou-me uma carta e eu produzi um artigo que não foi publicado.



Figura 155 – Foto enviada pelo sr. José R. Magalhães Alves

Jaime Tiomno: o maior físico brasileiro, cogitado para Nobel da Física estudou aqui em Muzambinho

           Cometo aqui a indelicadeza de reproduzir carta do Sr. José Magalhães Alves, filho do ex-reitor do Ginásio Mineiro de Muzambinho prof. José Saint’Clair Magalhães Alves. Ele me escreve pela segunda fez, lembrando de Jaime Tiomno:

“Juiz de Fora, 26/10/04

Prof. Otávio

Estou de volta.

           Hoje para dizer que o Jaime Tiomno foi meu contemporâneo no primário do Lyceu Municipal e posteriormente no Ginásio Mineiro.
           Sua irmã gemia, Marian foi minha colega de classe no primário e em 1933 no ginásio.
           Vai aí uma foto da turma (1933).
           Em primeiro plano a Profa. Margnólia Pinheiro Magalhães Alves, esposa do Prof. Dr. Antônio Magalhães Alves (meu tipo).
           Da direita para a esquerda, eu, meu primo Graco, de boné Márcio Leite Cesarino (neto do Dr. Licurgo Leite e filho do Dr. Cesarino, prof. De História da Civilização do Ginásio Mineiro), Maria Podestá, de Monte Belo, Marian Tiomno, Edith Salles, de Nova Rezende, Zaliwa Zeitune (de Guaxupé, faleceu em 1936, na quarta série do Ginásio), Olga Santos (foi Diretora da Escola Salatiel de Almeida), Maria José Lopes (casada com Pedro II do Prado) e Esther Campos (filha do pastor da Igreja Presibiteriana).
           Dentre os demais: Antônio Rios Lopes, João Barbosa, Eurípedes Barsanulfo, Antônio (meu irmão), Mauro Pulcinelli, Americo Carnevalli, etc.
           Esqueci-me de dizer que Meiga, irmã de Jaime, um ano mais moça, foi minha “namoradinha” no primário.

           Abraços, José R. Magalhães Alves.”


                Várias referências elogiosas à Muzambinho foram feitas pelo prof. Tiomno:
O seu gosto por Ciência remonta, pelo menos, à época em que freqüentava o Ginásio Mineiro de Muzambinho. Ali, nessa cidade do triângulo mineiro, e logo no início da década de trinta, já se ministravam aulas práticas de laboratório, envolvendo dissecação de animais e experiências de Física mais avançadas do que as realizadas, por essa época, no colégio padrão Pedro II.” (Do site: http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/enfpc/xxi/programa/jt.htm acessado em janeiro de 2006)

“Filho de Maurício e Annita Tiomno e casado com a física brasileira Elisa Frota Pessoa, Jayme Tiomno nasceu no Rio de Janeiro no dia 16 de abril de 1920, havendo, contudo, freqüentado o Ginásio Mineiro de Muzambinho (cidade do triângulo mineiro) e completado os seus estudos pré-universitários no famoso Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Neste Colégio, as aulas de História Natural fizeram renascer-lhe um antigo interesse pelo estudo da Medicina, tanto que em 1938, entrou para a Faculdade Nacional de Medicina, ainda no Rio de Janeiro, onde permaneceu por três anos. Porém, ao fazer um curso de Física Biológica com Carlos Chagas Filho, o professor Tiomno percebeu ser Física o que desejava estudar. (Do site: http://www.bassalo.com.br/mm_prtiomno.asp acessado em janeiro de 2006)



               
Cesare Mansueto Giulio Lattes. Fonte: CBPF, acessada em jan. 06.

O jornal “A Folha de S. Paulo”  publicou, logo que o prof. Lattes morreu, um interessante artigo:
09/03/2005 - 10h05
CBPF publica tese "inédita" do cientista
SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo
O CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), no Rio de Janeiro, está preparando a publicação de uma tese "inédita" do físico César Lattes, morto ontem em Campinas. O trabalho, que apresenta detalhes da cooperação promovida entre Brasil e Japão no estudo de raios cósmicos, remonta a 1966, quando ele disputou o posto de professor titular da USP (Universidade de São Paulo).
A história é turbulenta. Lattes já ocupava interinamente a cadeira, e um concurso foi aberto apenas para cumprir o protocolo e efetivá-lo na posição. No entanto, o físico Jayme Tiomno decidiu entrar na disputa, o que teria irritado Lattes. Ele concluiu a produção de uma tese, mas não chegou a defendê-la perante uma banca.
"Ele ficou chateado e decidiu ir para Campinas, onde estava surgindo a Unicamp [Universidade Estadual de Campinas]", afirma João dos Anjos, pesquisador do CBPF. "E a tese ficou lá na USP, sem ser defendida, inédita."
Jayme Tiomno, que acabou ficando com a vaga, disse que se inscreveu no concurso com o apoio de todos os professores titulares da USP na época. "Não houve um conflito. Nunca discuti isso com ele. E, se o César Lattes ficou chateado comigo, também nunca me falou nada", diz Tiomno, que foi padrinho de casamento de César e Martha Lattes.
O trabalho ficou esquecido até Alfredo Marques, um pesquisador aposentado do CBPF, decidir ressuscitá-lo. O pesquisador tinha uma rara cópia do material, que reconta o início da parceria entre Brasil e Japão, incluindo originais das cartas trocada entre Lattes e os pesquisadores japoneses.
No ano passado, por ocasião dos 80 anos de Lattes, Marques pediu a autorização do físico para finalmente publicar o trabalho.
O CBPF então decidiu prepará-lo para lançamento neste ano, como parte das comemorações do Ano Internacional da Física, que ocorre em 2005 pelo centenário de três estudos publicados pelo alemão Albert Einstein (1879-1955), entre eles a relatividade especial. Foram produzidos apenas 300 exemplares. Eles serão mais úteis principalmente para historiadores da ciência e físicos, dado o caráter técnico da publicação.

            O professor Jayme Tiomno foi professor do curso de matemático da Faculdade Nacional de Filosofia. Veja informações e comentários sobre o professor (amplos), feitos na área de Educação Matemática, especificamente História da Educação Matemática, pela profa. Circe Mary Silva da Silva, no trabalho intitulado “Formação de Professores e Pesquisadores de Matemática na Faculdade Nacional de Filosofia”. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15554.pdf acessado em jan. 2006.
            A profa. Circe afirma “Jayme Tiomno é um nome destacado por suas pesquisas na área de Física”.


OBS: Tiomno faleceu em 12 de janeiro de 2011, e tem um tópico na Wikipédia sobre o mesmo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jayme_Tiomno