Pedro de Alcântara Magalhães

365 DIAS DE HISTÓRIA DE MUZAMBINHO
1º/1/2015
HistoriadeMuzambinho.Blogspot.Com especial para Muzambinho.Com

PEDRO DE ALCÂNTARA MAGALHÃES – O LÍDIMO FUNDADOR
Otávio Luciano Camargo Sales de Magalhães




AA ORIGEM DE MUZAMBINHO

Em 08/10/1860, a Lei Provincial 1277 transforma Muzambinho (São José da Boa Vista) em Distrito de Paz. A Lei Provincial 1095 transforma em Freguesia, em 02/01/1867. Em Vila (sede de Município), com o nome de Muzambinho, pela Lei Provincial 2500, de 12/11/1878, emancipação político-administrativo de Muzambinho, compondo uma região que hoje seriam os municípios de Muzambinho, Juruaia, Guaranésia e Guaxupé. Virou Cidade (sede de Comarca) em 30/11/1880, pela Lei Provincial 2687. Em 1901 concedeu emancipação ao distrito de Guaranésia e anexou ao município o distrito de Monte Belo, que pertencia a Cabo Verde. Em 1911 emancipou o distrito de Guaxupé (que era maior e mais populoso que o distrito sede), e criou o distrito de Juruaia. Em 1938 emancipou Monte Belo. Em 1946, Juruaia.
            O município, diz a lenda, teve seu patrimônio composto por terras doadas por José Moreira Braga, João Vieira Homem, Maria Benedita Vieira e Maria Engrácia Destarte, que só conhecemos o nome através do livro de Soares (1940), e do jornal “O Muzambinho” de 1940. Provavelmente esta lista é imprecisa (indícios dessa imprecisão estão em Isoldi (1998), aonde aparece a genealogia de Vieira Homem).

QUEM FUNDOU?

Uma edição de “O Muzambinho” de 1940 (muito controversa, por sinal) aponta como os fundadores, em 1852, do arraial que hoje aqui se encontra, como Pedro de Alcântara Magalhães, José Garcia da Ressureição e José Joaquim Machado. Sobre esses dois últimos não sabemos nada. O arraial chamava-se São José da Boa Vista.
Segundo a Wikipédia (dados não confirmados), o “Almanaque Sul Mineiro” para o ano de 1874, pág. 390, aponta, também, como um dos fundadores Antônio Joaquim Pereira de Magalhães, que era da família do Barão de Cabo Verde, ou seja, de influência política importante no ano de 1874.   
A idéia de Pedro de Alcântara como único fundador do município vem da Lei 87, de 25 de setembro de 1897, ou seja, uma informação escrita 45 anos depois da suposta fundação, quando Pedro de Alcântara, avô por afinidade do chefe afim da cidade, já estava morto há tempos.
Lei 87, de 25 de setembro de 1897 – Refere-se a remoção para o cemitério público, dos restos mortaes das pessoas inhumadas no logar onde foi situada a primitiva Matriz desta cidade, e a construção de um jazigo especial para recolhimento das cinzas do finado Pedro de Alcântara Magalhães. Essa Lei cita que ele é o fundador de Muzambinho (fazendo gravar na respectiva lousa esta homenagem do Município). Orçamento de 1:200$000.
            A Lei fala da retirada do antigo cemitério, hoje Praça Pedro de Alcântara Magalhães (por ironia) para o cemitério atual no Alto do Anjo.
            Essa Lei; o livro de Soares, “Muzambinho Seus Homens Sua História” de 1940; e os textos de Vonzico, consolidaram o nome de Pedro de Alcântara como único fundador do município.
            Por isso, “lídimo” fundador, pois, trata-se de um termo escrito no século XIX e repetido por Vonzico nos dias atuais.
PEDRO DE ALCÂNTARA MAGALHÃES

Pedro de Alcântara Magalhães, fidalgo considerado fundador de Muzambinho. Há muitas lendas obscuras sobre sua vida. Ele é o filho primogênito do português de Penafiel, Guarda Mor José Joaquim Nogueira de Magalhães e da brasileira Ana Moreira de Carvalho. O fato é que ele foi 1º e 2º delegado do povoado, ou seja, chefe político, antes mesmo da elevação para distrito em 1860, quando foi o primeiro juiz de paz (chefe do distrito).
A lenda diz que, no dia 19 de março de 1852, ele estava de passagem por um topo de montanha e resolveu descansar debaixo de uma árvore. Ao acordar ficou deslumbrado com a beleza do por do sol e resolveu ali se instalar. O topo da montanha seria, hoje, a avenida Américo Luz .

Em 1857, Pedro de Alcântara  construiu a primeira capela do povoado. A capela não existe mais e ficava defronte a atual residência da família Coimbra (2). No mesmo ano ele casou-se com D. Cândida Francisca de Oliveira. Deste casamento nasceram treze filhos que até hoje têm descendentes na cidade (3).
    Pedro de Alcântara Magalhães foi enterrado na antiga capela e seus restos mortais transladados para o cemitério através de uma lei de 25 de setembro de 1897, assinada pelo então presidente da Câmara e Agente Executivo do Município, Sr. Francisco Navarro de Moraes Salles. No texto da lei consta o nome de Pedro Alcântara Magalhães como fundador de Muzambinho(4). A cidade fez uma justa homenagem ao batizar sua mais bela praça com o seu nome. 
(Dados do Setor de Patrimônio Histórico da Prefeitura de Muzambinho)

            Soares (1940) diz que “A família Magalhães era quase toda agricultora. Criada na escola do trabalho, acostumada a um labor quotidiano e esfalfante, que é o amanho da terra, labuta que demanda nervos rijos à disposição de muito carinho administrativo, os segredos agrícolas nunca constituíram para ela obstáculos invencíveis. Além do que possuía fazenda de criação.”
            Segundo Isoldi (1998), “No Brasil, o tronco dessa família foi o Guarda Mor José Joaquim Nogueira de Magalhães e sua mulher Ana Moreira de Carvalho”. Eu sou descendente deste ramo, sendo o Guarda Mor meu pentavô.
            José Joaquim Nogueira de Magalhães nasceu na Freguesia de Santo André de Via Boa de Quires, Comarca de Penafiel, Bispado do Porto, filho de João Nogueira de Magalhães e Rosa Maria Luísa, neto paterno de Manuel Nogueira de Magalhães com Engrácia Ribeiro, naturais da mesma localidade, e neto materno de Manuel Ribeiro, da Freguesia de Buela e Ana Teixeira, da Freguesia de Quires. Casou com Ana Moreira de Carvalho, da Família Mendonça Coelho, em 29 de novembro de 1797, em Jacuí, na fazenda de seu sogro Antônio Soares Coelho (ISOLDI, 1998)
            O filho mais velho do Capitão Mor foi Pedro de Alcântara Magalhães. Casado com Francisca de Oliveira Machado, filha de Anastácio José de Oliveira e Ana Custódia de Araújo (da descendência do Capitão Frutuoso Machado Tavares da Silva). Eu sou descendente de outro filho do Capitão Mor, ou seja, ele é meu ancestral.
            Teria fundado Muzambinho em 1852 e erguido uma capela em 1857. Foi proprietário de metade da Fazenda São Pedro, parte da Fazenda Muzambo, e terras na localidade Cachoeira (herdada de sua sogra).

INVENTÁRIO

            Em seu inventário após o falecimento de sua esposa, de 18 de outubro de 1869, em Cabo Verde, segundo Isoldi (1998) possuía:
> Fazenda Campestre, no Ribeirão Muzambinho, com moinho, morada de casas, paiol, rego d’água, monjolo, arvoredos, pastos, cercas, valos
> Parte de terras na Fazenda da Conceição, que herdou de seu sogro
> Metade da Fazenda Muzambinho, em sociedade com os Alves
> 7,5 alqueires de terras anexas ao patrimônio de São José da Boa Vista, com 128 braças em valos
> Parte de uma casa em Muzambinho, doada a Francisco Teodoro Soares
> Bens moveis em prata, cobre e ferro
> Semoventes
> 8 escravos.
            No inventário para sua esposa, de 8 de outubro de 1877, tinha:
> A Fazenda Campestre com casa, moinho, paiol e monjolo
> Terras na Laje e nos Alves
> Casa em Muzambinho e terreno com 105 palmos de frente.
            Teve 13 filhos e deixou muitos descendentes, inclusive um futuro presidente da república, Carlos Coimbra da Luz.
            Faleceu de “defluxo asmático” aos 78 anos de idade em 18 de fevereiro de 1877, em Muzambinho. Foi enterrado na matriz da cidade, com um hábito preto, pelo vigário Antônio Camilo Esaú dos Santos. (ISOLDI, 1998)

ALGUNS DESCENDENTES DE PEDRO DE ALCÂNTARA MAGALHÃES
(Há alguns políticos e personalidades cuja descendência não encontra fundamentação, só suspeitas, não citamos)

Alcione Magalhães Romano – ex-secretária municipal de educação – tetraneta


Altamiro Magalhães – Fonte: “O Muzambinho”

Altamiro Magalhães – vereador – trisneto
Américo Brasiliense Antunes de Moura – advogado, filósofo, historiador, genealogista, professor[1], colunista do jornal “O Estado de São Paulo” – trisneto
Bebeto Alves – músico de MPB, pai de Mel Lisboa – tetraneto afim
Cap. Francisco Cândido Machado – importante fazendeiro – neto
Carlos Prado Coimbra – vereador – tetraneto
Cel. Aristides Coimbra – deputado – bisneto
Cel. Augusto Luz – deputado estadual – trisneto
Cel. Camilo Coimbra – bisneto
Cel. Cesário Coimbra – político e presidente da Câmara de Muzambinho – neto por afinidade
Cel. João Januário de Magalhães – bisneto afim (também era sobrinho)
Cel. Lindolfo Coimbra – bisneto
Comendador Antônio Carlos Coimbra – neto afim
Des. Américo Luz – ministro do TSE – tetraneto
Des. Hugo Bengtsson Júnior – ex-presidente do TJMG – pentaneto


Desembargador Hugo Bengtsson Jr. Foto do TJMG

Des. Leowigildo Leal da Paixão – ministro do TJ – trisneto afim
Dom Justino Luz Paolielo – prior do mosteiro de São Bento – tetraneto
Dr. Alberto Luz – magistrado – bisneto afim
Dr. Américo Luz – deputado federal constituinte e político influente – bisneto afim
Dr. Arlindo Luz – engenheiro civil – bisneto afim
Dr. Armando Coimbra – bisneto


Carlos Luz – Foto: Presidência da República

Dr. Carlos Coimbra da Luz – presidente da República – trisneto
Dr. Cesário Coimbra[2] – nome de escola em Araras e presidente do IBC – trisneto
Dr. Cesário Coimbra – presidente do Banco Cacique – tetraneto
Dr. Joaquim Miranda de Luna Couto – poeta e magistrado – trisneto por afinidade
Dr. Luís Paolielo – fundador do Lyceu – bisneto
Dr. Rodolfo Coimbra – herdeiro do Barão de Arari – bisneto
Fabio de Oliveira Coimbra – trisneto
Fernando Coimbra – embaixador na ONU – pentaneto
Francisco Antônio Paolielo – fundador do Centro Cultural Ítalo Brasileiro – bisneto
Gastão Coimbra Neto – diplomata – pentaneto


Gastão Coimbra – Fonte: Arquivo Público Mineiro

Gastão de Oliveira Coimbra – deputado – trisneto
Heloísa de Pádua Magalhães – diretora da EE Cesário Coimbra - tetraneta
Hugo Heraldo Magalhães – vereador – tetraneto
Ismael de Oliveira Coimbra – trisneto
Leda Collor de Mello – irmã do ex-presidente Fernando Collor de Mello – tetraneta afim
Leonardo Carneiro Luz – músico do Conservatório Universitário de Barcelona – tetraneto
Marco Antônio Coimbra – diretor do instituto Vox Popoli – pentaneto
Marcos Antônio de Salvo Coimbra – diplomata e assessor da presidência da república no governo Collor – tetraneto
Maria Antonieta Coimbra Campedelli – diretora do Colégio Salatiel de Almeida e presidente da Câmara – tetraneta
Maria Antonieta Coimbra da Silva Costa – fundadora do Colégio Kemper – trisneta


Mel Lisboa – Fonte: site IG


Mel Lisboa – artista da Globo – pentaneta
Racine Magalhães – genealogista – trisneto
Roberto Salvo Coimbra – diplomata – tetraneto

Nomes a serem investigados

Cesário Coimbra – deputado do MDB do Maranhão
Antônio Máximo Ribeiro da Luz – autor de livros didáticos de Física com Beatriz Alvarenga


NOTAS
[1] Américo de Moura foi bacharel em direito pelo Largo São Francisco, professor de português das duas escolas mais importantes do estado de São Paulo: Escola Normal da Praça da República (Caetano de Campos) e Ginásio de Campinas (Culto à Ciência), entre outras escolas. Foi professor da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de São Bento, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, da Academia Paulista de Letras e da Sociedade Paulista de Escritores.
[2] Tal informação é interessante: Os acontecimentos se precipitavam. Em 23 de maio de 1932, foi lançado em São Paulo um boletim assinado pela FUP e pela Liga Paulista Pró-Constituinte, redigido na noite anterior na sede de O Estado de S. Paulo por Júlio de Mesquita Filho, Antônio Carlos de Abreu Sodré e Cesário Coimbra. O documento exortava a população a repelir "a indébita e injuriosa intromissão na sua vida política daqueles que estão conduzindo São Paulo e o Brasil à ruína total e à desonra". Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br/dhbb/verbetes_htm/5860_3.asp. Acessado em jul. 2007. Texto sobre a participação do Dr. Cesário Coimbra na Revolução de 1932 no CPDOC: http://www.cpdoc.fgv.br/dhbb/verbetes_htm/6366_3.asp  Foi feito reunião em sua casa e assim eclodiu a revolução: “No mesmo dia em que Pedro de Toledo enviou Lino Moreira ao Rio de Janeiro para tentar estabelecer negociações com Getúlio Vargas, o comitê revolucionário, criado pelo Partido Democrático, reunido na casa de Cesário Coimbra, marcou a eclosão da revolução para o dia 20 de julho e firmou a direção militar do movimento. (...)Logo após a reunião em casa de Cesário Coimbra, a ocorrência de novos fatos viria a precipitar os acontecimentos.”