LYCURGO LEITE (pai)

Lycurgo Leite nasceu em Pouso Alegre em 28 de setembro de 1877. Concluiu a Faculdade de Direito de São Paulo em 1898, e foi promotor em Carmo do Rio Claro no início de sua carreira. Mudou-se para Muzambinho em 1903, onde ficou até sua morte.
            Casado com D. Orminda Pinheiro, Lycurgo Leite foi professor do Lyceu, vereador, o primeiro prefeito de Muzambinho (em 1930), mas logo se afastou por motivos de saúde, dando lugar a Heleodoro Mariano de Almeida, e depois a dr. José Januário de Magalhães, seus herdeiros políticos.
            Foi eleito como deputado federal constituinte em 1933. Elaborou a carta magna de 1934 ao lado do presidente Antônio Carlos, seu amigo, a qual se manteve fiel até sua morte. Nesta época esteve junto com outro aliado de Antônio Carlos, o futuro presidente da república Juscelino Kubitschek de Oliveira.
            Em 1936 foi eleito presidente da Câmara de Muzambinho, mas logo morreu, deixando como seu sucessor, agora, Antônio Magalhães Alves como presidente da Câmara.
            Desempenhou papel importante nas revoluções de 1930 e 1932, ao lado de Getúlio nas duas. Não era golpista e não gostava do golpismo, tanto que em 1937 o seu grupo (a exceção de José Januário e alguns outros) ficaram do lado oposto de Getúlio (mas ainda junto com Antônio Carlos).
            Entre suas grandes obras está a criação da Santa Casa de Misericórdia de Muzambinho, sendo um dos provedores, tendo o marco inicial 28/03/1926. Foi um dos criadores da Santa Casa junto com Matias Silva, Frei Florentino e muitos outros (inclusive Salathiel de Almeida).
Residência do dr. Lycurgo Leite, hoje, Casa da Cultura (fotos do acervo do Museu Municipal Francisco Leonardo Cerávolo)

            Foi autor de Código Civil anotado. Sua morte foi a morte mais celebrada que Muzambinho já viu. Recebeu cartas de quase todos os políticos importantes da região e do estado. Sua emblemática morte foi fundamental na configuração política de Muzambinho, e, por isso, deixaremos para falar dela mais em frente.
            Entre seus familiares ele tem seu irmão Aureliano Leite, deputado por São Paulo, um dos líderes da revolução constitucionalista de 1932. E seus filhos Mariana Leite (“pedagogista”), Mário Leite (“autor de “Do Brasil ao Paraguai”, construção da estrada de ferro Brasil-Bolívia”), Luiz Leite e Licurgo Leite Filho.


            Luiz Leite, filho do dr. Lycurgo, conhecido como “dr. Lulu” foi uma das pessoas mais importantes da política em Muzambinho, tendo sido durante muito tempo presidente da Câmara de Muzambinho. Eu cheguei a vê-lo algumas vezes. Ele morreu em 1995, já não morando mais em Muzambinho. Vendeu, por R$ 1,00, a antiga mansão do dr. Lycurgo seu pai para que lá fosse montada, na gestão do prefeito José Ubaldo de Almeida, a Casa da Cultura Licurgo Leite, até hoje lá, na esquina da Av. Dr. Licurgo Leite e da Rua Tiradentes.
            Licurgo Leite Filho foi várias vezes deputado estadual e federal de Muzambinho, a partir da 4ª república pela UDN. Foi um herdeiro político do pai e também deputado federal constitucionalista (em 1946). Não conduzia o grupo tucano da mesma forma que o pai, talvez por estar ofuscado por nomes ilustres e bem mais velhos que ele, como Salathiel de Almeida e  Magalhães Alves. Além do mais: ele não era professor do Ginásio.
            A política de Licurgo Leite Filho mais recente rendeu-lhe acusações conspiradoras por grupos marxistas, onde ele é referido como latifundiário por defender latifundiários assassinos[1].
            Licurgo Leite Filho pertence a uma política de outras épocas (tendo sido importante nas décadas de 40, 50 e 60). Na história que enfocamos o seu pai é personagem fundamental. Seu pai, apesar de ter sido deputado constituinte pelo PRM, de ser amigo pessoal de Antônio Carlos, respeitado por Valladares e Armando de Salles Oliveira, não teve o destaque nacional do filho. Talvez pelo tempo de cadeira no parlamento.
            Lycurgo Leite, pai, é nome de uma avenida no centro de Muzambinho, da Escola Municipal do distrito da Juréia (antiga Tuyuty) em Monte Belo, e da Escola Agrotécnica Federal de Uberlândia.

A MORTE

Oito páginas da edição de 01/11/1936 do jornal local anunciavam a morte do dr. Lycurgo Leite. Mais que ex-prefeito, ex-deputado e presidente da Câmara, ele era “Nosso Estimado Chefe”, como diziam os tucanos.
            O jornal, com 8 páginas dedicadas ao chefe tucano, foram redigidas e assinadas por Ari de Almeida, filho do prof. Salatiel.
            Veja alguns trechos:  

Dr. Lycurgo Leite – Sua Sentida Morte – Os funerais – Manifestações de pesar – Outros notas
“Adepto fervoroso do Chefe do Governo Provisório, combateu com denodo e sem titubeios, a aprovação, sem exame, de seus atos e de suas contas.”
“Corajoso, Lycurgo Leite não exitou de cumprir desassombradamente seu dever de cidadão mesmo quando a ameaça da morte, pesando sobre sua cabeça, pretendia obter seu silêncio. O mesmo destemor o acompanhou na vida pública. Em 1930 e 1932, levou sua assistência muitas vezes sob intensa metralha a todas as frentes de lutas.”
“Bom e compassivo, era o patrono de todos os infelizes que o álcool e a miséria arrastavam ao banco dos réus ou às grades do cárcere.” (O Muzambinhense – 01/11/1936)
                Ele estava incondicionalmente ao lado de Getúlio Vargas diz o jornal. Na realidade estava incondicionalmente ao lado de Antônio Carlos, a história mostrou isso.
            Seu funeral recebeu milhares de cartas, vinda de mais de 100 localidades. Dezenas de discursos foram realizados com centenas de participantes.

            Recebeu manifestações por carta do governador Benedito Valladares[2], do secretário do interior José Maria de Alkimin, do secretário de educação Cristiano Machado, do governador de São Paulo Armando de Sales Oliveira, do presidente do senado Cunha Melo, do ministro Gustavo Capanema, do presidente da Câmara Federal Antônio Carlos, de inúmeros desembargadores, secretários estaduais, deputados estaduais e federais e senadores (incluindo Pedro Aleixo, Delfim Moreira, Bias Fortes, Noraldino de Lima).
Antônio Carlos: “Meus sinceros pêsames pelo falecimento do prezado amigo Dr. Lycurgo Leite”
Capanema (Ministro da Educação): “Minhas sinceras condolências pelo falecimento Dr. Lycurgo Leite de cujo grato convívio me recordo com saudade.”
Francisco Campos (Secretário de Educação do Distrito Federal): “Peço-vos aceiteis expressão do meu grande pesar”
Cristiano Machado (Secretário de Educação): “Meu sentido abraço pelo falecimento nosso querido Lycurgo”
Alkimin (Secretário do Interior): “Queira receber as expressões do meu profundo pesar pelo desaparecimento Dr. Lycurgo, tornando-as extensivas a toda família”
Raul Sá (Secretário de Viação): “Meus sentimentos de profundo pezar falecimento querido amigo dr. Lycurgo Leite”
Benedito Valladares: “Em nome do povo mineiro e em meu próprio nome apresento a V. Excia e exma família expressão sentido prezar”.

            O jornal faz uma breve biografia do chefe tucano:
Foi constituinte de 34. Nasceu em Pouso Alegre aos 28/08/1877, filho de João Monteiro de Meirelles Leite e D. Maria de Almeida Leite. Casado com D. Orminda Pinheiro Leite, de Ouro Fino.
Estudou humanidades no Ginásio Paulista e depois no Colégio Arquideocesano. Faculdade de Direto de São Paulo, concluída em março de 1898
Promotor de Carmo do Rio Claro. Foi em 1903 para Muzambinho. Foi prefeito de Muzambinho em 1930. Escreveu em vários jornais do estado. Foi autor do “Código Civil Anotado”, participou “Campanha Civilista” no Sul de Minas, ao lado de Rui Barbosa.
Participou da Aliança Liberal em oposição à Júlio Prestas, participou da revolução de 1930 e 1932.
Na revolução de 1932 (movimento constitucionalista de São Paulo), muito embora estar sua excia ligado à terra bandeirante por interesses comerciais e laços de amizade, a frente das forças paulistas, estava o seu irmão, Dr. Aureliano Leite, ficou solidário com o governo do seu estado (presidente Olegário Maciel), prestando o seu valioso concurso, guarnecendo as fronteiras do seu município, contra a invasão das forças revolucionárias
Teve forte atuação na OAB e Assembléia Nacional Constituinte (O Muzambinhense – 01/11/1936)

            O prefeito dr. José Januário decretou feriado por 3 dias e luto oficial por 7 dias e mandou encerrar o expediente da secretaria e departamentos. O reitor do Ginásio mandou hastear a bandeira e suspendeu 3 dias as aulas e nomeou uma comissão de professores (Nestor Lacerda, Amando Amâncio da Silveira, Mozart Correa, Antônio Milhão e José Ary de Almeida) para representar nos funerais a congregação. Além disso, fez um discurso de pesar (com conotação política), pediu a presença do corpo docente no funeral e missa do 7º dia e marcha fúnebre executada pelo prof. Maestro Mozart Correa. A Escola Normal suspendeu as aulas por 3 dias e pediu aos professores para comparecer no sepultamento e missa do 7º dia, além de discurso de Pedro Saturnino e lista “Culto da Saudade” no valor de 50$000 destinado à Santa Casa de Misericórdia. O Grupo Escolar decretou suspensão de aulas por 3 dias e hasteamento da bandeira. Houve homenagens também do Clube Muzambinho e Cine Teatro. Além de discursos do juiz Pedro Licínio de Miranda Barbosa, Salathiel de Almeida, dr. Antônio Magalhães Alves, promotor dr. Lafayette Navarro, clínico de Guaxupé dr. Jeremias Zerbini, e o líder da “esquerda de Guaxupé[3] dr. André Cortez Granero.

Foram feitos discursos em sua homenagem nas Assembléias Legislativas de Minas Gerais (Manoel Rodrigues) e de São Paulo (Cardoso de Melo Netto), na Câmara Federal (Polycarpo Viotti) e no Senado (segundo requerimento de Valdomiro Magalhães e Ribeiro Junqueira).
O discurso de Salathiel:
O Ginásio Mineiro de Muzambinho, de quem foste patrono e benfeitor, vem, pela voz de seu diretor, exprimir, a funda mágoa que se oprime, neste instante de angústia e de saudade.
           Desempenhada a comissão oficial com que me honrou a congregação do Ginásio, quero reafirmar-vos, meu caro amigo, nesta hora suprema, a minha admiração, a minha solidariedade e a minha gratidão, assegurando-vos neste último e triste adeus, que vossa memória viverá perenemente no meu afeto e na minha alma, num culto imperecível de veneração. (O Muzambinhense – 01/11/1936)

            Praticamente todas as edições seguintes do jornal prestam homenagens ao herói morto. Fortes homenagens.

            Acho interessante as considerações biográficas feitas por Vonzico do chefe tucano:
Dr. Licurgo Leite, nasceu em Pouso Alegre aos 28 de setembro de 1877, mudou para Carmo do Rio Claro, e em 1904 para Muzambinho, advogado de renome, tinha como pais João Monteiro de Meireles Leite e D. Maria de Almeida Meireles Leite, de família tradicional, sua ascendência ia até Ramalho e Tibiriçá por parte de Amador Bueno. Aos 21 anos formou-se advogado pela Faculdade de Direito de São Paulo, trabalhando enquanto aluno deste curso no Correio e como professor. Estadualizou o Liceu, foi um dos fundadores e provedor da Santa Casa, diretor do Banco da Lavoura do Comércio, participou da “Aliança Liberal” durante 1930 e 1932 junto com o Presidente Antônio Carlos – sendo seu orador por muito tempo, lhe hospedando em sua casa na suíte de visitantes, como também hospedou Dr. Aureliano Leite, irmão de Antônio Carlos. Faleceu em 22/10/1936 após uma cirurgia. (“A Folha Regional”, edição 114, Vonzico)



BIOGRAFIA DE LYCURGO LEITE ELABORADA POR JAIR SOBRINHO:


Lycurgo Leite era natural de Pouso Alegre (MG), onde nasceu em 28/09/1877. Era filho de João Monteiro de Meireles Leite e de Maria Almeida Leite. Casou-se com Orminda Pinheiro da conceituada família Pinheiro, do município de Ouro Fino (MG), com quem teve os filhos: Maria, Adélia, Aurélia, Antonio, Luiz, João e Lycurgo. Primeiramente estudou humanidades no “Ginásio Paulista” e mais tarde transferiu-se para “Colégio Arquidiocesano” onde concluiu seus estudos. Em seguida matriculou-se na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo (SP). De família pobre, enquanto duraram seus estudos foi empregado dos Correios e Telégrafos e professor público em São Paulo (SP). Aluno brilhante que era colou grau em março de 1898, ingressando de imediato no Ministério Público sendo nomeado Promotor de Justiça na cidade mineira de Carmo do Rio Claro, cargo que exerceu com inteligência, critério e muito zelo. Entre 1903/1904 mudou-se para Muzambinho e continuou exercendo seu cargo até 1930. Quando Getúlio Vargas tomou o poder em 1930 e pelo Decreto 9847 reorganizou o governo provisório dos municípios, foi o primeiro prefeito nomeado em 24/08/1930. No mesmo dia pediu licença e passou a prefeitura para o capitão Heleodoro Mariano de Almeida, reassumiu em 24/12/1930 e ficou até 02/01/1932, quando assumiu a prefeitura o Dr. José Januário de Magalhães. Lycurgo era bom e compreensivo, advogado para os menos favorecidos infelizes que o álcool e a miséria empurravam para o banco dos réus. Escreveu para vários jornais de seus estado, com iniciativas simpáticas que muito engrandeceram seu nome. Publicou vários trabalhos jurídicos, destacando-se entre eles o “Código Civil anotado”. Tomou parte na “Campanha Civilista”, cujo movimento foi encabeçado pelo Conselheiro Ruy Barbosa. Como membro da Aliança Liberal, fez inúmeros e inflamados discursos se opondo à candidatura Júlio prestes a presidente. De espírito forte e combativo, pela imprensa fez larga propaganda dos princípios liberais. Na revolução de 1930, à frente de 300 homens armados e municiados às suas expensas e de amigos, marchou até a divida do Estado de São Paulo, onde o grupo se envolveu em vários combates, contra as forças legalistas. Em 15 dias de combates ininterruptos, manteve a posse e a integridade de seu setor. Na revolução constitucionalista desencadeada por São Paulo em 1932, embora ligado à terra bandeirante por interesses comerciais e laços de amizade, ficou solidário com o governo de seu Estado (presidente Olegário Maciel). Guarneceu as fronteiras de seu município contra a invasão das forças revolucionárias. Do outro lado da colina, à frente das forças paulistas estava seu irmão Aureliano Leite. Foi membro da Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Estado de Minas Gerais, sendo presidente da subseção de Guaxupé (MG). Pertenceu ao Partido Progressista e candidatou-se a deputado Constituinte obtendo expressiva votação, mas não foi eleito. Mais tarde foi membro atuante da União Democrática Nacional. Por sua convicção política, talento e cultura era bastante acatado entre seus pares. NO começo de 1928 fez uma viagem para a Europa com a família onde ficou por seis meses. Em setembro ao regressar, no cais de Santos (SP), uma grande comitiva os esperava dando-lhes as boas vindas do povo de Muzambinho. Com a ajuda dos deputados Aristides Coimbra da Luz e Augusto Coimbra da Luz, em 07/04/1929 voltou de Belo horizonte (MG) trazendo a notícia há muito esperada pelos muzambinhenses: a transformação do Lyceu Municipal em Ginásio Estadual, ocupando as mesmas instalações. Em 1936 foi eleito presidente da Câmara Municipal de Muzambinho. Foi um dos fundadores do Clube Recreativo. Seu filho, Lycurgo Leite Filho, seu herdeiro político, elegeu-se deputado federal por duas legislaturas. Faleceu no dia 22/10/1936, na Santa Casa de Misericórdia de Muzambinho, vítima de apendicite aguda. Sua morte não só foi sentida por sua família e por muzambinhenses, mas por toda região. A família recebeu centenas de telegramas de pesar de muitas pessoas importantes, de diversas partes do país. O Bispo de Guaxupé, D. Ranulfo da Silva Faria prestou pessoalmente a última homenagem. Ao ilustre morto. Está enterrado no cemitério de Muzambinho.



BIOGRAFIA OFICIAL DO MUSEU DE MUZAMBINHO:

Nasceu no município de Pouso Alegre, estado de Minas Gerais, no dia 28 de setembro de 1877. Filho de João Monteiro de Meireles Leite e D. Maria de Almeida Leite. Casou-se com Dona Orminda Pinheiro Leite, pertencente à conceituada família Pinheiro, do município mineiro de Ouro Fino.
                   Estudou humanidades no “Ginásio Paulista”, transferindo-se mais tarde para o Colégio Arquidiocesano, onde concluiu seus estudos.
                   Matriculou-se, então, na Faculdade de Direito de São Paulo, colando grau em março de 1898, após um curso brilhante. Ingressando desde logo na magistratura, foi nomeado Promotor de Justiça de Carmo do Rio Claro, Estado de Minas Gerais, cargo que exerceu com zelo, inteligência e critério.
                   Em 1903, transferiu sua residência para Muzambinho, cargo que exerceu durante o ano de 1930 deixou bem evidenciado o seu operoso descortino administrativo.
                   Escreveu em vários jornais do seu Estado, tomando pela imprensa várias iniciativas simpáticas que muito aumentaram a auréola de seu nome. Tem vários trabalhos jurídicos destacando-se entre eles o “Código Civil Anotado”.
                   Tomou parte na “Campanha da Civilista” no Sul de Minas, movimento de civismo chefiado pelo Conselheiro Ruy Barbosa. O Dr. Lycurgo Leite, espírito forte e de combate tomou parte saliente na campanha da “Aliança Liberal” fazendo comícios, inúmeros e inflamados discurso em oposição à candidatura Júlio Prestes. Pela imprensa, com a sua pena energética fez larga propaganda dos princípios liberais. Na revolução de 1930, colocou-se à frente de trezentos civis, verdadeiros bravos, municiados às expensas suas e de amigos, marchando até a divisa do Estado de São Paulo, onde se envolveram em vários combates enfrentando com denodado heroísmo as forças legalistas.
                   Durante quinze dias de fogo consecutivo, manteve a integridade de seu setor. Na revolução de 1932 (movimento constitucionalista de São Paulo), muito embora ser ligado à terra bandeirante, por interesses comerciais e laços de amizades (à frente das forças paulistas) estava o seu irmão, Dr. (Aureliano Leite), ficou solidário com o governo do seu Estado (Presidente Olegário Maciel) prestando o seu valioso concurso, guarnecendo as fronteiras de seu município, contra a invasão das forças revolucionárias.
                   O Dr. Lycurgo Leite foi membro da Ordem dos Advogados do Brasil, na seção do Estado de Minas Gerais, sendo presidente da sub-seção de Guaxupé.
         Pertencia ao Partido Progressista, tendo sido indicado à Assembléia Nacional Constituinte pela chapa desse partido, obtendo pleito de maio de 1933, expressiva votação. Lycurgo Leite, é bastante acatado entre os seus pares, pelo seu talento, cultura e convicções políticas.
         Seus filhos: Maria Antonieta; Adélia Leite Coelho; D. Aurélia Leite Cesarino; Antônio Leite; Dr. Luiz Leite; Dr. João Leite Sobrinho e Dr Lycurgo Leite Filho.

Faleceu no dia 22 de Outubro de 1936, na Santa Casa de Misericórdia de Muzambinho, vítima de apendicite aguda. Sua Morte foi sentida por todo povo Muzambinhence e muitas regiões. Onde a família recebeu telegramas de pesar de muitas pessoas importantes.


[1] http://www.rebelion.org/noticia.php?id=7950, acessado em janeiro de 2006.
[2] Valladares se tornou interventor federal em Minas Gerais durante o governo provisório de Getúlio Vargas. Após o falecimento do presidente de Minas Gerais, Olegário Maciel (que foi o único presidente de estado eleito que foi mantido por Vargas após a revolução de 1930, apesar de várias tentativas de grupos para deposição de Olegário, ele se manteve na função até sua morte), Gustavo Capanema assumiu o governo, ficando alguns meses como interventor (agora, todos os governantes eram interventores, e nenhum deles presidente) e logo substituído pelo deputado Valladares. Foi um motivo de escárnio a indicação, visto que Valladares era visto como dotado de pouca inteligência, inexpressivo e atrapalhado, sendo pouco indicado ao cargo. Ficou onze anos na frente do governo do estado. Após a promulgação da constituição foi nomeado Governador de Minas Gerais, onde ficou por quase 3 anos. Após a instauração do Estado Novo, virou delegado da ditadura no estado. Sua megalomania chegou ao ponto de dar o nome à recém criada cidade de Figueira, no Vale do Rio Doce, com o seu próprio nome em 1938. O nome da cidade, Governador Valadares, já indicava algo que ele já não era mais e foi pouco tempo: governador. Ele era agora um agente da ditadura.
[3] Esquerda de Guaxupé era o nome de um grupo liderado pelo Dr. André Cortez Granero, mas o grupo aparentemente não era comunista, marxista ou socialista. O termo “esquerda” não era utilizado na acepção atual. O Dr. André é o patrono de uma importante escola pública de Guaxupé, onde funcionou um ginásio polivalente.