ELEIÇÕES 1912-1915

365 DIAS DE HISTÓRIA DE MUZAMBINHO
Terça-feira, 7/1/2015
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EDIÇÃO 7

Anais eleitorais: 1912-1915
Otávio Luciano Camargo Sales de Magalhães

AS ELEIÇÕES NA REPÚBLICA VELHA

            As eleições brasileiras sofreram tantas mudanças, que é difícil contar num pequeno artigo como esses. Para se ter algumas idéias, vou explicar de forma bem resumida:
- Os analfabetos foram proibidos de votar em 1881 com a Lei Saraiva, e só puderam voltar a votar em 1995.
- Até 1930 não era preciso registrar candidatura. Bastava a pessoa ser citada na urna que o voto era computado, ainda contra a vontade da pessoa.
- Até 1964 a votação para prefeito/vice, governador/vice, presidente/vice era feita em votações separadas, podendo ser eleitos pessoas de partidos diferentes. O vice-presidente da República também era presidente do Senado.
- Durante muito tempo era permitido o voto a descoberto, onde o eleitor recebia um documento assinado declarando em quem ele votou.
- Até 1955 o eleitor levava o seu voto em uma cédula que ele recebia anteriormente do candidato, ou ainda, levava seus votos anotados em um papel, que poderia ser impresso, mimeografado ou escrito à mão ou máquina, com quem ele desejaria votar. Em geral não existia cédulas feitas pelas juntas de votação.
- Até 1947 era permitida a candidatura avulsa, sem partidos.
- Até 1930 quase todas eleições eram com lista completa, ou seja, você votava para 11 senadores, 4 deputados, 11 vereadores, etc.
- Diferente do que se pensa o voto censitário (voto com exigência de renda mínima) foi abolido em 1891, ou seja, poderiam votar todos os homens alfabetizados, com exceção de mendigos, praças de pé, alguns religiosos, etc.
- As mulheres só puderam votar a partir de 1930.

            É importante, durante a leitura, entender QUATRO coisas, essenciais:

SENADO ESTADUAL – existia um Senado Mineiro, que ficava em Belo Horizonte. Cada estado poderia ter uma ou duas casas legislativas, e os nomes variavam, entre Congresso Estadual, Assembléia Legislativa, Congresso Legislativo, Câmara Estadual, etc.... Em Minas Gerais, São Paulo e alguns outros estados o sistema era bicameral, havendo um Senado Estadual e uma Câmara dos Deputados Estadual. O Senado Mineiro durou de 1891 a 1930, e teve em suas fileiras Júlio Tavares, representando Muzambinho. Na mesma época havia também o Senado Federal, portanto, eleições para senado federal e senado estadual.
ELEIÇÕES FEDERAIS – as eleições para presidente e vice da república, senador federal e deputado federal era feitas de forma padronizada, portanto, não havia registros de atas em Muzambinho. Ou seja, temos apenas os resultados de votações estaduais e municipais.
VOTO DISTRITAL – a eleição para DEPUTADOS ESTADUAIS era feita no sistema de voto distrital, ou seja, o estado era dividido em CIRCUNSCRIÇÕES eleitorais, onde eram eleitos 1, 3, 4, 7 deputados em cada, dependendo da época. Muzambinho foi por muito tempo sede da 7ª Circunscrição Eleitoral, a partir da eleição de 9 de março de 1919. Nessa época a cidade contabilizou votos de 14 comarcas em 47 sessões eleitorais, sendo Muzambinho a sede de Abaeté, Arceburgo, Bambuí, Carmo do Parnaíba, Dores do Indaiá, Guaxupé, Guaranésia, Jacuí, Monte Santo, Muzambinho, Passos, Piumhy, Patos, S. Sebastião do Paraíso, S. Gotardo, Santa Rita de Cássia e Nova Resende (região estranha, mas é o que consta na ata). Nessa eleição foram eleitos 4 deputados, declarados eleitos pelo juiz e promotor de Muzambinho, e presidente da Câmara, Aristides Coimbra, sendo os primeiros deputados eleitos Mário Ferreira de Azevedo, Francisco de Oliveira Lusa, Adélio Maciel, Francisco Luiz Silva, residentes em Santa Rita de Cássia, Guaxupé, Patos e Belo Horizonte respectivamente. Foi quando a sede era em Muzambinho que Aristides Coimbra, ao mesmo tempo candidato e membro (!) da junta apuradora foi declarado eleito deputado estadual.
JUIZ DE PAZ – hoje o nome que damos “distrito” era chamado de “distrito de paz”. E o que era um distrito? Era um território geográfico contíguo, pertencente a um município, com uma região urbana. Essa região urbana se chamava freguesia se fosse sede de distrito, vila se fosse sede de município e cidade se fosse sede de comarca. A administração das vilas era feita pelo Presidente da Câmara, poder executivo e legislativo, ou por um Agente Executivo por ele nomeado (em Muzambinho sempre foi o presidente mesmo), sendo o poder judiciário das vilas feito por um juiz municipal. Os juízes das comarcas eram chamados de juízes de Direito, pois, eram os únicos obrigatoriamente bacharéis. Os juízes municipais não precisavam ser formados, mas apenas ter provas de suficiência. Já nos distritos, a administração era descentralizada, havendo na cidade um fiscal, um coletor de impostos, a serviço da Câmara Municipal, e, um juiz de paz, uma espécie de ‘xerife’ que tinha como função mediar conflitos, resolver questões administrativas (transporte, recebimento de correios, requisição de obras públicas), fazer reuniões comunitárias, dar fé pública em documentos, autorizar construções, e, fazer casamentos. Hoje pensamos que o juiz de paz faz apenas casamento, mas, na realidade, ele era o chefe do distrito (de paz), INCLUSIVE do distrito sede da cidade (todo município tem um distrito sede – exceto São Paulo capital – com área rural e urbana).





Termo de Abertura – feito por Álvaro Gonçalves Milhão, presidente da junta apuradora, em 20 de abril de 1912. 50 folhas numeradas e rubricadas.


ELEIÇÃO MUNICIPAL – 31.3.1912

Apuração, 20 de abril, meio dia, presentes:
- Tibúrcio Valeriano de Almeida, juiz de paz em exercício
- Álvaro Gonçalves Milhão, presidente da 1ª secção eleitoral
- Valério Lacerda, presidente da 6ª secão eleitoral
- Aristides Cecílio de Assis Coimbra
- Francisco Navarro de Moraes Salles
- Salathiel Ramos de Almeida, mesários suplentes para a apuração

Eleição para presidente da junta, feito por Tibúrcio Valeriano de Almeida, sendo 5 votos para Álvaro Gonçalves Milhão e 1 votos para Valério Lacerda. Para secretário da junta: 5 votos para Aristides Cecílio de Assis Coimbra e 1 voto para Francisco Navarro de Moraes Sales.

Foram remetidos à junta 9 ofícios fechados, sem sinais de violação e autênticos, sendo 6 do distrito da cidade, 2 do distrito de Monte Bello e 1 do distrito de Barra Mansa.

“O presidente declarando que ia dar-se princípio à apuração, designou o mesário Tibúrcio Valeriano de Almeida para ler as autênticas e dividiu as letras do alfabeto pelos demais mesários para escreverem os nomes dos cidadãos votados. À medida que o mesário Tibúrcio Valeriano de Almeida lia as autênticas, cada um dos outros ia escrevendo os nomes lidos, em relação separados e o número de votos por algarismos sucessivos de numeração natural, de modo que, o último número indicava o total de votos obtidos, que era anunciado em alta voz. Terminado a leitura das autênticas e reunidas as relações parciais, organizou o secretário a relação dos cidadãos votos e publicou-a em alta voz.”

VEREADORES GERAIS
Augusto Gomes Ribeiro da Luz, 366 votos.
Francisco Navarro de Moraes Salles, 359 votos.
José Luiz de Figueiredo Júnior, 347 votos.
Álvaro Gonçalves Milhão, 344 votos.
João Cândido de Magalhães, 329 votos.
Heleodoro Mariano de Almeida, 327 votos.
Nicolau Campedelli, 298 votos.
José Pinto Garcia, 280 votos.
Armando Carlos Coimbra, 142 votos.
Benjamim Rondinelli, 141 votos.
João Baptista Gomes de Azevedo, 138 votos.
João Antônio Vieira, 134 votos.
Cândido de Souza Vasconcellos, 133 votos.
Francisco Rimoli, 131 votos.
Miguel Amore, 131 votos.
Hippolyto Esaú dos Santos, 131 votos.
Próspero Paoliello, 51 votos.
Carlos Cabral, 48 votos.
Camilo Cecílio de Assis Coimbra, 37 votos.
Ananias Bueno de Azeredo, 37 votos.
Salathiel Ramos de Almeida, 3 votos.
Camillo Paolielo, 34 votos.
Dr. Fernando Avelino Corrêa, 23 votos.

VEREADORES ESPECIAIS – CIDADE
Carlos Miguel do Prado, 291 votos
Olegário Dias de Souza, 200 votos

VEREADORES ESPECIAIS – MONTE BELLO
Manoel Leite da Silva – 83 votos
João Evangelista dos Anjos – 1 voto

VEREADORES ESPECIAIS – BARRA MANSA
Octaviano Bardy – 98 votos

JUÍZES DE PAZ – CIDADE
Valério Lacerda – 262 votos
Custódio Cândido de Vasconcellos – 187 votos
Vicente Rondinelli – 178 votos.
Luiz Carlos Nery – 125 votos
Antônio Bernardino Ferreira – 109 votos
José de Oliveira Poli – 98 votos
Luiz Antônio da Silva – 5 votos
José Mozartti – 5 votos.

JUÍZES DE PAZ – MONTE BELLO
Valentim de Podestá – 84 votos
José João Bondança – 39 votos
João Evangelista dos Anjos Júnior – 25 votos
Joaquim Caetano de Faria – 5 votos
José Martins Bento – 3 votos
José Antônio Ferreira  - 1 voto

JUÍZES DE PAZ – BARRA MANSA
Francisco Herculano de Rezende – 48 votos
Joaquim José Marques – 46 votos
Antônio Cândido Ribeiro de Assis – 32 votos
Eloy José da Rocha – 30 votos
Quintiliano Alves de Araújo – 21 votos

José Pedro Ferreira – 19 votos.


ELEIÇÃO MUNICIPAL – 15.6.1913

Eleição para dois vereadores gerais.

Apuração, 5 de julho, 12 horas, presentes na Câmara Municipal:
- Cel. Valério Lacerda, primeiro juiz de paz do distrito da cidade
- Vicente Rondinelli, 3º juiz de paz do mesmo distrito
- José Poli, membro da mesa eleitoral da 1ª secção
- Cel. João Januário de Magalhães, presidente da mesa eleitoral da 3ª seção
- Faltando: Custódio Cândido Vasconcellos, 2º juiz de paz
- Faltando: demais presidentes das mesas eleitorais das outras secções

Presidência de Valério Lacerda, eleição de secretário, eleito José Pli.

Eleições de 15 de junho p. p. (próximo passado).

João Januário nomeado para leitura das autênticas (9).

Remete ao Decreto 3331, de 2 de outubro de 1911.

VEREADORES GERAIS
Cel. Candido de Souza Vasconcellos – 756 votos
Cel. Aristides Cecílio de Assis Coimbra – 755 votos
Cel. Augusto Gomes Ribeiro da Luz – 4 votos
Joaquim Caetano de Faria – 2 votos
Cel. João Evangelista dos Anjos – 1 voto.





ELEIÇÃO MUNICIPAL – 1º.11.1915

Apuração em 22 de novembro de 1915, meio dia, presentes na sala das secções da Câmara Municipal:
- Cel. Valério Lacerda, 1º Juiz de Paz,
- Vicente Rondinelli, 3º Juiz de Paz,
- José Poli, 3º imediato ao Juiz de Paz,
- Cel. Augusto Gomes Ribeiro da Luz, presidente da 5ª secção,
- Antônio Rodrigues de Araújo, presidente da 3ª secção,
- Comendador Antônio Carlos de Azevedo Coimbra, presidente da 4ª secção,
- Dr. José Tocqueville de Carvalho, presidente da 6ª secção,
- Dr. Salathiel Ramos de Almeida, presidente da 9ª secção.

Valério Lacerda, na presidência elegeu presidente e secretário.
Presidente: Cel. Augusto Gomes Ribeiro da Luz, 7 votos e José Tocqueville de Carvalho, 1 voto.
Secretário: José Poli, 7 votos e Antônio Rodrigues de Araújo, 1 voto.

12 ofícios fechados autênticos, 9 do distrito da cidade, 2 de Monte Bello, e 1 de S. Sebastião da Barra Mansa.

Leitura das autênticas por Valério Lacerda. (Relação)

VEREADORES GERAES
Cel. Aristides Cecílio de Assis Coimbra – 445 votos
Dr. Fernando Avelino Corrêa – 445 votos
Cel. Valério Lacerda – 445 votos
Maj. José Luiz de Figueiredo Júnior – 445 votos
Maj. Cândido de Souza Vasconcellos – 445 votos
Cap. Heleodoro Mariano de Almeida – 445 votos
Vicente Sylvio Cerávolo – 444 votos
Cap. João Custódio de Magalhães – 444 votos
Maj. Mathias Quirino da Silva – 300 votos
Saturnino Cândido Machado – 275 votos
Marcos Antônio Gaspar – 273 votos
Joaquim Esaú dos Santos Netto – 263 votos
Josué Montemurro – 247 votos
Olegário Dias de Souza – 244 votos
Miguel Amore – 244 votos
Francisco de Paula Lima – 243 votos
João Cândido Bueno – 239 votos
Antônio Bernardino Ferreira – 230 votos

VEREADORES ESPECIAIS – CIDADE
Cel. Francisco Navarro de Moraes Salles – 375 votos
Maj. Bráulio Aguiar – 200 votos

VEREADORES ESPECIAIS – MONTE BELLO
Cel. João Evangelista dos Anjos – 253 votos
Cap. Pio de Podestá – 38 votos

VEREADORES ESPECIAIS – S. SEBASTIÃO DA BARRA MANSA
Maj. Francisco Antonio de Mello – 104 votos
Cap. João Evangelista de Rezende Emygdio – 50 votos

JUÍZES DE PAZ – CIDADE
Dr. Salathiel Ramos de Almeida – 268 votos
Cap. Custódio Cândido de Vasconcellos – 237 votos
Vicente Rondinelli – 216 votos
Cap. Alfredo Januário de Magalhães – 163 votos
Domingos Poli – 143 votos
Cândido de Souza Machado – 123 votos

JUÍZES DE PAZ – MONTE BELLO
Pharmaceutico Valentim de Podestá – 182 votos
Cap. João Evangelista dos Anjos Júnior – 153 votos
Cap. Sotero José Rodrigues – 123 votos
Cândido Pereira da Silva – 84 votos
Antônio José Ferreira – 19 votos
José Martins Bastos – 15 votos

JUÍZES DE PAZ – S. SEBASTIÃO DA BARRA MANSA
Cap. Joaquim José Marques – 85 votos
Cap. Ivo Antônio Marques – 82 votos
Antônio Cândido Ribeiro de Assis – 56 votos
Cap. Quintiliano Alves de Araújo – 48 votos
Cap. Eloy José da Rocha – 23 votos
Cap. José Barbosa de Oliveira – 13 votos.





ELEIÇÕES MUNICIPAIS E ESTADUAIS – 18.11.1916

Apuração, 18 de novembro, meio dia, presentes:
Salatiel Ramos Almeida, 1º juiz de paz,
Custódio Cândido de Vasconcellos, 2º juiz de paz,
Domingos Poli, 2º imediato,
Candido de Sousa Vasconcellos, presidente da 2ª sessão
Aristides Cecílio de Assis Coimbra, presidente da 3ª sessão
Antônio Carlos de Azevedo Coimbra, presidente da 4ª sessão
Rodrigo Antônio de Magalhães, presidente da 5ª sessão
Valério Lacerdo, membro da 7ª sessão

Salathiel Ramos de Almeida assume a presidência e realiza a eleição do presidente e secretário.

Presidente: Rodrigo Antônio de Magalhães, 7 votos, Cândido de Souza Vasconcellos, 1 voto.

Secretário: Valério Lacerda, 7 votos, Aristides Cecílio de Assis Coimbra, 1 voto.

Haviam 12 autênticas, 9 do distrito da cidade, 2 de Monte Bello e 1 de São Sebastião da Barra Mansa. Salathiel designado mesário.

SENADOR ESTADUAL
Cel. Júlio Bueno Brandão – 1214 votos

DEPUTADO CIRCUMSCRIPÇÃO ESTADUAL (4ª Circunscrição)
Dr. José de Laura Soares – 1214 votos

JUIZ DE PAZ DA SEDE
Antônio José da Cunha Júnior – 698 votos

JUIZ DE PAZ MONTE BELLO
José Leite de Mendonça – 362 votos






TÍTULOS ELEITORAIS DA ÉPOCA
(Encontrados dentro do livro fotografado)