EDEM de MINAS
Joaquim Giraldi[1]
Sou Muzambinho.... Audaz, trago na
minha frente,
com pérolas de sol, um fúlgido
diadema...
um dilúvio de luz – eu tenho no
horizonte
e no meu céu azul de estrelas – um
poema!
Sou Muzambinho! Em mim, fulge e
palpite
a ânsia de subir, de galopar na
altura...
Em mim, canta o progresso e a
mocidade grita
no entusiasmo febril da glória e da
ventura!
Sou Muzambinho! Aqui, bem no meu
peito tragao
os filhos do trabalho, os pioneiros
da luta:
esses, que no meu seio, eu docemente
afago,
dando-lhes os lauréis pela batalha
bruta.
Sou Muzambinho! Além, o campo
verdejante
é meu! E essas flores e as aves
prazenteiras
e as estradas sem fim que me levam
distante,
unindo-me, num laço, às minhas
companheiras!
E o verde cafezal que em toda parte
medra...
É o tronco no valado apunhando os
céus...
E os tesouros que guardo em montanhas
de pedra...
Gado, canaviais, rios... São meus!
São meus
Sou nova Canaã! Em mim, terra
encantada,
se apertam num abraço o estudo e a
devoção...
Sou Athenas do Sul! Sou Panteon!
Pousada!
Onde a bebida – é luz... Onde o
estudar – é pão!
[1]
Joaquim Giraldi, contador, residente em Muzambinho e depois radicado em Aguaí,
autor do hino “A Marcha dos Condores” da EE Prof. Salatiel de Almeida. Texto
publicado no jornal “O Muzambinho” em 1940.