#65 Padre "Santo" Donizetti de Tambaú morou em Muzambinho

#65 Padre "Santo" Donizetti de Tambaú morou em Muzambinho
Otávio Luciano Camargo Sales de Magalhães


Foto mais célebre do Padre Donizetti Tavares de Lima

           


O Padre Donizetti é muito conhecido na região, e faz com que pessoas de diversas regiões peregrinem para Tambaú, como exemplo de devoção ao candidato a santo. Claro, a cidade de Tambaú aproveitou de seu taumaturgo para se tornar uma cidade foco de turismo religioso de consumo.
            Além disso, o Padre Donizetti fez com quem em toda nossa região muitas crianças fossem batizadas com o nome Donizetti como segundo nome, inclusive muitos personagens da história de Muzambinho.
            Mas o que me surpreende é lendo um artigo de Milton Neves eles nos conta que o Padre Donizetti chegou a residir em Muzambinho, e, pesquisando algumas fontes, acabo por concluir que sim, o religioso morou na infância em Muzambinho!
            Além disso, ele é primo em segundo grau do Cel. Francisco Navarro e sobrinho e cunhado do Cel. Oscar Ornellas, de Cabo Verde.
QUEM FOI O PADRE DONIZETTI

            Donizetti Tavares de Lima, de família de Franca nasceu em Santa Rita de Cássia, atual Cássia, em 3 de janeiro de 1882, sendo batizado em 22 de janeiro do mesmo ano, e viveu até 16 de junho de 1961, falecendo em Tambaú, cidade onde teve maior parte de sua carreira religiosa.
            Sua fama se deu nos anos 1950 por causa de vários milagres de cura que lhe são atribuídos, e ele atribuía a Maria Mãe Santíssima. O padre está em processo de beatificação desde 2 de dezembro de 1996. Também é responsável pela conversão de diversas pessoas para região católica. Recebeu o nome de Taumaturgo de Tambaú, em homenagem à cidade onde foi pároco por 35 anos. Também atuou na sede da diocese de Campinas e por 16 anos em Vargem Grande do Sul como vigário.
            Existe uma listagem de milhares de milagres alcançados pelo Padre Donizetti. O jornalista Joelmir Beting foi coroinha e aluno do Padre Donizetti.
Dia 22 de janeiro é uma data muito importante na vida do Servo de Deus Pe.Donizetti Tavares de Lima. No ano de 1882, 19 dias após seu nascimento, recebeu o sacramento do batismo na Igreja de Santa Rita de Cássia, na cidade mineira de Cássia. A cerimônia batismal foi conduzida pelo Pe.Marciano P. Fonseca. O nome "Donizetti" escolhido pelo pai foi uma homenagem ao compositor italiano Gaetano Donizetti (1797 - 1848). Vários irmãos do Pe.Donizetti também receberam nomes de músicos famosos.
           O advogado Tristão Tavares de Lima e a professora Francisca Cândida Tavares de Lima escolheram como padrinhos: João Baptista Batista de Mello e Anna Cândida de Mello e Sousa. Na certidão de batismo consta o registro no Livro nº 06, folhas 43 verso, da Paróquia de Santa Rita de Cássia.
           A missa comemorativa relembrando esta importante data foi celebrada pelo Pe.Anderson Godói de Oliveira, mps, pároco da Paróquia Santuário e vice-postulador no processo de beatificação do Servo de Deus; no Santuário Nossa Senhora Aparecida, na última quinta-feira (22), com a presença dos "afilhados e devotos do Pe.Donizetti".

            Uma referência explícita sobre sua residência em Muzambinho aparece no trabalho de pós graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora, no Programa de Pós Graduação em Ciência da Religião, sob o título “A ‘Santiago de Compostela’ brasileira: religião, turismo e consumo na peregrinação pelo Caminho da Fé”, defendida em Juiz de Fora em 2006 por Haudrey Germiniani Calvelli, disponível na rede mundial em: http://www.ufjf.br/ppcir/files/2009/05/tesehaudrey.pdf:
A cidade de Tambaú, com 22.998 habitantes, localizada a noroeste do Estado de São Paulo, é o ponto de partida do Caminho da Fé, sendo tradicionalmente conhecida pelos romeiros em virtude dos milagres atribuídos ao Padre Donizetti. O Padre Donizetti chegou em Tambaú em 12 de junho de 1926, para conduzir a Paróquia de Santo Antônio, gerando transformações significativas para a pequena cidade paulista. Atualmente, Tambaú recebe centenas de romeiros e é conhecida por sua vocação para o turismo religioso. Dessa forma, a história da projeção de Tambaú como centro de romaria está atrelada à figura do Pe. Donizetti. Assim, por meio da história de vida desse sacerdote, recuperou-se um pouco da história das romarias a Tambaú.
Donizetti Tavares de Lima nasceu em Santa Rita de Cássia (MG), no dia 3 de janeiro de 1882. Logo após o seu nascimento, seus pais transferiram a residência para Muzambinho e, em seguida, para Cabo Verde, ambas cidades mineiras, posteriormente fixando-se em Franca, no Estado de São Paulo, residência definitiva. Seu pai chamava-se Tristão Tavares, professor de música e advogado sem diploma que exercia o ofício na Comarca de Franca. A mãe do padre, Francisca Cândida Tavares de Lima, também musicista, era diplomada pelo Palácio de Ouro Preto. O casal teve 16 filhos no total, e apenas oito deles atingiram a idade adulta. Todos os filhos estudaram música desde a infância. Era grande a devoção do casal pela música, tanto que batizaram os filhos com nomes dos grandes músicos clássicos. O padre, por exemplo, recebeu o nome do músico italiano Gaetano Donizetti (1797-1848).
A formação escolar de Donizetti iniciou com o curso primário, realizado em Franca. Quando completou 12 anos, seu pai matriculou no curso preparatório do antigo Seminário Episcopal de São Paulo, onde seus conhecimentos musicais o qualificaram para o cargo de Professor de Música dos seminaristas. Assim, com o pagamento que recebia pelas aulas de música, custeava seus estudos secundários no Liceu Salesiano, em São Paulo. Em 1990, iniciou o curso preparatório da Faculdade de Direito no Largo São Francisco, em São Paulo, vindo, no entanto, a desistir da carreira jurídica para, em 1903, matricular-se no curso de Filosofia do Seminário de São Paulo. Segundo o autor Azevedo (2001), a vocação profissional do padre lhe foi revelada por meio de um milagre de Nossa Senhora Aparecida, sua santa de devoção. Esse acontecimento, posteriormente, foi relatado por Donizetti em uma carta escrita à sua mãe. A narrativa, transcrita a seguir, foi encontrada nos arquivos de José Vicente de Salles, fundador da Rádio Tambaú, criada em 1952. Essa história era contada nos programas da rádio, na época das “grandes romarias” em busca da bênção do padre milagroso.

REFERÊNCIAS SOBRE A RESIDÊNCIA EM MUZAMBINHO

O padre é filho do advogado Tristão Tavares de Lima e da professora Francisca Tavares de Lima. Após sair de Cásisa eles moraram em Muzambinho e em Cabo Verde. O Padre só chegou em Tambaú em 12 de junho de 1926.

Curioso um texto encontrado na Internet que fala sobre o Padre Donizetti Tavares de Lima, publicado na “Revista Vila Franca” em abril de 1962, nas páginas 291 a 293,  republicada da “Revista Sertaneja” de agosto de 1957, página 9. O texto da “Revista Vila Franca” foi provavelmente alterado, pois, o padre morreu em 1961 e quando o primeiro texto foi publicado em 1957, o padre ainda era vivo.
Lá é anunciado que o padre teria nascido em Muzambinho, o que não procede, pois, há documentos na paróquia de Cássia. Ele morou em Muzambinho, mas foi posterior.
Eis o texto:

Natural de Muzambinho, filho do advogado Tristão Tavares de Lima; pertencente à ramo da família francana Lima.
Faleceu por volta de 1955. Padre Donizetti preferia viver na penumbra, mas acabou aureolado pela fama de santo e humanitário diretor de almas.
Mensageiro de São José, foi mestro também e praticou muita caridade.
No dia 12 de Julho de 1957, o Padre Donizetti, Vigário de Tambaú, por intercessão de quem se atribuem os grandes milagres de Nossa Senhora Aparecida, tornando a pacata cidade paulista conhecida em toda a América do Sul, completou seus 50 anos de ordenação sacerdotal. É fácil de se avaliar a homenagem prestada pelo povo ao Padre Donizetti, houve uma revoada de 50 aviões atirando pétalas de rosas sobre a cidade.

(Texto: Revista Vila Franca – Abril de 1962 – página 291 – 293; Revista Sertaneja – Agosto de 1957 – página 09).

FAMÍLIA DO PADRE DONIZETTI NA REGIÃO

            A mãe do Padre Donizetti era primo em primeiro grau do Coronel Francisco Navarro de Moraes Salles.
            A d. Francisca Cândida Modesta, mãe do padre, era filha de Maria do Carmo de Moraes Navarro, natural de Cabo Verde.
            Maria do Carmo era a 5ª filha de Francisco Sales de Moraes Navarro e Francisca de Paula São José. Francisco veio de Pitangui para Cabo Verde onde casou com uma natural da terra.
            O 4º filho de Francisco Sales era Luiz Antônio de Moraes Navarro o Barão de Cabo Verde (2º), responsável pela instalação do município de Muzambinho e pai do Coronel Francisco Navarro de Moraes Salles.
            O Barão de Cabo Verde, portanto, é Tio Avô do Padre Donizetti.
           
            Entre os irmãos do Padre Donizetti estão Tristao Tavares de Lima Jr., engenheiro responsável pela instalação da água em Cabo Verde na gestão do Cel. Francisco Ornelas e foi fundador do Atheneu Caboverdense.
            Rita de Lima Ornelas, esposa do Cel. Oscar Ornelas era irmão do Padre Donizetti, cunhado e também tio do capitão que dá nome para a avenida principal de Cabo Verde. Oscar Ornelas era meio irmão da mãe do Padre e foi casado com a sobrinha.
            O irmão do Padre, Modesto Tavares de Lima foi deputado estadual e secretário do interior em Minas Gerais.           
            É tio do Padre Donizetti, meio irmão de sua mãe, Ernani Ornelas, casada com uma das filhas do Major Leonel.



                       
A Cura do Menino Braguinha
Blog Oficial do Padre Donizetti

Um dos casos de maior repercussão na época do fenômeno que assolou Tambaú na década de 50, quando multidões vinham em busca de um lenitivo para o corpo e para a alma, através da bênção poderosa do Servo de Deus Padre Donizetti Tavares de Lima, está o do então garoto José Alexandre Braga, nascido em 22 de abril de 1950 na cidade mineira de Guaranésia. O menino Braguinha, como ficou conhecido, aos 5 anos de idade, era portador de um processo agudo de articulação, coxa femural, fazendo com que se locomovesse com aparelho ortopédico. Veio para Tambaú acompanhado dos pais, José Braga e Carmen Magnoni Braga, recebendo a cura após a bênção do sacerdote. 
Após 55 anos do fato, Braguinha, que atualmente reside em Guaxupé, é casado com dona Neusa Helena Bocoli Braga, pai do Luiz Renato, do Rodrigo Alexandre e da Ana Carolina, avô da Maria Clara e da Maria Teresa; relatou de forma emocionante ao jornalista e radialista Francisco Donizetti Sartori, o Fiquinho, o que ocorreu neste que é considerado um dos casos mais famosos de cura através do saudoso vigário. 
FIQUINHO – Qual era o problema de saúde que tinha quando criança e como surgiu a ideia de ir à Tambaú ? 

BRAGUINHA – Eu tinha 2 anos de idade quando senti uma dor na perna, caí e não consegui mais levantar; então isso não foi desde o nascimento. A partir daí começou a correria com meu pai em médicos, hospitais. Nada se resolvia a respeito da doença, até chegar uma época em que fui desenganado pelos médicos, dizendo que ficaria o resto de minha vida com o aparelho ortopédico e numa cadeira de rodas. Eu tinha uma doença chamada “ostrocondite”, que vai “comendo” os ossos da gente e o final da história seria provavelmente a morte, porque não tinha uma solução médica. 

Numa bela tarde estava na fazenda do meu padrinho no interior de Muzambinho e quebrou uma peça do aparelho ortopédico. Meu pai muito preocupado, pois sem o aparelho eu não andava, disse que iria para São Paulo consertar o mesmo ou arrumar outro, enfim fazer o que fosse possível. E veio na minha cabeça de menino com apenas 5 anos de idade, que não conhecia nada ainda, quando disse que “ Deus iria me fazer andar dentro da Igreja em Tambaú, no dia seguinte”. Meu pai nem deu bola, ficou por isso mesmo. Coincidentemente, no outro dia, passou um caminhão de romeiros nessa fazenda e o radiador veio a ferver e pararam para abastecer com água, quando me viram sentado na varanda com aquele aparelho. Aí perguntaram a meu respeito e falaram para o meu pai que havia um padre em Tambaú que “fazia milagres”. Minha mãe lembrou na hora “Ele disse ontem que iria andar na Igreja em Tambaú”. Colocaram-me em cima do caminhão e fomos para Tambaú, onde conheci o Padre Donizetti. 

FIQUINHO:- Como foi a bênção e a sua cura através do padre Donizetti? 
BRAGUINHA:- A praça estava lotada, teve uma bênção geral e depois uma fila individual, onde o padre se aproximou, colocou a mão na minha cabeça, deu a bênção e falou que eu estava são. Meu pai incrédulo chorava copiosamente; porém, não acreditava que eu estava bom já que estava desenganado pelos médicos. Foi então que minha mãe disse ao Padre Donizetti:- “ele havia dito na véspera que Deus iria fazê-lo andar dentro da Igreja em Tambaú”. O Padre me pegou nos braços, me levou para dentro da Igreja São José que era em frente, me deitou no banco e começaram a desamarrar o aparelho. Eu me levantei sozinho e me encaminhei em direção ao altar, houve um tumulto na Igreja: “milagre, grande milagre”, gritavam. Meu pai chorava ainda não acreditando, mesmo vendo-me andar. O Padre me levou até a praça em frente à Igreja, pediu que fizessem as traves com as muletas, arrumou uma bola, ainda brincou comigo que time que gostaria que fosse a bola e eu falei que era do Corinthians. Me deu a bola preta e branca e me colocou para jogar com a meninada, isto aparece no filme (O poder da fé que estava sendo gravado naquele dia). Se vocês olharem no filme irão me ver jogando com a moçada lá. A partir daí, graças a Deus, não tive nenhuma sequela e estou perfeito, não tenho sinal de nada, sendo que já fui jogador de futebol profissional e ganhei vários troféus, nunca mais tive nada. É uma bênção que devo a Nossa Senhora Aparecida e ao Padre Donizetti. 

FIQUINHO:- O que ficou gravado em sua memória daquela data em que foi curado, 02 de janeiro de 1.955? 

BRAGUINHA:- Passaram-se muitos anos, eu era menino ainda e tem muita coisa que a gente não lembra; mas, quando fecho os olhos à noite, me vejo andando na Igreja, sinto como se fosse hoje o “milagre”.

FIQUINHO:- O senhor retornou várias vezes a Tambaú e presenciou muitas curas. Poderia citar algumas? 

BRAGUINHA:- Vi muitas pessoas abandonando as muletas, os óculos. Inclusive no mesmo dia do meu milagre, foi curada uma senhora que tinha uma doença chamada “fogo selvagem”. Ela sarou na minha frente, tinha mau cheiro e seu “corpo queimava”. Presenciei muitos milagres impressionantes: pessoas enxergando, andando, falando, coisa que não faziam antes. 

FIQUINHO:- O Padre Donizetti sempre dizia que mais importante do que as curas, eram as conversões das pessoas para a religião católica. O senhor divulgando a vida dele, está ajudando também naquilo que ele pregava? 

BRAGUINHA:- Esse é um dos grandes fatores que a gente consegue trazer pessoas para a Igreja e muitos já agradeceram, pedem cópias, pedem para assistir o filme (O Poder da Fé) e a gente nota uma alegria muito grande dessas pessoas. Aqui em Guaxupé tem até uma família que possui nove filhos que levam Donizetti no nome, devido ao grande sacerdote. Trata-se de uma senhora muito simples que recebeu várias bênçãos do Padre Donizetti. 

FIQUINHO:- O que as pessoas comentam sobre sua cura ? 

Bezerrinha, sacristão na ocasião da cura e Braguinha
se encontraram anos mais tarde no mesmo local onde o
milagre aconteceu, hoje Santuário.

BRAGUINHA:- No principio nunca divulguei isso, porque achava que seria visto como sensacionalismo. Hoje faço questão de mostrar. Além da divulgação, todo mundo reconhece a benção, reconhece o milagre e muitos já se converteram para a nossa Igreja Católica, em agradecimento ao Padre Donizetti. 

FIQUINHO:- O processo de beatificação encontra-se no Vaticano desde o dia 14 de setembro de 2.009. Para o senhor não existe nenhuma dúvida de sua santidade ? 

BRAGUINHA:- Pelo contrário, esse é o Padre abençoado por Deus mesmo. As mãos dele foram abençoadas porque posso comprovar pessoalmente que vi inúmeros milagres, coisas fantásticas.