#62 João do Pulo, o magnífico atleta, visita Muzambinho


 #62 João do Pulo, o magnífico atleta, visita Muzambinho
Otávio Luciano Camargo Sales de Magalhães

O Grande João do Pulo e Milton Neves
Foto: Terceiro Tempo

            Aos 12 de novembro de 1975 visita Muzambinho um dos maiores atletas brasileiros de todos os tempos, João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, que, naquele ano havia batido o recorde mundial de salto triplo, na cidade do México, um grande feito para o país.
            Nesse dia, 10 horas da manhã, na Av. Dr. Américo Luz, houve um grande desfile com a presença do jogador, com sua medalha original de ouro maciço de 24 quilates. Às 15 horas houve uma tarde esportiva no Estádio Prof. Antônio Milhão, com um jogo entre Condores (time fundado, presidido e coordenado por meio pai, o Prof. José Sales de Magalhães Filho) X AA Caldense e, na partida de fundo, Seleção Muzambinhense de Futebol X AA Caldense, equipe de profissionais.
            O grande atleta foi recepcionado pelas autoridades muzambinhenses, pelo prefeito Orivaldo Gabriel Pereira, pelo diretor da Escola Superior de Educação Física, Prof. Willian Perez Lemos.
            O jornal “O Impacto” assim anuncia: “Como percebem, a sensação maior nas comemorações é a presença do campeoníssimo João Carlos de Oliveira, o herói brasileiro, que conseguiu no México, em competição recente, bater o record mundial do Salto Triplo, com a marca de 17,98 m. As delegações de todas as cidades convidadas, aos visitantes e, em especial ao nosso maior atleta do momento, as nossas boas vindas e que estejam em casa.”
Notícia de “O Impacto” de 12/11/1945

IMAGENS EM MUZAMBINHO
Willian Perez, Milton Neves, João do Pulo, Orivaldo Gabriel e Glênio Rondinelli. Foto do Acervo Municipal

Na foto, entre outros: Milton Neves, Willian Peres Lemos, Paulo Ferreira de Carvalho, Waldemar Anderson, Wilson Lemos Filho, Pedro Viola, Maria José Lemos, Pedro Dias Filho, Orivaldo Gabriel Pereira, Dr. Antero Veríssimo da Costa, Osório Pereira, Glênio José Rondinelli, Vanilda Ferreira Rondinelli, Sandra Vanira Cerávolo Paoliello.
Foto do Acervo Municipal

João do Pulo ao lado de Orivaldo Gabriel, no palco, em Muzambinho.
Foto do Terceiro Tempo

João do Pulo e Milton Neves. João do Pulo com a medalha legítima dos 17,89 metros conquistados ainda naquele ano de 1975 na Cidade do México. Aparece na foto, atrás de João do Pulo, Guilherme Vicente de Souza.
Foto de Terceiro Tempo

Almoço na Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho. Ao lado de João do Pulo o diretor José Rossi e Milton Neves. Posando com a medalha, o prof. Edson Dino.
Foto de Terceiro Tempo

Outra foto no Colégio Agrícola. Na foto dessa vez posando com a medalha Scarlett Abrão Borelli. Foto de Terceiro Tempo.

Em 1975, voltando da Cidade do México com seus épicos 17,89 metros, João do Pulo foi ao Detran para tirar sua carteira de motorista. Lá, Milton Neves trabalhava como setorista da Jovem Pan e aproveitou para tirar uma foto ao lado do grande saltador.
Foto e legenda de Terceiro Tempo


Milton Neves com Pulinho, filho de João do Pulo em 28 de maio de 2012.
Foto de Robson Monteiro, divulgado por Terceiro Tempo.

TEXTOS DE MILTON NEVES

            Milton Neves cita o episódio de João do Pulo em Muzambinho em cinco artigos, relacionados a seguir:



            Curiosamente na legenda da foto estava dito “o saudoso” prefeito Orivaldo Pereira. Acontece que Orivaldo está vivo até hoje, 3 de março de 2015.


QUEM FOI JOÃO DO PULO?

João do Pulo
Foto de Domínio Público

           


João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, nasceu em Pindamonhangaba em 28 de maio de 1954 e morreu em São Paulo aos 29 de maio de 1999, causando comoção e homenagens partidas do povo de Muzambinho.
            Foi recordista mundial de salto triplo, e tetracampeão pan-americano no triplo e no salto a distância. Recebeu 6 medalhas olímpicas, sendo 2 de bronze (triplo, Moscou, 1980 e triplo, Montreal, 1976) e 6 de ouro (triplo, San Juan, 1979; distância, San Juan, 1979; triplo, Cidade do México, 1975 e distância, Cidade do Mexico, 1975).
            Era militar por formação profissional, mas depois de perder a perna direita em um acidente de carros na Rodovia Anhanguera, em 22 de dezembro de 1981, parou de saltar. Triste destino de um atleta desse porte perder uma perna! Mas ainda assim continuou, cursando o ensino superior se graduando em Educação Física e ingressando na política sendo duas vezes deputado estadual pelo PFL em São Paulo, em 1986 e 1990, mas perdendo os pleitos de 1994 e 1998.
            Morreu de cirrose hepática e infecção generalizada, quando sofria de depressão, alcoolismo e passava por problemas financeiros, chegando inclusive a ser preso por pensão alimentícia, recebendo apenas uma remuneração por ter sido segundo tenente do Exército, a única instituição – além de Muzambinho – que sempre o reconheceu pelos feitos no esporte nacional.
            O seu recorde mundial no Salto Triplo só foi batido em 16 de junho de 1985, dez anos depois, pelo norte-americano Willie Banks, com 17,90 m em Indianápolis. Seu recorde brasileiro só foi batido 21 anos depois por Jadel Gregório, em 20 de maio de 2007, com um salto de 17,90 m em Belém. Estes recordes são de apenas 1 cm a mais do que João do Pulo.
            João do Pulo foi considerado o 4º maior atelta de Salto Triplo a história.
            O atual recorde mundial é de Jonathan Edwards, do Reino Unido que em Gotemburgo em 1995 fez um salto de 18,29 com vento favorável de 1,3. Até 2013 pelo menos, João do Pulo ainda possuía o 10º melhor resultado histórico.




João do Pulo
João Bosco
Aldir Blanc

Pulou o Brasil do tri
Pulou e tremeu de dor
Ao ver o pulo do gato cortado
Cortada a perna de luz, cortada
A claridade do raio de Xangô
Fechou o Brasil do tri
Tristetritrovejou
De dor o povo pulou pra frente
Semente o sangue do herói, sente
- Ô, pula João! Ô, Kawô, Xangô!
João como um João qualquer
João de sangue Afro-Tupi
De príncipe a escravo a preto-fôrro
De operário a novamente herói do morro
Aprendeu a resistir
Na favela, a tribo passa fome de cachorro
É um osso duro de roer
Mas toda a resistência corre em meu socorro
Valoriza, herói, todo sangue derramado Afro-Tupi!
Combate, Male! Dá três pulos aí Saci!
Se atira no espaço por nós, Zumbi!
Joga a chibata, João, no mar que te ampliou!
Ah, olha o raio de luz: Kawô, Xangô!
Nosso país infeliz também pulou.


João do Pulo em seu salto recordista. Foto do Ig