#169 Ginásio São José - escola católica de Muzambinho entre 1941-1951
Otávio
Luciano Camargo Sales de Magalhães
O
Ginásio São José[1]
O
Ginásio se localizada nos terrenos baldios entre a loja de materiais elétricos
do Marquinho da Empresa e os bancos Itaú e Branco. O edifício foi a junção de
uma residência com um prédio de lojas comerciais.
Após ser desativado funcionou como
Juvenato Franciscano (Seminário).
Frei Querubim Breumelhof (foto do acervo do Museu Municipal Francisco
Leonardo Cerávolo)
Frei Querubim inaugura Ginásio São José
(foto do acervo do Museu Municipal Francisco Leonardo Cerávolo)
Com o fechamento do Lyceu
em 1937, alguns estudantes envolvidos nas crises como Graco Magalhães Alves, se
viram forçados a abandonar o ano letivo e se reprovarem. Outros tiveram o ano
concluído com outros professores em salas improvisadas no Grupo Escolar Cesário
Coimbra. De qualquer forma, após os conflitos que levaram a morte de José Saint
Clair Magalhães Alves em setembro de 1937, o Ginásio Mineiro de Muzambinho foi
fechado. Muzambinho ficou sem Ginásio. A Escola Normal continuou existindo, oferecendo também
cursos primários e comercial, mas o Ginasial e os Preparatórios haviam sido
desativados no Lyceu.
Muitos não sabem, mas, a
rigor, o Lyceu não foi transformado em Ginásio Mineiro, ainda que eu tenha dito
isso algumas vezes. O Lyceu fechou seus cursos ginasial e os exames
preparatórios para a universidade, tendo em vista que doou parte de seus
terrenos para a instalação do Ginásio Mineiro de Muzambinho no início de 1930.
O Lyceu continuou
funcionando em 1930, onde hoje se localizam Banco do Brasil, Colégio Comercial,
Restaurante Cesário’s, Posto RVM, casas e terreno baldio no quarteirão entre as
atuais ruas Salatiel de Almeida, Cesário Coimbra, Pedro Primeiro e Cap.
Heleodoro – funcionavam nos prédios nesse quarteirão a Escola Normal, o curso
primário e comercial do Lyceu, todos pagos, tendo como diretor e proprietário o
prof. Salathiel de Almeida, que também morava nesse espaço. Também continuou
sob a administração do Lyceu o Patronato Agrícola Lindolpho Coimbra.
Toda a parte localizada
onde hoje é a EE Prof. Salathiel de Almeida foi transferida para posse efetiva
do Estado, e o curso ginasial do Lyceu foi fechado, incluindo o internato
masculino, dando espaço para o Ginásio Mineiro de Muzambinho, cujo reitor era
Salathiel e grande parte dos professores era aproveitado.
Até
hoje não consegui entender o prédio da Escola dr. José Januário de Magalhães,
conhecido por todos hoje como “Escola de Comércio”, onde funcionava até pouco tempo 17
repartições públicas e entidades e hoje é uma das unidades do campus de
Muzambinho do IFSULDEMINAS. Não sei que papel o prédio (horrível por sinal)
desempenhava naquela época. Sei que foi construído para ser uma escola
religiosa de meninas, mas sei falar pouco sobre ela[2].
Na
Praça Getúlio Vargas, atual Pedro de Alcântara Magalhães, foi montado, porém, alguns anos mais tarde, o
Ginásio São José. Nesta época, o criador do Ginásio, Frei Geraldo van Sambeek,
mas desde o começo a escola teve como diretor o Frei Querubim Breumelhof. Frei
Geraldo fora transferido de Muzambinho antes da escola ter o início de suas
aulas para a cidade de Santos Dumont e lá Frei Geraldo fundou junto com Frei
Miguel Burger e Alexandre Noordeloos o Colégio Santo Antônio em 18 de fevereiro
de 1941, em Santos Dumont - MG.. Frei Querubim também aos poucos passou a ser
diretor da Escola Normal, que comprou de Salathiel (veja #92) e da Escola
Paroquial (atual EM Frei Florentino).
O
Ginásio São José foi criado no final de 1941. Em 1942 funcionou o 1º ano. Era
composto de 5 anos ou 4 anos (dependendo da época). Era só Ginásio mesmo. Há
informações divergentes (veja abaixo, em texto manuscrito transcrito, que
afirma criação em 1940, início das aulas em 1941 e iniciando com 1º e 2º anos
ginasiais).
Funcionou
até 1952, quando fechou, e todos seus alunos foram para o Colégio Estadual. A
Escola Normal também fechou nesta época, passando todos os seus alunos para o
Colégio Estadual.
O
jornal “O Muzambinho”, de 09/06/1940 anuncia a posse do Frei
Querubim Breumelhof e do missionária Padre Miguel Poce. Discursou na posse o
prefeito e o prof. Salatiel.. Note que o discurso do prof. Salathiel
nessa época já era algo extemporâneo, numa época onde ele perde o posto central
na vida da cidade. Mais tarde Salathiel afirmaria que Querubim era “anjo no nome e demônio na atitude”.
Foto do
Ginásio São José (foto do acervo do Museu Municipal Francisco Leonardo
Cerávolo)
Algumas
informações sobre o Ginásio São José circularam pelos jornais e são citadas em
obras:
Ginásio
São José
Avisamos aos interessados
que os exames de admissão da primeira época, para o curso ginasial, serão na
primeira quinzena de dezembro. Os interessados devem, em tempo preparar os
documentos necessário. Informações na secretaria do Ginásio. Praça Getúlio
Vargas, 10. (O Muzambinhense – 12/11/1944)
Exposição
de Trabalhos
Na Escola Normal – 19 e 20
de novembro
Escola Paroquial – dias
12, 13, 14
Ginásio São José – dias
24, 25 e 28 (O Muzambinhense – 12/11/1944)
A
diretoria do Ginásio desejando liquidar o resto das suas dívidas que contraiu
na compra da Escola Normal, avisa a todas as pessoas interessadas que, até o
dia 30 de setembro do corrente ano, podem receber, a importância das apólices
em seu poder.
Avisa
que a importância devedora será entregue mediante apresentação das apólices na
secretaria do Ginásio São José, Praça Getúlio Vargas, 34, nesta cidade.
Padre
Frei Cherubin Breumelhof OFM, Muzambinho, agosto de 46 (O Muzambinho –
08/09/1946)
E hoje, cumprindo a
promessa de reabilitar Muzambinho das perdas que sofreu, apoiado por um pugilo
de bons muzambinhenses, afim de soerguer o nível cultural da cidade ao que o
glorioso passado do seu povo construiu com sacrifício e amor, encontrou ele na
ilustre e combativa pessoa do Padre frei Geraldo Von Sambech, aquela que se responsabilizou pela criação de
um estabelecimento de ensino secundário. E à tenacidade do frei Sambech se deve
grandemente a fundação do novo ginásio “São José de Muzambinho”, que é uma
realidade bendita, e que – permita Deus – deverá servir de pedestal às gerações
futuras e, pouco a pouco, de resurrexit do muito que foi e possuiu Muzambinho!.
(SOARES, 1940)
Frei Querubim Breumelhof
OFM
30 anos no Brasil, 6 anos
em Muzambinho
Ginásio São José e Escola
Normal
(...)estabelecimentos de
ensino que se destacam em toda esta zona e aos quais o sacerdote dinâmico
presta todo o seu aproveitamento moral e material (O Muzambinho – 07/04/1946)
Se
a ditadura gerou conformismo, não sei. Mas a diretora do jornal “O
Muzambinhense”, antes, tucana, agora dirigia um jornal
religioso, numa cidade onde o pároco era pica-pau. Essa diretora, profa. Albertina
Magalhães, também era secretária do Ginásio São José.
Fotos do Ginásio São José – Antiga residência do
Major Gabriel A. Silva Costa (foto do acervo do Museu Municipal Francisco
Leonardo Cerávolo)
Antônio
Santini, homem simples, coloca a sua visão do
fechamento do Lyceu e da venda da Escola Normal:
A crise aumentava e
Salatiel vendeu o colégio para o Frei Querubim e o
Patronato Agrícola para D. Zuleidinha e
seu marido Vitório. (Antônio Santini – texto
datilografado)
Ele não sabia da cláusula que exigia do prof. Salatiel a
não abertura de novas escolas em Muzambinho, como nos conta Lacerda e a história.
Fotos do
Seminário (acervo do Museu Municipal Francisco Leonardo
Cerávolo)
Há um livro do “Ginásio
São José” na secretaria da EE Prof. Salatiel de Almeida. Pretendemos estuda-lo.
Reabertura
do Ginásio Mineiro e fechamento do Ginásio São José
O
Ginásio foi reaberto. Mas foi reaberto na administração udenista de Milton
Campos, com o nome Colégio Estadual de Muzambinho, tendo como reitor por alguns
poucos dias Salathiel de Almeida e posteriormente Antônio Magalhães Alves, que
retornara para Muzambinho depois de anos lecionando fora – era Magalhães Alves
o maior aliado e braço direito de Salathiel. Em 1951 ele foi sucedido por Juscelino
Kubitschek, do PSD, mesmo partido dos pica-paus.
A
cidade mineira era governada por Messias Gomes, da UDN, tucano. Novamente, em 1947 um tucano
reassumia o poder em Muzambinho, vencendo o grupo do prefeito Lauro “Lalau” Campedelli, que sucedeu provisória e
nomeadamente dr. José Januário de Magalhães ao fim do Estado Novo.
Juscelino
exonerou Antônio Magalhães Alves por questões políticas e nomeou Frei Pedro
Schretlen. Isso gerou uma greve de alunos: “Queremos o Magalhães”, em 1951.
Veja #144 e #38.
Não
entraremos em detalhes, mas, ao reabrir o Ginásio, os professores exonerados
foram readmitidos, veja #92. Também temos alguma fonte primária sobre a Greve,
que ainda não publicamos.
Greve de 1951 (fotos do acervo do Museu Francisco Leonardo
Cerávolo)
Após a saída de Magalhães
Alves em 1951, foram diretores da escola Frei Pedro Schretlen e Aristides
Kasbergen, apesar da profa. Ivone Bócoli indicar 1949 e 1950 os nomes de Frei
Pedro e Astolfo (ou Astoldo) Gusman.
FREI PEDRO e ASTOLDO
GUSMAN – Foram diretores da instituição nos anos de 1949 e 1950. As fotos não
foram localizadas e a direção do colégio continua a disposição dos familiares
para que os mesmos também possam fazer parte da galeria de fotos da escola.”
“Parabenizamos a Profa.
Ivone Bócoli pelo trabalho de pesquisa fazendo o
levantamento de fotos e datas de todos os diretores. (FR – 29.9.2001)
Dados
do site da Biblioteca da Ordem Franciscana na cidade de Divinópolis, disponíveis no site http://isis.salesiano.br/cgi-bin/wxis.exe, acessados em 17.07.08, mostram que os
interventores nomeados para Muzambinho foram Frei Pedro Schretlen e
Aristides Kasbergen, tendo como cooperador Irineu Van
Tongeren, todos da Ordem Franciscana, que no final de 1951 teve o comando do
Colégio Estadual de Muzambinho. O site também dá informações sobre o
pré seminário de Muzambinho, o Juvenato Franciscano Nossa Senhora Aparecida de
Muzambinho, que existiu no município entre 1958 e
1963 em prédio ao lado do Ginásio São José, aproveitando partes da estrutura
física do Ginásio, sendo esse prédio demolido nos anos 90. Meu pai lecionou no
Juvenato entre 1961 e 1963.
O
prédio da escola, após o fechamento do Ginásio, funcionou como Seminário
Juvenato Franciscano Nossa Senhora da Aparecida, que, ao ser fechado, funcionou
por diversas outras coisas, inclusive como Colégio Comercial (meu pai e minha
mãe foram diretores do Colégio Comercial quando esse funcionava no mesmo prédio
do Juvenato). Cláudia Romano Borelli, no Sou Mais Muzambinho, em agosto de 2012
lembra que fez ballet com a profa. Deise no prédio. Jorge Luiz Gonçalves
lembra, em 18 de novembro de 2013, que fez o pré-primário com a Dona Leila em
1971 ou 1972 no prédio. Conta também que a Cowan, que construiu a BR 491 usou o
prédio no início dos anos 70. Fabrícia Toledo Botelho lembra que comia lanches
no local (disso também lembro), ela fala do coro de sapo do Pedrão. Eu lembro
que o Pedrão usou o local nos anos 2010, mas sei que nos anos 80 tinha
lanchonete lá.
Em
reação à uma foto de “Sou Mais Muzambinho”, Izabel Silva Sacramento, em 15 de
setembro de 2017 também lembra que fez pré-primário na escola com dona Leila, e
que a construção estava bem abalada (eu também lembro da construção bem
avalada). Letycia Prado von Zuben lembra em 15 de setembro de 2017 que fez
aulas de teatro no piso superior do assoalho, e o uniforme era xadrezinho de
branco e vermelho. Paulo Vicente, em 16 de setembro de 2017 e Milton Gonçalves
Filho no dia seguinte lembram que quando a EE Prof. Salathiel de Almeida foi
reformada estudou por lá. Elizabete Bonaldi, em 15 de setembro lembra que sua
mãe, Elvira Bonaldi, também deu aula no prédio. Edson Rossi, em 17 de setembro
de 2017 lembra que além de fazer o prezinho, teve aula de Judô no local com o
prof. Ivan de Freitas. Marco Aurélio dos Santos Tavares, em 5 de setembro
lembra de seu pré-primário aí, "no primeiro ano, do salão no centro ao
fundo e no segundo andar à esquerda, no segundo ano. Também lembro que no porão
tinha pneus que rodávamos no intervalo." Petronilha Vilela lembra que fez
estágio do magistério lá.
Voltando
aos Freis substitutos, talvez fosse interessante dirigir até Divinópolis para
coletar informações, porém, achei que isso pode ficar para um trabalho
posterior. Foi interessante que consegui informações sobre o Frei Pedro que
eram ainda desconhecidas em Muzambinho. Ninguém havia ainda escrito sequer o
nome completo do interventor.
Agora
resta compreender a versão de Astolfo Gusmán ou Aristides Kasbergen, o que não
vamos tentar solucionar nesse texto.
A
exoneração de Antônio Magalhães Alves causou novos protestos, manifestações.
Semelhantes as de 1937. Foi a famosa greve de 1951. O 10º BCM voltaria? Ginásio fecharia novamente. Isso
convinha aos pica-paus, a Lalau Campedelli, ao Frei Querubim (para manter seu “Ginásio São José”)? Ou Frei
Querubim queria ser o diretor do Colégio?
Muitos
protestos conseguiram manter o Ginásio. Em 1952 uma importante figura assumiria
a direção da escola, o prof. João Marques de Vasconcelos (que chegou ao posto de vice-governador de
Minas Gerais, maior título político conseguido por um muzambinhense). A partir
de João Marques a história da escola seria outra. João Marques havia sido
aluno, auxiliar e professor no Ginásio São José e era próximo de Querubim.
O
fechamento de 1951 era a continuação da luta dos pica-paus para não ter um Ginásio dirigido pelos tucanos.
Era a luta contra um Ginásio tucano. A história, quase a mesma.
Juscelino
não fechou o Ginásio. A história não se repetiu. Mas Magalhães Alves foi embora. Embora de Muzambinho, embora da
política local. Salathiel também. Só retornou para ser enterrado por
aqui.
Se
frustrando com a falta de apoio e com a vitória tucana, Frei Querubim foi
embora de Muzambinho, e conta a lenda, que tirou as sandálias e bateu ao sair
da cidade, dizendo que não queria levar de Muzambinho nem o pó. Veja #12.
Lauro
Campedelli, benfeitor do Ginásio
Milo
Carli Mantovani, professor do Ginásio
Frei
Querubim, foto da Província Franciscana
Frei
Pedro e Frei Aristides
Albertina
Magalhães, Walter Cipriani e Alice Cerávolo, professores da escola
João
Marques de Vasconcelos (foto atual). Professor do Ginásio São José.
José
Tocqueville de Carvalho e Dirce Agostinho Gaspar, professores do Ginásio
Armando
Coimbra, inspetor do Ginásio
Professora
Antônia Fernandes, professora do Ginásio São José, atualmente ela dá o nome ao
antigo Colégio Delta COC
Professora
Almira Machado Coimbra, professora do Ginásio São José. Foi também professora
da EE Prof. Salatiel de Almeida e diretora da EE Cesário Coimbra. A foto acima
é de 2012, quando completou 90 anos. Faleceu em 5 de março de 2015, deixando
filhos Adriana, Ana Maria, Terezila e Cândido Celso.
O
desembargador Edésio Fernandes, que foi presidente do TJMG e dá nome para a
Escola do Judiciário mineiro, foi professor do Ginásio São José, conforme
consta de algumas de suas biografias.
Reaumuer
Leite do Brasil, aluno do Ginásio São José, dentista em Cabo Verde.
Anúncio
em “O Muzambinhense” de12 de novembro de 1944. Agora o jornal pertencia à
paróquia.
Foto do
Ginásio publicada em 15 de setembro por Sou Mais Muzambinho
Doni
Costa posta as últimas colunas do Seminário antes de sua demolição (segundo
ele), em 15 de setembro. Porém, acreditamos que a foto é mais antiga, pois na
época da demolição a Praça dos Andradas era cercada de ciprestes.
Franciscanos
em Muzambinho em 1957 – Sou Mais Muzambinho
Gabriel
Archanjo da Silva Costa, rico fazendeiro que vendeu sua casa urbana para a
paróquia construir o Ginásio
FONTE
PRIMÁRIA E NOVIDADES QUE DESCOBRI EM 2015
Nos
arquivos do Dr. Lulu, no museu de Muzambinho, encontrei manuscritos sobre o
Ginásio São José.
Tais
documentos podem ser de outros arquivos, pois não houve muito compromisso em
organizar os arquivos.
Documento
1
"Ginásio São José - Muzambinho
Idéia - 1940 - Frei Geraldo van Sambeck
O.F.M., vigário da paróquia, que foi transferido para Santos Dumont, nesse
mesmo ano.
1941 - Funcionaram as 1ªs e 2ªs séries,
sob a direção de Frei Cherubim Breumelhof O.F.M. que o instalou e conseguiu o
reconhecimento federal do mesmo, sendo seu inspetor Dr. Armando Coimbra.
Frei
Cherubin adquiriu diversos prédios sitos à Praça dos Andradas e os adaptou para
o funcionamento do externato, internato, salas de aula, secretaria, biblioteca,
gabinete de física e química, dependência [ilegível] e documentos necessários à
prática de educação física. Nesse trabalho foi auxiliado pelo povo e de um modo
especial, pelo Sr. Lauro Campedelli.
A
seção feminina funcionou na Avenida Américo Luz, no prédio da antiga Escola
Normal de Muzambinho[3],
adquirida também por Frei Cherubim. Esta seção feminina, primeiramente, foi
dirigida pelas Irmãs Filhas de N. Snra do Sagrado Coração e, nos últimos três
anos pelas Irmãs Franciscanas Portuguesas.
Secretária:
Albertina Magalhães
Professores:
Frei Cherubim Breumelhof O.F.M., Frei Aristides O.F.M., Frei Rafael O.F.M.,
Srs. Renato Lacerda, Dr. José Tocqueville de Carvalho, Sr. Walter Cipriani, Sr.
Milo Carli Mantovani, Dr. João Marques de Vasconcelos, Ari Lago Siqueira. Sras.
Hortência Coimbra, Dirce A. Gaspar, Maria Augusta da Cunha, Alice Cerávolo
Paolielo, Carmem Bandeira de Melo, Almira Machado Coimbra e muitos outros.
Cursos:
Primário - Admissão - Ginásio e Formação de Professôres.
Regime:
- Externato e Internato
De
1941 a 1950 o Gin. S. José foi dirigido pelo frei Cherubin que em maio de 1950
foi de férias para a Holanda. Substituiu-o frei Aristides O.F.M. até dezembro
de 1951, quando o Ginásio deixou de funcionar.
Das
Irmãs Filhas de N. S. do Sagrado Coração destacamos o nome da Irmã Valéria e
das Irmãs Franciscanas Portuguesas destacamos as Irmãs Branca, Acine e
Judite."
Documento
2
Recibo do Snr. Manoel G. Pereira,
assinado pela Secretária Albertina Magalhães, datado de 9 de dezembro de 1946,
referente ao pagamento de 282,50.
Documento
3
" Exmo
Senhor e Amigo 3-5-947
Acabo de receber sua carta do dia 2 do
corrente, a qual agradeço.
Como tenho dado o interesse em meus
alunos, o mesmo se dá com seu filho. Ele, porém, quer e quer sahir do Ginásio -
porque razão? - não sei, pois trato-o igualmente como aos outros - implico, de
vez em quando, com alunos mal procedidos, ele não o é, portanto de minha parte
não existe cousa alguma contra ele. Sinto que existe implicância da parte dele,
pois vários alunos, menos que ele, vivem aqui muito bem.
Sem
mais, sempre ao seu dispor
servo
em J. Christo
Querubim
Breumelhoff O.F.M."
Carta enviada para um tal de Lopes. O
museu não explica a procedência.
Documento
4
Há um texto biográfico de Frei Geraldo,
porém, apenas localizamos as páginas 3 e 4
Frei Geraldo van Sambeek
Foto da Província Franciscana
Local de nascimento: Veldhoven
Data de nascimento: 29/10/1887
Ingresso na Ordem: 07/09/1907
Profissão Solene: 09/09/1911
Ordenação Presbiteral: 22/03/1914
Falecimento: 25/04/1948
"SAUDOSO FREI GERALDO"
Desta
Paróquia, embora houvesseis levado no recondito da vossa alma, leve resquício
de ressentimento, - somo testemunhas de que tudo esqueceste e de que tudo
perdoastes, - prova do vosso grande coração e da vossa elevada espiritualidade!
Esta prova tivê-mo-la, quando vos visitamos, certa vez, na Colonia Santa
Isabel.
Com que
saudares, não nos recordamos daquela visita. Naquele ambiente de dores e de
miserias, fomos encontrar-vos, não triste e maguado, mas, irradiando a mesma
simpatia, a mesma alegria de sempre, - distribuindo aos vossos grandes amigos,
- os leprosos, - o bálsamo santo e consolador da Religião do Crucificado, tão
bem vivida pela vetusta e venerável Ordem Franciscana, - báse angular do
movimento católico no Brasil!
Com que
satisfação vos recebemos! Perguntandovos se estávais satisfeito naquele lugar
de tristezas, vós, como o grande Padre Damião, que tudo abandonou para viver
nas Molocai, nos respondeu: Filhos - aqui é o meu lugar. É entre estes amigos
do meu coração que pretendo entregar minha alma a Deus. Aqui não existe
maldade; o mal aqui é apenas do físico; mas a alma permanece pura; por isso, a
razão de eu dizeres: aqui encontrei a minha felicidade!
Grande
alma! Grande homem! Em tudo foste grande! Como sacerdote, a ovss vida se
igualaria a de São Francisco, porque o voosso pai de Assis, foi o maior
imitador de Jesus!
Sofrestes
com a mais santa das resignações. Permancestes no duro leito de um hospital,
meses e meses, sempre ostentando aquele sorriso meigo e aquela mesma bondade!
Somos
testemunhas do quanto ainda querieis sofrer, porque, como modelo da paciencia,
tinheis a convicção firme e inabalável de que, na hora em que se aproximasse o
vosso chamamento, Jesus, iria dizer-vos as mesmas palavras ditas a São
Francisno, no seu leito de porte: Regozija-te porque a doença é sinal do meu
reino, a paciência te vale poderes esperar com toda a segurança e certeza, a
herança do reino dos Ceus. [-4-] O morte feliz não será, quando se tem a
certeza de se receber um aviso de Jesus!
Que vós, o grande frei Geraldo, lá do reino do Ceu, se amercei dos que estão
neste vale de lágrimas, e peça a Deus, nos dê a todos nós, uma santa hora de
morte, afinal de que possamos ouvir aquele aviso que também ouvistes, com
certeza, do Divino Mestre: Regosija-te porque a doença é sinal do meu
reino."
Documento
5 – Trecho de
entrevista de Maria Luiza de Podestá. Veja #144.
A
senhora lembra do Ginásio lá do Frei Querubim, o Ginásio São José, a senhora saberia me dizer alguma coisa?
Ah, não. Professoras eram todas freiras,
uma ou outra pessoa da cidade dava aula lá, e sempre por pouco tempo, que
quando tinha uma freira daquela matéria naquele ... No colégio das freiras fui
aluna da dona Antônia Fernandes, acho que na primeira série; lembro de ter sido
aluna da Zaíra Campedelli, mas lá nas freiras era sempre por pouco tempo, logo
vinha uma freira daquela matéria e as pessoas... trocava muito... cada tempo
tinha uma freira diferente...
Documento
6 – Lista de formandos
de 1947, publicado em “O Muzambinho” de
7 de dezembro de 1947
Licenciados de 1947
Realiza-se
amanhã, a festa da entrega dos certificados dos licenciados do Ginásio S]ao
José de Muzambinho.
Às
8 horas, haverá na Matriz missa em ação de graças.
Às
20 horas no Ginásio <<São José>>, sessão solene de entrega dos
certificados.
Esta
a turma que receberá os certificados:
Alfredo Antonio Soares
Poli
Altamiro Antonio
Magalhães
Antônio Machado
Ari do Lago Siqueira
Balbina Zulminar Rezende
Célio dos Reis Araújo
Conceição A. Navarro
Vieira
Dulce Siqueira Gonçalves
Elza Maria Moreira
Ernestina Magalhães
Guaraci do Lago Siqueira
Helena João Cecílio
Ione A. Martins de
Oliveira
Irene Prado
Joaquim Ismael Vilas
Boas
João Batista Araujo
José Daniel Pedreira
Bueno
José Ulisses Milani
José Sebastião Coimbra
de Souza
Lauro del Vale Pizarro
Manoel Castro Costa
Maria Aparecida Rezende
Maria Aparecida
Vasconcelos
Maria Dolores Vilela
Maria José Bueno
Maria de Lourdes Melo
Maria de Lourdes Moreira
Dias
Maria Regina Vieira e
Silva
Maria de Souza
Murilo Junqueria Mártir
Nádia Badra
Nassim Elias
Rui Peixoto Cavalcanti
Sebastião do Lago
Siqueira
Zilda Bueno
Documento
7 – Página do Ginásio
de “O Muzambinhense” de 12 de novembro de 1944
PÁGINA DO GINÁSIO
Médias do mês de Setembro
(continuação)
Matemática
1a série feminina
Elza M. Moreira 10; Irene Pereira 10;
Nadia Badra 10; Ione A. Martins 8.2; Maria I. M Dias 8.2; Maria Aparecida
Magalhães 7.5; Maria J. Bueno 7.2; Helena Castro Costa 6.5; Dulce S. Gonçalves
6; Helena Rezenda 5.5; Maria Aparecida Macedo 5.5; Conceição Ap. N. Vieira 5.2;
Ernestina Magalhães 5.2; Maria Aparecida Rezende 5.
2a série masculina
Abdala Fará 10; Carlos B. Vilas Boas 10;
José Machado 10; Marcelo Correia 10; Mario da Conceição Beato 10; Reaumur Leite
do Brasil 10; Ronald M. Cunha 10; Vicente A. de Almeida 10; Gilberto A. da
Costa 10; Elzio Costal 9,5; Tomaz E. de Souza Filho 9,5. Alberto de O. Pádua 9;
Vitorio A. Romano 9; José J. Magalhães Filho 8.5; Sílvio de Podestá 8; Olavo C.
Navarro 6,5; Ronaldo Antinori 6,5.
2a série feminina
Efigenia Prado 9,5; Elza Prado 9,5; Maria
Tereza Andrade 9; Iua(?) Nardi 8,7; Zélia Bueno 8,6; Maria Aug. Vasconcelos
7,7; Alda F. Magalhães 7; Maria de L. M. Oliveira 6.5; Teresinha L. Antinori
6,5; Maria D. Vilela 6,2; Clara Siqueira 5,7; Teresinha Magalhães 5,7; Maria O.
Podestá 5,5; Zuleide A. O. Romano 5
3a série
José Ribeiro Magalhães 10; Munir E.
Donato 10; Mercedes Tardelli 10; Pedro Bento 10; Teresinho M. Rita 10; João V.
Filho 9,5; Amarilis S. Fiorane 8; Flavio Campedelli 8; Maria J. Antinori 8;
Nicolau Campedelli 8; Rômulo Guilherme 6; Niso(?) da S. Ferreira 6.
4a série
[rasgado] Luiz C. G. Andrade 9; Maria R.
de Oliveira 9; Maria J. F. da Silva 9; Mario A. Sobrinho 9; Nair da Paz de
Oliveira 9; Roque Granato Neto 9; Terezinha de J. D. Moreira 9; Teresa D.
Pulcinelli 9; Teresinha Guida 8.
Não obtiveram media
1a serie masculina
Angelo M. Magnoni, Benjamim J. Cecílio;
Clóvis R. Martins, Geraldo I. de Carvalho, José S. de Sousa Filho, Lauro Del
Vale Pizarro, Luiz Licurgo Leite, José P. Costa
1a serie feminina
Balbina Z. REzende, Expedita M. Leite,
Helena J. Cecílio, Maria de Souza
2a serie masculina
Todos obtiveram media
2a serie feminina
Todas obtiveram media.
3a série
Carlos H. Campedeli, Dalva Santos, Ernani
Magalhães, José de Carvlaho, José M. Cotrim, Moacir de ARaújo, Rubens de FAria,
Paulo da S. Ferreira
4a série
Todos obtiveram média
Ciências
3a série
Amarilis S. Fiorane 8, Dalva Santos 8,
Manir E. Donato 8, Mercedes Tardelli 8, Moacir de Araújo 8, Carlos H. Campedeli
7, José de Carvalho 7, João Vieira Filho 7, Teresinho M. Rita 7, José M. Cotrim
6, José R. Magalhães 6, Romulo Guilherme 6, Paulo da S. Ferreira 6, Niso da S.
Ferreira 6, Ernani Magalhães 5, Maria J. Antinori 5.
4a série
Angela de Oliveira 10, Domingos B. Rimoli
10, Joel de P. Machado 10, José O. de Pádua 10, Maria Ap. de Souza 10, Munir de P. Oliveira 10, Terezinha de J. D.
Moreira 10, [ilegível] F. Marcondes 8, Geraldo Texeira da Silva 8, Luiz C.
Andrade 8, Mário Alves Sobrinho 8, Teresa D. Pulcinelli 8, Teresinha Guida 7,
Calixto J. Atarge 6, Fernando Montanari 6, Maria E. de Oliveira 6, Maria J. F.
Silva 6, Roque Granato Neto 6.
Não obtiveram média
3a série
Flávio Campedeli, Nicolau Campedeli,
Pedro Beato, Rubens de Faria
4a série
Todos obtiveram média.
Geografia
1a série masculina
Ari do L. Siqueira 10, José Leite 10,
José U. Miliane 8,5, João T. dos Anjos 8, Joaquim I. Vilas Boas 8, José P.
Costa 7,5, Antonio Machado, 7, Benjamim J. Cecílio 6,5, Guaraci do L. Siqueira
6,5; Manoel C. Costa 6; [ilegível] 6,5; [ilegível] do L. Siqueira 6,5, Alfredo
A. S. Poli 6, José Carnevali 6, José S. de Sousa Filho 6, Valter Pestilli 6,
João Andrade Abreu 6,5.
1a série feminina
Maria de Sousa 10, Nádia Badra 10, Helena
C. Costa 9,5, Maria de L. M. Dias 9,5, Dulce S. Gonçalves 9, Irene Prado 9,
Conceição Ap. N. Vieira 8,5, Maria Ap. Magalhães, 8,5, Maria J. Bueno 8,5, Elza
M. Moreira 7,5, Expedito M. Leite 7,5, Ernestina Magalhães 6,5, Helena Rezende
6,5, Maria Ap. Macedo 6,5, Helena J. Cecílio 5, Ione A. Martins 5.
2a série masculina
Alberto de O. Padua 10, José Machado 10,
Vicente A. de Almeida 10, Marcelo Correia 9,5, Tomas E. de Souza Filho 9,5,
Abdala Fará 9, Olavo C. Navarro 7, Carlos B. Vilas Boas 8,5, Ronaldo M. Cunha
8,5, Vitorio A. Romano 8,5, Gilberto A. da Costa 8,5, Reamur L. do Brasil 8,
Ronaldo Antinori 5,5, Mario da C. Beato 5.
2a série feminina
Efigenia Prado 8, Zuleide A. O. Romano 8,
Elza Prado 7,5, Alda F. Magalhãs 6,5, Clara Siqueira 6,5. Ina Nardi 6, Maria
Aug. Vasconcelos 6, Maria T. Andrade 6, Zélia Bueno 6, Teresinha I. Antinori
5,5, Maria D. Vilela 5, Maria O. Podestá 5.
3a serie
Carlos H. Campedeli 10, José R. Magalhães
10, Moacir de Araújo 9,5, Teresinho M. Rita 9,5, Amarilis S. Florane 9,7, Manir
E. Donato 9,7, Mercedes Tardeli 9,6, José de Carvalho 8,9, Nicolau Campedeli
8,9, Rômulo Guilherme 8,2, Dalva Santos 7,4, Maria J. Antonori 6,2, Paulo da S.
Ferreira 5
4a série
Angela de Oliveira 10, José de O. Pádua
10, Geni de P. Machado 9,8, Maria Ap. de Sousa 9,8, Domingos B. Rimoli 9,5,
Teresa D. Pulcinelli 9,8, Geraldo Teixeira da Silva 9,2, Nair da P. de Oliveira
9, Teresinha de J. D. Moreira 9, Fernando Montanari 8,8, Luiz D. G. Andrade
5,6, Dalixo J. A. Jorge(?) 7,6, Délio(?) F. Marcondes [ilegível], Teresinha
Guida 6,1, Maria F. de Oliveira 5,3, Mario Alves Sobrinho 5,1.
Não obtiveram media
1a série masculina
Angelo M. Magnoni, Clovis R. Martins,
Francisco L. Guimarães, Geraldo L. de Carvalho, lauro Del Vale Pizarro, Luiz L.
Leite, Mozart Podestá, Nilton R. Pinto.
1a série feminina
Balbina Z. Rezende, Maria Ap. Rezende,
Maria Ap. Vasconcelos
2a série masculina
Elzio Costa, Sílvio de Podestá
2a série feminina
Maria de I. M. Oliveira, Maria de L.
Melo, Teresinha Magalhães
3a série
Ernani Magalhães, Flavio Campedeli, José
M. Cotrim, João Vieira Filho, Pedro Beato, Rubens de FAria, Nisio da S.
Ferreira(?)
4a série:
Maria J. F. da Silva
(Continua)
LEGISLAÇÃO
DECRETO Nº 18.741,DE 29 DE MAIO DE 1945.
Concede reconhecimento, sob regime
de inspeção permanente, ao curso ginasial do Ginásio São José, de Muzambinho.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 74, letra a,
da Constituição, e nos têrmos do artigo 72 da Lei orgânica do ensino secundário,
DECRETA:
Art. 1º É concedido reconhecimento, sob regime de inspeção permanente, ao
curso ginasial do Ginásio São José, com sede em Muzambinho, no Estado de
Minas Gerais.
Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 29 de maio de 1945, 124º da
Independência e 57º da República.
GETÚLIO
VARGAS
Gustavo Capanema
|
A Lei estadual 4541 também concede
subvenção em bolsas de estudos de NCr$ 600,00 para aulas na Escola Normal e
Ginásio São José.
TEXTOS
DA INTERNET
Texto
1 – Trata-se de um
texto de um professor de Três Corações que estudou em Muzambinho, no Ginásio
São José. Destacamos a parte que fala do Ginásio.
sábado, 28 de janeiro de 2012
HOMENAGEM DO OS PELÉS AO PROF. MAIS
QUERIDO DA UNINCOR E DE TRÊS CORAÇÕES-MG, O MAIS ESPORTISTA DOS ESPORTISTAS
TRICORDIANOS, PROF.TERESINHO MOREIRA RITO.
Faz falta a amizade, o abraço, na escola
Entrevista com Teresinho Moreira Rito
gravada em 2008 para o projeto Memória da Educação Tricordiana, em Três
Corações (MG). Pesquisadores: Andressa Gonçalves, Luis Felipe Branquinho e
Paulo Morais.
Arquivado na categoria Educação
Nasci em Monte Belo, fica perto de
Muzambinho e a 64 quilômetros de Alfenas. Eu nasci em 6 de agosto de 1929. Meu
pai era Manoel Antonio Rito e, minha mãe, Aurora Moreira Rito. Meu pai era português e minha mãe era de São
Paulo, mas era filha de portugueses também.
Meu pai nasceu em 1901, eu acho, porque minha mãe nasceu em 1900 e era
um ano mais velha que ele. Ele nasceu em Portugal, num lugar chamado Mogadouro,
na divisa com a Espanha. Em 1911, me parece, a família dele veio toda pro
Brasil. Eles vieram pra São Paulo.
Logo depois teve aquela gripe espanhola, em
1918, eu acredito. Morreram todos, só ficou meu pai. Ele ficou jovem, sozinho
no mundo, sem ninguém.
Aí meu pai veio pra Poços de Caldas. E,
naquela época, o transporte era quase todo feito no lombo do burro. Então ele e
uns colegas iam em Lagoa da Prata pegar animais pra levar pra Poços de Caldas e
pra São Paulo, de modo que ele virou tropeiro. Ele levava só a tropa, não
levava carga não. A mercadoria dele era o burro. Quando eu era jovem, eu mesmo
conheci um senhor mais de idade, e eu conversava muito com ele.
Ele dizia que levava toucinho salgado, no
lombo de burro, de Monte Belo pro Rio de Janeiro. Eu nem imagino quanto tempo
levava.
Certamente, foi numa dessas viagens que
meu pai conheceu minha mãe, lá em Monte Belo. Poços de Caldas era importante na
época, pois dali eles distribuíam os
animais. Minha mãe morava em Monte Cristo, perto de Monte Belo. Ela era de
casa. Morava numa fazenda muito grande, muito boa. Quando eu nasci, a cidade
era muito pequena. Hoje, não deve ter nem cinco mil habitantes. Na época, era
um arraial.
E tem uma coisa importante: na minha
terra, não tem pobre. Tem cana de açúcar, fábrica de banha, fábrica de louça. E
lá é um monte com um riacho. É uma visão maravilhosa. É monte belo mesmo.
Eu nasci com uma parteira e com um
farmacêutico. Esse farmacêutico era italiano e formado em farmácia. Naquela
época, era interessante: se a pessoa machucava, eles tinham na gaveta da
farmácia a sangue-suga. Então punham ali no hematoma e a sangue-suga sugava o
sangue todinho. Depois punham na cinza do fogão e ela vomitava o sangue todo.
Eu fiz o primário em Monte Belo. Tinha
uma escola muito boa, o Grupo Escolar Coronel João Evangelista dos Anjos. Ele
funcionava num salão. Depois que
terminei o primário, nunca mais entrei lá. Depois disso, meu pai administrava uma fazenda, e eu fiz os
quatro anos do ginásio num colégio interno administrado pelos padres franciscanos holandeses. Era o Ginásio
São José, de Muzambinho.
Era colégio
masculino, voltado pra educação que não temos mais hoje.
De manhã, o padre
batia palma e a gente tinha que acordar na hora. Todo mundo tomava banho frio e
depois tomava o café. Todo dia tinha missa, antes das sete horas. Outro dia,
conversando com alguém, eu disse que fui educado em colégio interno com os
padres franciscanos holandeses.
Ele me disse:- Não
precisa falar mais nada.Os padres tinham um cordão amarrado na cintura.
De vez em quando, o cordão funcionava pra bater. Castigo
era pouco. No domingo, depois do almoço, a gente podia sair até depois do
matinê. O matinê começava às duas horas, e, de lá, todo mundo vinha embora.
Não era exigido acompanhante, nesse dia. Mas quem cometesse
qualquer falta durante a semana não saía no domingo: ficava fechado. E também
não se aceitava chamar o professor de você: era o senhor ou a senhora.
A escola ensinava a gente a ter classe, respeito, e hoje
não tem isso mais.Naquela época, os alunos aprendiam as atividades rurais na
escola. E lá você tinha tudo: escova de
dente, creme dental, sabonete, roupa. Até o sapato a escola dava. Quando o aluno chegava, recebia todos os
livros, que já estavam no armário aos pés da cama. O material era todo marcado
com uma letra bonita da dona Albertina. Não esqueço disso.
A gente recebia o material, mas era pago dentro da
mensalidade. Tínhamos cadernos, livros, e caneta era a pena, de molhar.
Estudávamos latim e literatura latina. Inglês e literatura
inglesa. Espanhol e literatura espanhola. Francês e literatura francesa. A
nossa turma conversava em francês no quarto ano ginasial. Literatura portuguesa de Portugal e portuguesa
do Brasil. No primeiro ano do segundo grau, nós tínhamos uma noçãozinha de grego.
Em geografia, nós estudávamos todos os países do mundo,
cidades principais, montanhas, rios, produção.
Tínhamos trabalhos manuais. Como tinha gente da zona rural,
fazia cabresto, corda, rede e outros utensílios pra montaria. Tínhamos desenho
a mão livre e desenho geométrico. Agora, olha o que fizeram com a nossa
educação. Está tudo muito diferente.O nosso uniforme era amarelo.
Era uma calça, uma jaqueta com botões pretos e uma camisa
branca por baixo. Tínhamos o grêmio social, com presidente, secretário e tudo o
mais. Tinha a finalidade de educar, comemorar aniversário ou ainda tratar da
morte dos poetas famosos ou de figuras da política. Tudo era comemorado.
Estimulava a literatura, a arte, a música. Tínhamos curso de música.
Eu sabia música muito bem. O primeiro presidente do grêmio
fui eu, durante um ano.
Eu saí do ginásio e meu pai não tinha condições de pagar
colégio pra mim.
Minha mãe teve que engordar um porquinho
na porta da cozinha.
Eu ainda lembro do meu pai levando o
porquinho pra cidade. Era 1946, e, naquela época, tinha um tio meu, Arthur de
Melo, que morava em Belo Horizonte. Quando terminei o ginásio, falei que ia pra
lá e, com 15 anos de idade, enfrentei três dias seguidos de viagem. Hoje, a
viagem dura três horas, mas, naquele tempo, era complicado viajar. Eu saía de
Monte Belo num dia, à noite eu saía daqui de Três Corações e ia amanhecer em
Divinópolis. Quando eu cheguei aqui em Três Corações, eu vi aquela igreja e
achei a coisa mais bonita do mundo. Pra você ter uma idéia, a ponte da
rodoviária ainda era de madeira. Naquela hora, nasceu amor por Três Corações.
Em Belo Horizonte, eu trabalhava durante
o dia e estudava à noite. Fiz o primeiro ano colegial daquele tempo.
Eu trabalhava com o meu tio na loja de
produtos farmacêuticos. Foi uma oportunidade muito boa.
Estudei no Colégio Anchieta, que hoje é a
Faculdade Newton Paiva. Foi lá que conheci o Paulo Neves, que foi o meu
professor de Português. Ele dava verbo
intransitivo pra conjugar no imperativo. Na prova, se você tirava dois, tinha
comentário. Uma vez eu tirei quatro e fiquei com vergonha de falar que era eu,
por causa do comício que ele fazia. As
provas valiam cinco.
Fiz apenas o primeiro ano colegial em
Belo Horizonte. Era um colégio particular.
A situação do papai tinha melhorado um
pouquinho. Nesta época, a gente era obrigado a fazer prova oral. Hoje, os
alunos acham que é castigo. Teve um fim de ano que eu estava louco pra ver
minha mãe e meu pai, pois fazia um ano que não via os dois. As provas já
estavam marcadas e eu comprei passagem no trem noturno, um dia depois da prova
oral de espanhol. Naquele tempo, a gente ia dormindo no trem.
Você escolhia o vagão normal ou a cabine
com camas. Eu havia comprado a cabine, pois estava muito cansado porque era o
fim do ano letivo. Mas, na véspera da prova, o que acontece?
O diretor do curso foi atropelado e
morreu. E a prova de espanhol, que era no dia seguinte, foi adiada.
Perdi minha passagem, perdi meu leito. Eu
fui falar com o diretor do colégio.
O homem esculhambou comigo:- O senhor é
um imprevidente!
Aí eu expliquei pra ele a situação. Como
é que eu ia imaginar que o homem ia morrer?
Ele disse: - Eu vou fazer o favor de te
dar zero nessa prova! O boletim ainda está comigo!
E está zero vírgula zero na prova oral de
espanhol.
Mas eu vim embora!
Depois voltei pra Monte Belo e fiz o
segundo e o terceiro colegial no Colégio Municipal de Alfenas.
Depois do colegial, fiquei mais três anos
em Alfenas, na faculdade. O curso de odontologia era feito em três anos. A
faculdade era EFOA, Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas. No ano que eu saí, ela foi federalizada.
Sempre foi boa escola, desde o meu tempo. É uma das melhores escolas do Brasil,
até hoje.
Mas, naquele tempo, era diferente, porque
o aluno era diferente. O relacionamento, a responsabilidade do aluno, tudo era
diferente. Nós assistíamos aula de terno e gravata. Nunca um professor meu deu
aula sem terno e gravata. Todos os sábados e domingos, os alunos de Odontologia
e Farmácia iam passear na praça, sempre de terno e gravata. Nas festas do
clube, o povo considerava muito os alunos. Se a gente ia tirar uma menina pra
dançar, primeiro cumprimentava a mãe e o pai. Era chique demais da conta. Você
levava a moça até a mesa e agradecia.
Era outro mundo. Não podia nem colocar a mão fora do lugar, e a gente
conversava durante a dança. Tinha um baile da primavera que era a coisa mais
bonita do mundo. Isto foi de 1948 a 1951. Eu
tinha 20 anos quando eu formei em Odontologia.
Quando eu saí da faculdade, o meu
professor de técnica odontológica, Paulo Passos da Silveira, me ofereceu a
cadeira dele. Disse que eu era uma pessoa de confiança. Mas eu falei que nunca
tinha pensado em ser professor e indiquei um colega meu, o Mário, que virou
professor em Alfenas. Então, eu comprei um consultório à prestação e fui
trabalhar em Governador Valadares. Eu tinha ouvido falar que lá era bom pra
trabalhar. Naquela época, Valadares não tinha nem luz elétrica direito. Eram só
quatro horas de energia por dia. No
resto da noite, a luz era acesa com óleo. Eu cheguei na cidade de terno e
gravata, sozinho naquele mundo. Fui passear na praça e passei em frente a uma
loja que estava cheia de meninas e elas riram.
Passei de novo e elas continuaram rindo.
Na terceira vez, entrei e falei que estava meio perdido, que precisava
de um lugar pra morar. Aí a moçada caiu na risada. Elas acharam que eu fosse do
circo, porque tinha acabado de chegar um circo por lá. Aquele pessoal era da
elite, e eu acabei entrando pra elite da cidade. Naquele tempo, havia uma
separação muito grande. Mas eu estava com 21 anos, e achei lá muito
violento.Voltei pra Monte Belo e comecei a trabalhar como dentista.
O pessoal da cidade fez uma associação
pra fundar um ginásio na cidade. Naquele tempo, a educação era supervisionada
pelos inspetores federais. Então fizeram uma reunião e o inspetor, que chamava
Sebastião de Sá, veio a Guaxupé. Era um inspetor espetacular. E, durante a
reunião, ele disse pra mim:
- O Senhor vai ser o diretor do colégio.
Eu esfriei todo.
- Deus me livre! Eu não quero, não
entendo nada. Não sei montar um
currículo.
- Mas tem que ser o senhor.
Aí eu comecei a pensar. E ele disse:
- Minha secretária fica à sua disposição
na inspetoria. Tudo o que o senhor
precisar, o senhor pode ir lá.
Eu resolvi enfrentar. Isso já era na década de sessenta. Mas não
tinha lugar pra fundar o colégio. Então,
meu sogro tinha um prédio todo de tijolo
aparente, de uma firma que estava pra fechar. E assim nós fomos começando.
Terminava de contruir uma sala, começava a outra. Quando terminava uma sala,
fazia uma festa. Conseguimos realizar aquele ideal, pela educação. E
construímos o colégio.
Então, à medida em que o tempo foi
passando, eu fui estudando. Primeiro fiz Filosofia e História em Guaxupé,
depois fiz Psicologia na faculdade em Três Corações. Tenho três diplomas, doze
especializações e o mestrado. Mas, naquele tempo, em Monte Belo, tinha uma
política terrível, com muita briga entre as famílias e entre os partidos da
época, PSD e UDN. Então, nós quisemos pôr o nome de Ginásio Moderno de Monte
Belo, pois assim não ficava nem municipal, nem estadual, nem particular. Em
Muzambinho, por exemplo, tinha dois colégios. No Colégio São José, estudava o
pessoal do PSD. No Colégio Estadual, estudava o pessoal da UDN. Até a igreja era
separada. Pra você ver como o mundo é muito pequeno: no ato de assinatura do
governador, criando o colégio, eu era o presidente da Câmara da minha terra.
Estava o prefeito, eu, o doutor Manoel Taveira de Souza, que era o secretário
do interior e o governador, doutor Magalhães Pinto. Nós fomos pra sala do
Governador e, no ato de assinatura, quem era o chefe de gabinete dele? O Paulo
Neves. Ele olhou pra mim e disse:
- Eu te conheço.
- Lembra do quatro que eu tirei na sua
prova?
- Estamos em casa.
* * *
Quando eu estudava na faculdade de
Guaxupé, foi um tempo ótimo, porque tinha professores da PUC de Campinas e da
Unicamp, já que Campinas fica perto dali. O Rotundaro, o Alaor e o José dos
Santos eram professores aqui em Três Corações e iam de carro pra Guaxupé todo
fim de semana, pra fazer o curso de Filosofia. Quando eu estava terminando a
faculdade, meus filhos estavam crescendo e eu pensei: “eu vou embora daqui”.
Queria ir pra Anápolis, Goiás, porque tinha um conhecido que era Secretário da
Fazenda por lá. Mas quando eu falei isso, os três não deixaram de jeito nenhum.
- Você vai é pra Três Corações.
Eu já gostava daqui e falei:
- Vou, mas se eu prestar concurso e
passar.
Então, abriu o concurso no Estado. Fiz,
passei e vim pra cá em 1969. Os americanos chegaram lá na lua e eu aqui em Três
Corações. O concurso era pra professor do Estado do primeiro grau e foi danado.
Tinha uma prova oral, perante uma banca da UFMG, na Faculdade de Filosofia de
Guaxupé. O negócio era complicado, não era moleza, não. Naquele tempo, você
tinha que prestar o concurso pro primeiro grau e, só depois, pro segundo grau.
Só que, na época, não usava essa nomenclatura. Usava ginasial e colegial. Hoje
emendaram tudo. Antes era primeiro, segundo, terceiro e quarto ginasial, depois
primeiro, segundo e terceiro científico.
E, antes disso, já existiu a opção entre
clássico e o científico. Quando eu entrei no colegial, acabou isso.
Quando passava no concurso, você recebia
um certificado bem específico pra qual matéria e qual ciclo você podia dar
aula. O primeiro ciclo correspondia da primeira à quarta série do ginásio e o
segundo, do primeiro ao terceiro ano do científico. Eu comecei aqui, em Três
Corações, lecionando pro ginásio. Nessa época, a inspetoria central funcionava
em Juiz de Fora e tinha representante aqui em Três Corações. Nas férias, aquele
professor que não tivesse credenciamento, não tivesse curso superior, fazia um
mês de aula dentro da especialidade e podia lecionar. Era o exame de
suficiência. Mas, se não fossem aprovados nesse curso, não podiam lecionar.
O controle era sério.Aqui tinha dois
inspetores. Eles supervisionavam os professores e era tudo inspecionado.
Eu
dava aula de história. Aqui era uma máquina de dar aula de história. Tinha a
Oneida, a Mônica, a Terezinha Fonseca e eu. No período do regime militar, houve
uma intervenção no colégio. Veio pra cá o professor Amauri, que dava aula em
Alfenas, pra ser diretor. Ele foi nomeado direto pelo Secretário de Educação.
Ele me falou:
- Você vai tomar conta do ginásio pra
mim. Eu falei:
- Não vou, porque minha mulher disse que,
se eu me envolver com direção de escola, ela me larga.
Aquilo era um abacaxi danado, e eu não
quis saber. Mas ele foi lá em casa, conversou com minha mulher e ela disse: -
Vai. Então, ficou o Amauri como diretor e eu, responsável pelo turno da noite,
que era barra pesada.
O
Erasmo ficou como coordenador do turno da tarde e o professor Ribamar, do turno
da manhã. O Amauri falava que o Colégio Estadual de Três Corações nunca mais
teve e nunca mais vai ter um grupo de professores como teve. Pra quem gostava
da ditadura, na época, era uma beleza. E era bom, porque tinha uma disciplina
danada. Os alunos estudavam Educação Moral e Cívica, era obrigado a ter em
todos os anos. Essa matéria dava toda a estrutura de governo e ia aprofundando,
procurava naquilo a lógica de fazer saliência aos militares. Estudava as
revoluções no Brasil, e foram muitas.
Naquele tempo, nós tínhamos 2.400 alunos,
pra mais. À noite, nós tínhamos uma turma de alunos da ESA. Eles vinham pro curso colegial, ou segundo
grau. E, nesta época, resolveu-se que todos os alunos deviam desfilar no 7 de
setembro. Imagine: todos os alunos! Colocar os 2.400 alunos em forma! Foi
difícil, mas conseguimos.No turno da noite, tinha alunos pobres e ricos
misturados, e alguns alunos da EsSA também. O problema disso é que os alunos
ricos queriam ter mais regalias que os pobres. E o pobre se sentia humilhado.
Era difícil. O primeiro problema meu foi com respeito a uniforme. E aí o
diretor era o doutor Ubirajara Lopes Vieira. Ele era um cara oito ou oitenta,
com ele não tinha conversa. Inclusive, ele mandava medir as saias das moças pra
ver a que altura estava do joelho. Ele era pulso firme. E falava com a gente:
- Vocês é que são os diretores, são os
responsáveis por seus turnos, façam suas coisas direito. Porque se fizerem
coisas erradas, eu vou ter que defender vocês, e defender coisa errada é muito
difícil.
No meu turno, eu pus ordem. O aluno que
era repetente não estudava mais no Colégio.
De primeira limpeza, foram 34 embora. Vinham fazer a matrícula ou pegar
uma carteirinha pro cinema e eram recusados. Teve afilhado do prefeito que foi
até o Delegado em Varginha. Mas não entrava, não, porque ocupava o lugar dos
outros.
O doutor Ubirajara era uma pessoa do
coração muito bom. Uma vez, ele veio
conversar comigo:
- Não quero menino nenhum sem uniforme.
- Mas como exigir uniforme de menino
pobre?
- Vai lá no Zé Naback e compra uniforme
pra quem precisa.
Nós tínhamos duas educadoras
espetaculares: a Maria da Glória e a Ivani. Elas fizeram o levantamento
socio-econômico dos meninos. Nós fizemos mais de 200 uniformes. Foi um dia que
eu nunca esqueci. Você precisava ver a satisfação daqueles meninos. Nunca
tinham ganhado nada. E agora tinham uniforme igual aos outros. Educar é isso.
Eu fiquei como diretor do turno da noite
por 10 anos. Depois, foi lançada, por um governo, uma seleção competitiva
interna. Se você era engenheiro e professor, podia fazer exame pra engenharia
do Estado.
Eu, como era dentista, fiz o concurso e
passei. Fui trabalhar fora da área de ensino e por isso deixei a escola.
Na Universidade, eu ingressei da seguinte
forma: o professor José Maria Maciel pediu que todos os dentistas mandassem o
currículo pra ele. O seu secretário, Muriel, selecionou os currículos daqueles
que podiam lecionar. Eu tinha duas cadeiras na Universidade de Campanha.
Lecionava História e História do Brasil. E tinha três cadeiras na faculdade de
Odontologia em Lavras: dentística, material dentário e dentística clínica.
Então eu fui selecionado e comecei a lecionar na faculdade daqui. Deixei a
faculdade de Lavras, na ocasião.
Houve uma época em que o Estado não
oferecia o atendimento odontológico nas escolas, mas nós fizemos um trabalho
muito bom com meus alunos da Universidade. Em conjunto com o Dr. Francisco, da
Seccional de Saúde de Varginha, e com dinheiro de rifas, colocamos um
consultório no Estadual, um no Polivalente e um numa escola na saída pra
Cambuquira, pros alunos trabalharem.
Falam que sou muito exigente. Eu não
aceito um aluno meu chegar atrasado na aula. Com 43 anos que dou aula, eu nunca
cheguei atrasado numa aula. Eu falo pros meus alunos:
- Eu gosto tanto de vocês que eu não
quero que vocês percam nem um minuto de aula.
A educação de 20 anos atrás é muito
diferente da de hoje. A mocidade de hoje precisa de muito carinho e muita
compreensão. Hoje, você vai no computador e tem tudo na mão. Não tem carinho,
não tem diálogo. Por exemplo, os meus alunos da Odontologia mostram uma
necessidade muito grande de carinho, de amizade. Todos eles, quando chegam,
pegam na minha mão na hora de entrar na aula e, na hora de sair, me abraçam.
Acho que educar é isso. Hoje, meus alunos trazem os filhos pra me conhecerem.
Imagina o que vira meu consultório, é um choro só. Conclusão: eu analiso isto daqui, como é importante o
relacionamento na escola, partindo dessa minha visão. É tão bom ver as pessoas
felizes. O aluno tem que conversar e rir. Quando não ri, você pode saber que
falta alguma coisa. Faz falta a amizade, o abraço, na escola
PROF: TERESINHO RITO
OBRIGADO
PELO SEU TRABALHO E DEDICAÇÃO EM PROL DE TRÊS CORAÇÕES , DA UNINCOR
-TC E DO CLUBE ATLÉTICO DE TRÊS
CORAÇÕES.
Texto
2 – O texto retirado de
uma revista do INEP apresenta a lista de todos estabelecimentos secundários do
Brasil, e nomina o Ginásio São José em Muzambinho.
Estabelecimentos de ensino secundário
ano de 1945 — O cartograma acima apresenta distribuição das escolas de ensino
secundário no país, em agosto de 1945. Funcionavam, nessa época, 827
estabelecimentos, sendo 538 ginásios e 289 colégios.
O ENSINO SECUNDÁRIO NO BRASIL EM 1945 O
ensino secundário é ministrado, no país, em dois ciclos. O primeiro, com quatro
anos de estudos, compreende um só curso : o curso ginasial ; o segundo, com
três anos de estudos, compreende dois cursos paralelos: o curso clássico e o
curso científico. O estabelecimento que só ministre o curso de 1.° ciclo, ou
ginasial, tem a denominação de "ginásio". O estabelecimento que, além
do curso de ginásio, ministre os dois cursos de segundo ciclo, recebe o nome de
"colégio". Em agosto de 1945, segundo os dados fornecidos pela
Divisão de Ensino Secundário do Departamento Nacional de Educação, à qual
diretamente incumbe a administração desse ramo de ensino, existiam, em todo o
país, 538 ginásios e 289 colégios, num total de 827 estabelecimentos, os quais
assim se distribuíam pelas unidades federadas :
REVISTA BRASILEIR A DE ESTUDO S
PEDAGÓGICO S Vol. VI Novembro. 1945 N.º 17, INEP.
Texto
3 – Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 8, Setembro de 1948, fascículo 3.
Disponível em http://www.obrascatolicas.com/livros/Revista%20Eclesiastica%20Brasileira/REB%2008%20FASC%2003.pdf
Frei Geraldo van Sambeek,
O. P. M. - Faleceu aos 25 de Abril na Casa de Saúde S. Lucas em Belo Horizonte.
Era natural de Veldhoven (Holanda), onde nasceu em 29 de Outubro de 1887.
Depois de completar o curso secundáriv no Colégio Seráfico de Venray, recebeu o
hábito franciscano em 7 de Abril de 1907. Fez a sua profissão solene em 1911,
ordenando-se sacerdote em 22 de Março de 1914. Depois de doutorar-se em letras
na Universidade de Amsterdão, lecionou 110s ginásios de Venray e Heerlen. Vindo
para o Brasil em 1926, trabalhou em Divinópolis (Minas) até 1931, quando foi
nomeado Superior do Ginásio S. Antônio em S. João dei-Rei. De l 936 a l 937
esteve na Holanda em tratamento de · saúde. Depois de trabalhar três anos como
Vigário em Muzambinho, foi incumbido de fundar em Santos Dumont um Seminário
Seráfico, que hoje é uma realidade. Por motivos de saúde, em Junho de l 942 foi
transferido para a Colônia S. Isabel, onde trabalhou entre os leprosos com zelo
edificante até a sua morte.
Artigo escrito dias 20 e 21 de setembro de
2017.
Inserido no livro em 21 de setembro de 2017
[1] Essa primeira parte foi
escrita entre 2007 e 2009, para minha dissertação de mestrado, e corrigida em
20 de setembro de 2017.
[2] Assim como sei falar pouco sobre o Juvenato
Franciscano construído ao lado do Ginásio São José.
[3]
Trata-se de um equívoco, pois a Escola Normal continuou funcionando
ininterruptamente até 1952, quando foi incorporada no Colégio Estadual,
funcionando o mesmo curso até 1998.