#169 Ginásio São José – escola católica de Muzambinho entre 1941-1951

#169 Ginásio São José - escola católica de Muzambinho entre 1941-1951
Otávio Luciano Camargo Sales de Magalhães


O Ginásio São José[1]

            O Ginásio se localizada nos terrenos baldios entre a loja de materiais elétricos do Marquinho da Empresa e os bancos Itaú e Branco. O edifício foi a junção de uma residência com um prédio de lojas comerciais.
            Após ser desativado funcionou como Juvenato Franciscano (Seminário).

Frei Querubim Breumelhof (foto do acervo do Museu Municipal Francisco Leonardo Cerávolo)

Frei Querubim inaugura Ginásio São José (foto do acervo do Museu Municipal Francisco Leonardo Cerávolo)
           
Com o fechamento do Lyceu em 1937, alguns estudantes envolvidos nas crises como Graco Magalhães Alves, se viram forçados a abandonar o ano letivo e se reprovarem. Outros tiveram o ano concluído com outros professores em salas improvisadas no Grupo Escolar Cesário Coimbra. De qualquer forma, após os conflitos que levaram a morte de José Saint Clair Magalhães Alves em setembro de 1937, o Ginásio Mineiro de Muzambinho foi fechado. Muzambinho ficou sem Ginásio. A Escola Normal continuou existindo, oferecendo também cursos primários e comercial, mas o Ginasial e os Preparatórios haviam sido desativados no Lyceu.
Muitos não sabem, mas, a rigor, o Lyceu não foi transformado em Ginásio Mineiro, ainda que eu tenha dito isso algumas vezes. O Lyceu fechou seus cursos ginasial e os exames preparatórios para a universidade, tendo em vista que doou parte de seus terrenos para a instalação do Ginásio Mineiro de Muzambinho no início de 1930.
O Lyceu continuou funcionando em 1930, onde hoje se localizam Banco do Brasil, Colégio Comercial, Restaurante Cesário’s, Posto RVM, casas e terreno baldio no quarteirão entre as atuais ruas Salatiel de Almeida, Cesário Coimbra, Pedro Primeiro e Cap. Heleodoro – funcionavam nos prédios nesse quarteirão a Escola Normal, o curso primário e comercial do Lyceu, todos pagos, tendo como diretor e proprietário o prof. Salathiel de Almeida, que também morava nesse espaço. Também continuou sob a administração do Lyceu o Patronato Agrícola Lindolpho Coimbra.
Toda a parte localizada onde hoje é a EE Prof. Salathiel de Almeida foi transferida para posse efetiva do Estado, e o curso ginasial do Lyceu foi fechado, incluindo o internato masculino, dando espaço para o Ginásio Mineiro de Muzambinho, cujo reitor era Salathiel e grande parte dos professores era aproveitado.
            Até hoje não consegui entender o prédio da Escola dr. José Januário de Magalhães, conhecido por todos hoje como “Escola de Comércio”, onde funcionava até pouco tempo 17 repartições públicas e entidades e hoje é uma das unidades do campus de Muzambinho do IFSULDEMINAS. Não sei que papel o prédio (horrível por sinal) desempenhava naquela época. Sei que foi construído para ser uma escola religiosa de meninas, mas sei falar pouco sobre ela[2].
            Na Praça Getúlio Vargas, atual Pedro de Alcântara Magalhães, foi montado, porém, alguns anos mais tarde, o Ginásio São José. Nesta época, o criador do Ginásio, Frei Geraldo van Sambeek, mas desde o começo a escola teve como diretor o Frei Querubim Breumelhof. Frei Geraldo fora transferido de Muzambinho antes da escola ter o início de suas aulas para a cidade de Santos Dumont e lá Frei Geraldo fundou junto com Frei Miguel Burger e Alexandre Noordeloos o Colégio Santo Antônio em 18 de fevereiro de 1941, em Santos Dumont - MG.. Frei Querubim também aos poucos passou a ser diretor da Escola Normal, que comprou de Salathiel (veja #92) e da Escola Paroquial (atual EM Frei Florentino).
            O Ginásio São José foi criado no final de 1941. Em 1942 funcionou o 1º ano. Era composto de 5 anos ou 4 anos (dependendo da época). Era só Ginásio mesmo. Há informações divergentes (veja abaixo, em texto manuscrito transcrito, que afirma criação em 1940, início das aulas em 1941 e iniciando com 1º e 2º anos ginasiais).
            Funcionou até 1952, quando fechou, e todos seus alunos foram para o Colégio Estadual. A Escola Normal também fechou nesta época, passando todos os seus alunos para o Colégio Estadual.
            O jornal “O Muzambinho”, de 09/06/1940 anuncia a posse do Frei Querubim Breumelhof e do missionária Padre Miguel Poce. Discursou na posse o prefeito e o prof. Salatiel.. Note que o discurso do prof. Salathiel nessa época já era algo extemporâneo, numa época onde ele perde o posto central na vida da cidade. Mais tarde Salathiel afirmaria que Querubim era “anjo no nome e demônio na atitude”.

Foto do Ginásio São José (foto do acervo do Museu Municipal Francisco Leonardo Cerávolo)

            Algumas informações sobre o Ginásio São José circularam pelos jornais e são citadas em obras:
Ginásio São José
Avisamos aos interessados que os exames de admissão da primeira época, para o curso ginasial, serão na primeira quinzena de dezembro. Os interessados devem, em tempo preparar os documentos necessário. Informações na secretaria do Ginásio. Praça Getúlio Vargas, 10. (O Muzambinhense – 12/11/1944)

Exposição de Trabalhos
Na Escola Normal – 19 e 20 de novembro
Escola Paroquial – dias 12, 13, 14
Ginásio São José – dias 24, 25 e 28 (O Muzambinhense – 12/11/1944)

A diretoria do Ginásio desejando liquidar o resto das suas dívidas que contraiu na compra da Escola Normal, avisa a todas as pessoas interessadas que, até o dia 30 de setembro do corrente ano, podem receber, a importância das apólices em seu poder.
Avisa que a importância devedora será entregue mediante apresentação das apólices na secretaria do Ginásio São José, Praça Getúlio Vargas, 34, nesta cidade.
Padre Frei Cherubin Breumelhof OFM, Muzambinho, agosto de 46 (O Muzambinho – 08/09/1946)

E hoje, cumprindo a promessa de reabilitar Muzambinho das perdas que sofreu, apoiado por um pugilo de bons muzambinhenses, afim de soerguer o nível cultural da cidade ao que o glorioso passado do seu povo construiu com sacrifício e amor, encontrou ele na ilustre e combativa pessoa do Padre frei Geraldo Von Sambech, aquela que se responsabilizou pela criação de um estabelecimento de ensino secundário. E à tenacidade do frei Sambech se deve grandemente a fundação do novo ginásio “São José de Muzambinho”, que é uma realidade bendita, e que – permita Deus – deverá servir de pedestal às gerações futuras e, pouco a pouco, de resurrexit do muito que foi e possuiu Muzambinho!. (SOARES, 1940)

Frei Querubim Breumelhof OFM
30 anos no Brasil, 6 anos em Muzambinho
Ginásio São José e Escola Normal
(...)estabelecimentos de ensino que se destacam em toda esta zona e aos quais o sacerdote dinâmico presta todo o seu aproveitamento moral e material (O Muzambinho – 07/04/1946)

            Se a ditadura gerou conformismo, não sei. Mas a diretora do jornal “O Muzambinhense”, antes, tucana, agora dirigia um jornal religioso, numa cidade onde o pároco era pica-pau. Essa diretora, profa. Albertina Magalhães, também era secretária do Ginásio São José.

Fotos do Ginásio São José – Antiga residência do Major Gabriel A. Silva Costa (foto do acervo do Museu Municipal Francisco Leonardo Cerávolo)

            Antônio Santini, homem simples, coloca a sua visão do fechamento do Lyceu e da venda da Escola Normal:
A crise aumentava e Salatiel vendeu o colégio para o Frei Querubim e o Patronato Agrícola para D. Zuleidinha e seu marido Vitório. (Antônio Santini – texto datilografado)
            Ele não sabia da cláusula que exigia do prof. Salatiel a não abertura de novas escolas em Muzambinho, como nos conta Lacerda e a história.

Fotos do Seminário (acervo do Museu Municipal Francisco Leonardo Cerávolo)

Há um livro do “Ginásio São José” na secretaria da EE Prof. Salatiel de Almeida. Pretendemos estuda-lo.




Reabertura do Ginásio Mineiro e fechamento do Ginásio São José
           
            O Ginásio foi reaberto. Mas foi reaberto na administração udenista de Milton Campos, com o nome Colégio Estadual de Muzambinho, tendo como reitor por alguns poucos dias Salathiel de Almeida e posteriormente Antônio Magalhães Alves, que retornara para Muzambinho depois de anos lecionando fora – era Magalhães Alves o maior aliado e braço direito de Salathiel. Em 1951 ele foi sucedido por Juscelino Kubitschek, do PSD, mesmo partido dos pica-paus.
            A cidade mineira era governada por Messias Gomes, da UDN, tucano. Novamente, em 1947 um tucano reassumia o poder em Muzambinho, vencendo o grupo do prefeito Lauro “Lalau” Campedelli, que sucedeu provisória e nomeadamente dr. José Januário de Magalhães ao fim do Estado Novo.
            Juscelino exonerou Antônio Magalhães Alves por questões políticas e nomeou Frei Pedro Schretlen. Isso gerou uma greve de alunos: “Queremos o Magalhães”, em 1951. Veja #144 e #38.
            Não entraremos em detalhes, mas, ao reabrir o Ginásio, os professores exonerados foram readmitidos, veja #92. Também temos alguma fonte primária sobre a Greve, que ainda não publicamos.

Greve de 1951 (fotos do acervo do Museu Francisco Leonardo Cerávolo)

Após a saída de Magalhães Alves em 1951, foram diretores da escola Frei Pedro Schretlen e Aristides Kasbergen, apesar da profa. Ivone Bócoli indicar 1949 e 1950 os nomes de Frei Pedro e Astolfo (ou Astoldo) Gusman.
FREI PEDRO e ASTOLDO GUSMAN – Foram diretores da instituição nos anos de 1949 e 1950. As fotos não foram localizadas e a direção do colégio continua a disposição dos familiares para que os mesmos também possam fazer parte da galeria de fotos da escola.”
“Parabenizamos a Profa. Ivone Bócoli pelo trabalho de pesquisa fazendo o levantamento de fotos e datas de todos os diretores. (FR – 29.9.2001)
            Dados do site da Biblioteca da Ordem Franciscana na cidade de Divinópolis, disponíveis no site http://isis.salesiano.br/cgi-bin/wxis.exe, acessados em 17.07.08, mostram que os interventores nomeados para Muzambinho foram Frei Pedro Schretlen e Aristides Kasbergen, tendo como cooperador Irineu Van Tongeren, todos da Ordem Franciscana, que no final de 1951 teve o comando do Colégio Estadual de Muzambinho. O site também dá informações sobre o pré seminário de Muzambinho, o Juvenato Franciscano Nossa Senhora Aparecida de Muzambinho, que existiu no município entre 1958 e 1963 em prédio ao lado do Ginásio São José, aproveitando partes da estrutura física do Ginásio, sendo esse prédio demolido nos anos 90. Meu pai lecionou no Juvenato entre 1961 e 1963.
            O prédio da escola, após o fechamento do Ginásio, funcionou como Seminário Juvenato Franciscano Nossa Senhora da Aparecida, que, ao ser fechado, funcionou por diversas outras coisas, inclusive como Colégio Comercial (meu pai e minha mãe foram diretores do Colégio Comercial quando esse funcionava no mesmo prédio do Juvenato). Cláudia Romano Borelli, no Sou Mais Muzambinho, em agosto de 2012 lembra que fez ballet com a profa. Deise no prédio. Jorge Luiz Gonçalves lembra, em 18 de novembro de 2013, que fez o pré-primário com a Dona Leila em 1971 ou 1972 no prédio. Conta também que a Cowan, que construiu a BR 491 usou o prédio no início dos anos 70. Fabrícia Toledo Botelho lembra que comia lanches no local (disso também lembro), ela fala do coro de sapo do Pedrão. Eu lembro que o Pedrão usou o local nos anos 2010, mas sei que nos anos 80 tinha lanchonete lá.
            Em reação à uma foto de “Sou Mais Muzambinho”, Izabel Silva Sacramento, em 15 de setembro de 2017 também lembra que fez pré-primário na escola com dona Leila, e que a construção estava bem abalada (eu também lembro da construção bem avalada). Letycia Prado von Zuben lembra em 15 de setembro de 2017 que fez aulas de teatro no piso superior do assoalho, e o uniforme era xadrezinho de branco e vermelho. Paulo Vicente, em 16 de setembro de 2017 e Milton Gonçalves Filho no dia seguinte lembram que quando a EE Prof. Salathiel de Almeida foi reformada estudou por lá. Elizabete Bonaldi, em 15 de setembro lembra que sua mãe, Elvira Bonaldi, também deu aula no prédio. Edson Rossi, em 17 de setembro de 2017 lembra que além de fazer o prezinho, teve aula de Judô no local com o prof. Ivan de Freitas. Marco Aurélio dos Santos Tavares, em 5 de setembro lembra de seu pré-primário aí, "no primeiro ano, do salão no centro ao fundo e no segundo andar à esquerda, no segundo ano. Também lembro que no porão tinha pneus que rodávamos no intervalo." Petronilha Vilela lembra que fez estágio do magistério lá.
            Voltando aos Freis substitutos, talvez fosse interessante dirigir até Divinópolis para coletar informações, porém, achei que isso pode ficar para um trabalho posterior. Foi interessante que consegui informações sobre o Frei Pedro que eram ainda desconhecidas em Muzambinho. Ninguém havia ainda escrito sequer o nome completo do interventor.
            Agora resta compreender a versão de Astolfo Gusmán ou Aristides Kasbergen, o que não vamos tentar solucionar nesse texto.

            A exoneração de Antônio Magalhães Alves causou novos protestos, manifestações. Semelhantes as de 1937. Foi a famosa greve de 1951. O 10º BCM voltaria? Ginásio fecharia novamente. Isso convinha aos pica-paus, a Lalau Campedelli, ao Frei Querubim (para manter seu “Ginásio São José”)? Ou Frei Querubim queria ser o diretor do Colégio?
            Muitos protestos conseguiram manter o Ginásio. Em 1952 uma importante figura assumiria a direção da escola, o prof. João Marques de Vasconcelos (que chegou ao posto de vice-governador de Minas Gerais, maior título político conseguido por um muzambinhense). A partir de João Marques a história da escola seria outra. João Marques havia sido aluno, auxiliar e professor no Ginásio São José e era próximo de Querubim.
            O fechamento de 1951 era a continuação da luta dos pica-paus para não ter um Ginásio dirigido pelos tucanos. Era a luta contra um Ginásio tucano. A história, quase a mesma.
            Juscelino não fechou o Ginásio. A história não se repetiu. Mas Magalhães Alves foi embora. Embora de Muzambinho, embora da política local. Salathiel também. Só retornou para ser enterrado por aqui.
            Se frustrando com a falta de apoio e com a vitória tucana, Frei Querubim foi embora de Muzambinho, e conta a lenda, que tirou as sandálias e bateu ao sair da cidade, dizendo que não queria levar de Muzambinho nem o pó. Veja #12.

Lauro Campedelli, benfeitor do Ginásio
Milo Carli Mantovani, professor do Ginásio
Frei Querubim, foto da Província Franciscana
Frei Pedro e Frei Aristides
 
Albertina Magalhães, Walter Cipriani e Alice Cerávolo, professores da escola
João Marques de Vasconcelos (foto atual). Professor do Ginásio São José.
José Tocqueville de Carvalho e Dirce Agostinho Gaspar, professores do Ginásio
Armando Coimbra, inspetor do Ginásio
Professora Antônia Fernandes, professora do Ginásio São José, atualmente ela dá o nome ao antigo Colégio Delta COC
Professora Almira Machado Coimbra, professora do Ginásio São José. Foi também professora da EE Prof. Salatiel de Almeida e diretora da EE Cesário Coimbra. A foto acima é de 2012, quando completou 90 anos. Faleceu em 5 de março de 2015, deixando filhos Adriana, Ana Maria, Terezila e Cândido Celso.
O desembargador Edésio Fernandes, que foi presidente do TJMG e dá nome para a Escola do Judiciário mineiro, foi professor do Ginásio São José, conforme consta de algumas de suas biografias.
Reaumuer Leite do Brasil, aluno do Ginásio São José, dentista em Cabo Verde.
Anúncio em “O Muzambinhense” de12 de novembro de 1944. Agora o jornal pertencia à paróquia.

Foto do Ginásio publicada em 15 de setembro por Sou Mais Muzambinho

Doni Costa posta as últimas colunas do Seminário antes de sua demolição (segundo ele), em 15 de setembro. Porém, acreditamos que a foto é mais antiga, pois na época da demolição a Praça dos Andradas era cercada de ciprestes.
Franciscanos em Muzambinho em 1957 – Sou Mais Muzambinho
Gabriel Archanjo da Silva Costa, rico fazendeiro que vendeu sua casa urbana para a paróquia construir o Ginásio

FONTE PRIMÁRIA E NOVIDADES QUE DESCOBRI EM 2015

            Nos arquivos do Dr. Lulu, no museu de Muzambinho, encontrei manuscritos sobre o Ginásio São José.
            Tais documentos podem ser de outros arquivos, pois não houve muito compromisso em organizar os arquivos.

Documento 1
"Ginásio São José - Muzambinho

Idéia - 1940 - Frei Geraldo van Sambeck O.F.M., vigário da paróquia, que foi transferido para Santos Dumont, nesse mesmo ano.
1941 - Funcionaram as 1ªs e 2ªs séries, sob a direção de Frei Cherubim Breumelhof O.F.M. que o instalou e conseguiu o reconhecimento federal do mesmo, sendo seu inspetor Dr. Armando Coimbra.
            Frei Cherubin adquiriu diversos prédios sitos à Praça dos Andradas e os adaptou para o funcionamento do externato, internato, salas de aula, secretaria, biblioteca, gabinete de física e química, dependência [ilegível] e documentos necessários à prática de educação física. Nesse trabalho foi auxiliado pelo povo e de um modo especial, pelo Sr. Lauro Campedelli.
            A seção feminina funcionou na Avenida Américo Luz, no prédio da antiga Escola Normal de Muzambinho[3], adquirida também por Frei Cherubim. Esta seção feminina, primeiramente, foi dirigida pelas Irmãs Filhas de N. Snra do Sagrado Coração e, nos últimos três anos pelas Irmãs Franciscanas Portuguesas.
            Secretária: Albertina Magalhães
            Professores: Frei Cherubim Breumelhof O.F.M., Frei Aristides O.F.M., Frei Rafael O.F.M., Srs. Renato Lacerda, Dr. José Tocqueville de Carvalho, Sr. Walter Cipriani, Sr. Milo Carli Mantovani, Dr. João Marques de Vasconcelos, Ari Lago Siqueira. Sras. Hortência Coimbra, Dirce A. Gaspar, Maria Augusta da Cunha, Alice Cerávolo Paolielo, Carmem Bandeira de Melo, Almira Machado Coimbra e muitos outros.

            Cursos: Primário - Admissão - Ginásio e Formação de Professôres.
            Regime: - Externato e Internato

            De 1941 a 1950 o Gin. S. José foi dirigido pelo frei Cherubin que em maio de 1950 foi de férias para a Holanda. Substituiu-o frei Aristides O.F.M. até dezembro de 1951, quando o Ginásio deixou de funcionar.

            Das Irmãs Filhas de N. S. do Sagrado Coração destacamos o nome da Irmã Valéria e das Irmãs Franciscanas Portuguesas destacamos as Irmãs Branca, Acine e Judite."









Documento 2
Recibo do Snr. Manoel G. Pereira, assinado pela Secretária Albertina Magalhães, datado de 9 de dezembro de 1946, referente ao pagamento de 282,50.

Documento 3
"           Exmo Senhor e Amigo                                  3-5-947
Acabo de receber sua carta do dia 2 do corrente, a qual agradeço.
Como tenho dado o interesse em meus alunos, o mesmo se dá com seu filho. Ele, porém, quer e quer sahir do Ginásio - porque razão? - não sei, pois trato-o igualmente como aos outros - implico, de vez em quando, com alunos mal procedidos, ele não o é, portanto de minha parte não existe cousa alguma contra ele. Sinto que existe implicância da parte dele, pois vários alunos, menos que ele, vivem aqui muito bem.
                        Sem mais, sempre ao seu dispor
                                               servo em J. Christo
                                    Querubim Breumelhoff O.F.M."

Carta enviada para um tal de Lopes. O museu não explica a procedência.

Documento 4
Há um texto biográfico de Frei Geraldo, porém, apenas localizamos as páginas 3 e 4
Frei Geraldo van Sambeek
Foto da Província Franciscana
Local de nascimento: Veldhoven
Data de nascimento: 29/10/1887
Ingresso na Ordem: 07/09/1907
Profissão Solene: 09/09/1911
Ordenação Presbiteral: 22/03/1914
Falecimento: 25/04/1948
"SAUDOSO FREI GERALDO"

            Desta Paróquia, embora houvesseis levado no recondito da vossa alma, leve resquício de ressentimento, - somo testemunhas de que tudo esqueceste e de que tudo perdoastes, - prova do vosso grande coração e da vossa elevada espiritualidade! Esta prova tivê-mo-la, quando vos visitamos, certa vez, na Colonia Santa Isabel.
            Com que saudares, não nos recordamos daquela visita. Naquele ambiente de dores e de miserias, fomos encontrar-vos, não triste e maguado, mas, irradiando a mesma simpatia, a mesma alegria de sempre, - distribuindo aos vossos grandes amigos, - os leprosos, - o bálsamo santo e consolador da Religião do Crucificado, tão bem vivida pela vetusta e venerável Ordem Franciscana, - báse angular do movimento católico no Brasil!
            Com que satisfação vos recebemos! Perguntandovos se estávais satisfeito naquele lugar de tristezas, vós, como o grande Padre Damião, que tudo abandonou para viver nas Molocai, nos respondeu: Filhos - aqui é o meu lugar. É entre estes amigos do meu coração que pretendo entregar minha alma a Deus. Aqui não existe maldade; o mal aqui é apenas do físico; mas a alma permanece pura; por isso, a razão de eu dizeres: aqui encontrei a minha felicidade!
            Grande alma! Grande homem! Em tudo foste grande! Como sacerdote, a ovss vida se igualaria a de São Francisco, porque o voosso pai de Assis, foi o maior imitador de Jesus!
            Sofrestes com a mais santa das resignações. Permancestes no duro leito de um hospital, meses e meses, sempre ostentando aquele sorriso meigo e aquela mesma bondade!
            Somos testemunhas do quanto ainda querieis sofrer, porque, como modelo da paciencia, tinheis a convicção firme e inabalável de que, na hora em que se aproximasse o vosso chamamento, Jesus, iria dizer-vos as mesmas palavras ditas a São Francisno, no seu leito de porte: Regozija-te porque a doença é sinal do meu reino, a paciência te vale poderes esperar com toda a segurança e certeza, a herança do reino dos Ceus. [-4-] O morte feliz não será, quando se tem a certeza de  se receber um aviso de Jesus! Que vós, o grande frei Geraldo, lá do reino do Ceu, se amercei dos que estão neste vale de lágrimas, e peça a Deus, nos dê a todos nós, uma santa hora de morte, afinal de que possamos ouvir aquele aviso que também ouvistes, com certeza, do Divino Mestre: Regosija-te porque a doença é sinal do meu reino."

Documento 5 – Trecho de entrevista de Maria Luiza de Podestá. Veja #144.

A senhora lembra do Ginásio lá do Frei Querubim, o Ginásio São José,  a senhora saberia me dizer alguma coisa?
Ah, não. Professoras eram todas freiras, uma ou outra pessoa da cidade dava aula lá, e sempre por pouco tempo, que quando tinha uma freira daquela matéria naquele ... No colégio das freiras fui aluna da dona Antônia Fernandes, acho que na primeira série; lembro de ter sido aluna da Zaíra Campedelli, mas lá nas freiras era sempre por pouco tempo, logo vinha uma freira daquela matéria e as pessoas... trocava muito... cada tempo tinha uma freira diferente...

Documento 6 – Lista de formandos de 1947, publicado em “O Muzambinho” de  7 de dezembro de 1947

Licenciados de 1947

            Realiza-se amanhã, a festa da entrega dos certificados dos licenciados do Ginásio S]ao José de Muzambinho.
            Às 8 horas, haverá na Matriz missa em ação de graças.
            Às 20 horas no Ginásio <<São José>>, sessão solene de entrega dos certificados.
            Esta a turma que receberá os certificados:


Alfredo Antonio Soares Poli
Altamiro Antonio Magalhães
Antônio Machado
Ari do Lago Siqueira
Balbina Zulminar Rezende
Célio dos Reis Araújo
Conceição A. Navarro Vieira
Dulce Siqueira Gonçalves
Elza Maria Moreira
Ernestina Magalhães
Guaraci do Lago Siqueira
Helena João Cecílio
Ione A. Martins de Oliveira
Irene Prado
Joaquim Ismael Vilas Boas
João Batista Araujo
José Daniel Pedreira Bueno
José Ulisses Milani
José Sebastião Coimbra de Souza
Lauro del Vale Pizarro
Manoel Castro Costa
Maria Aparecida Rezende
Maria Aparecida Vasconcelos
Maria Dolores Vilela
Maria José Bueno
Maria de Lourdes Melo
Maria de Lourdes Moreira Dias
Maria Regina Vieira e Silva
Maria de Souza
Murilo Junqueria Mártir
Nádia Badra
Nassim Elias
Rui Peixoto Cavalcanti
Sebastião do Lago Siqueira
Zilda Bueno



Documento 7 – Página do Ginásio de “O Muzambinhense” de 12 de novembro de 1944

PÁGINA DO GINÁSIO

Médias do mês de Setembro
(continuação)

Matemática

1a série feminina
Elza M. Moreira 10; Irene Pereira 10; Nadia Badra 10; Ione A. Martins 8.2; Maria I. M Dias 8.2; Maria Aparecida Magalhães 7.5; Maria J. Bueno 7.2; Helena Castro Costa 6.5; Dulce S. Gonçalves 6; Helena Rezenda 5.5; Maria Aparecida Macedo 5.5; Conceição Ap. N. Vieira 5.2; Ernestina Magalhães 5.2; Maria Aparecida Rezende 5.

2a série masculina

Abdala Fará 10; Carlos B. Vilas Boas 10; José Machado 10; Marcelo Correia 10; Mario da Conceição Beato 10; Reaumur Leite do Brasil 10; Ronald M. Cunha 10; Vicente A. de Almeida 10; Gilberto A. da Costa 10; Elzio Costal 9,5; Tomaz E. de Souza Filho 9,5. Alberto de O. Pádua 9; Vitorio A. Romano 9; José J. Magalhães Filho 8.5; Sílvio de Podestá 8; Olavo C. Navarro 6,5; Ronaldo Antinori 6,5.

2a série feminina

Efigenia Prado 9,5; Elza Prado 9,5; Maria Tereza Andrade 9; Iua(?) Nardi 8,7; Zélia Bueno 8,6; Maria Aug. Vasconcelos 7,7; Alda F. Magalhães 7; Maria de L. M. Oliveira 6.5; Teresinha L. Antinori 6,5; Maria D. Vilela 6,2; Clara Siqueira 5,7; Teresinha Magalhães 5,7; Maria O. Podestá 5,5; Zuleide A. O. Romano 5

3a série

José Ribeiro Magalhães 10; Munir E. Donato 10; Mercedes Tardelli 10; Pedro Bento 10; Teresinho M. Rita 10; João V. Filho 9,5; Amarilis S. Fiorane 8; Flavio Campedelli 8; Maria J. Antinori 8; Nicolau Campedelli 8; Rômulo Guilherme 6; Niso(?) da S. Ferreira 6.

4a série
[rasgado] Luiz C. G. Andrade 9; Maria R. de Oliveira 9; Maria J. F. da Silva 9; Mario A. Sobrinho 9; Nair da Paz de Oliveira 9; Roque Granato Neto 9; Terezinha de J. D. Moreira 9; Teresa D. Pulcinelli 9; Teresinha Guida 8.

Não obtiveram media

1a serie masculina
Angelo M. Magnoni, Benjamim J. Cecílio; Clóvis R. Martins, Geraldo I. de Carvalho, José S. de Sousa Filho, Lauro Del Vale Pizarro, Luiz Licurgo Leite, José P. Costa

1a serie feminina
Balbina Z. REzende, Expedita M. Leite, Helena J. Cecílio, Maria de Souza

2a serie masculina
Todos obtiveram media

2a serie feminina
Todas obtiveram media.

3a série
Carlos H. Campedeli, Dalva Santos, Ernani Magalhães, José de Carvlaho, José M. Cotrim, Moacir de ARaújo, Rubens de FAria, Paulo da S. Ferreira

4a série
Todos obtiveram média

Ciências

3a série

Amarilis S. Fiorane 8, Dalva Santos 8, Manir E. Donato 8, Mercedes Tardelli 8, Moacir de Araújo 8, Carlos H. Campedeli 7, José de Carvalho 7, João Vieira Filho 7, Teresinho M. Rita 7, José M. Cotrim 6, José R. Magalhães 6, Romulo Guilherme 6, Paulo da S. Ferreira 6, Niso da S. Ferreira 6, Ernani Magalhães 5, Maria J. Antinori 5.

4a série
Angela de Oliveira 10, Domingos B. Rimoli 10, Joel de P. Machado 10, José O. de Pádua 10, Maria Ap. de Souza 10,  Munir de P. Oliveira 10, Terezinha de J. D. Moreira 10, [ilegível] F. Marcondes 8, Geraldo Texeira da Silva 8, Luiz C. Andrade 8, Mário Alves Sobrinho 8, Teresa D. Pulcinelli 8, Teresinha Guida 7, Calixto J. Atarge 6, Fernando Montanari 6, Maria E. de Oliveira 6, Maria J. F. Silva 6, Roque Granato Neto 6.

Não obtiveram média

3a série

Flávio Campedeli, Nicolau Campedeli, Pedro Beato, Rubens de Faria

4a série

Todos obtiveram média.

Geografia

1a série masculina
Ari do L. Siqueira 10, José Leite 10, José U. Miliane 8,5, João T. dos Anjos 8, Joaquim I. Vilas Boas 8, José P. Costa 7,5, Antonio Machado, 7, Benjamim J. Cecílio 6,5, Guaraci do L. Siqueira 6,5; Manoel C. Costa 6; [ilegível] 6,5; [ilegível] do L. Siqueira 6,5, Alfredo A. S. Poli 6, José Carnevali 6, José S. de Sousa Filho 6, Valter Pestilli 6, João Andrade Abreu 6,5.

1a série feminina
Maria de Sousa 10, Nádia Badra 10, Helena C. Costa 9,5, Maria de L. M. Dias 9,5, Dulce S. Gonçalves 9, Irene Prado 9, Conceição Ap. N. Vieira 8,5, Maria Ap. Magalhães, 8,5, Maria J. Bueno 8,5, Elza M. Moreira 7,5, Expedito M. Leite 7,5, Ernestina Magalhães 6,5, Helena Rezende 6,5, Maria Ap. Macedo 6,5, Helena J. Cecílio 5, Ione A. Martins 5.

2a série masculina
Alberto de O. Padua 10, José Machado 10, Vicente A. de Almeida 10, Marcelo Correia 9,5, Tomas E. de Souza Filho 9,5, Abdala Fará 9, Olavo C. Navarro 7, Carlos B. Vilas Boas 8,5, Ronaldo M. Cunha 8,5, Vitorio A. Romano 8,5, Gilberto A. da Costa 8,5, Reamur L. do Brasil 8, Ronaldo Antinori 5,5, Mario da C. Beato 5.

2a série feminina
Efigenia Prado 8, Zuleide A. O. Romano 8, Elza Prado 7,5, Alda F. Magalhãs 6,5, Clara Siqueira 6,5. Ina Nardi 6, Maria Aug. Vasconcelos 6, Maria T. Andrade 6, Zélia Bueno 6, Teresinha I. Antinori 5,5, Maria D. Vilela 5, Maria O. Podestá 5.

3a serie
Carlos H. Campedeli 10, José R. Magalhães 10, Moacir de Araújo 9,5, Teresinho M. Rita 9,5, Amarilis S. Florane 9,7, Manir E. Donato 9,7, Mercedes Tardeli 9,6, José de Carvalho 8,9, Nicolau Campedeli 8,9, Rômulo Guilherme 8,2, Dalva Santos 7,4, Maria J. Antonori 6,2, Paulo da S. Ferreira 5

4a série
Angela de Oliveira 10, José de O. Pádua 10, Geni de P. Machado 9,8, Maria Ap. de Sousa 9,8, Domingos B. Rimoli 9,5, Teresa D. Pulcinelli 9,8, Geraldo Teixeira da Silva 9,2, Nair da P. de Oliveira 9, Teresinha de J. D. Moreira 9, Fernando Montanari 8,8, Luiz D. G. Andrade 5,6, Dalixo J. A. Jorge(?) 7,6, Délio(?) F. Marcondes [ilegível], Teresinha Guida 6,1, Maria F. de Oliveira 5,3, Mario Alves Sobrinho 5,1.

Não obtiveram media

1a série masculina
Angelo M. Magnoni, Clovis R. Martins, Francisco L. Guimarães, Geraldo L. de Carvalho, lauro Del Vale Pizarro, Luiz L. Leite, Mozart Podestá, Nilton R. Pinto.

1a série feminina
Balbina Z. Rezende, Maria Ap. Rezende, Maria Ap. Vasconcelos

2a série masculina
Elzio Costa, Sílvio de Podestá

2a série feminina
Maria de I. M. Oliveira, Maria de L. Melo, Teresinha Magalhães

3a série
Ernani Magalhães, Flavio Campedeli, José M. Cotrim, João Vieira Filho, Pedro Beato, Rubens de FAria, Nisio da S. Ferreira(?)

4a série:
Maria J. F. da Silva
                (Continua)

LEGISLAÇÃO
DECRETO Nº 18.741,DE 29 DE MAIO DE 1945.
Concede reconhecimento, sob regime de inspeção permanente, ao curso ginasial do Ginásio São José, de Muzambinho.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 74, letra a, da Constituição, e nos têrmos do artigo 72 da Lei orgânica do ensino secundário,
DECRETA:
Art. 1º É concedido reconhecimento, sob regime de inspeção permanente, ao curso ginasial do Ginásio São José, com sede em Muzambinho, no Estado de Minas Gerais.
Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 29 de maio de 1945, 124º da Independência e 57º da República.
GETÚLIO VARGAS
Gustavo Capanema

A Lei estadual 4541 também concede subvenção em bolsas de estudos de NCr$ 600,00 para aulas na Escola Normal e Ginásio São José.

TEXTOS DA INTERNET

Texto 1 – Trata-se de um texto de um professor de Três Corações que estudou em Muzambinho, no Ginásio São José. Destacamos a parte que fala do Ginásio.

sábado, 28 de janeiro de 2012
HOMENAGEM DO OS PELÉS AO PROF. MAIS QUERIDO DA UNINCOR E DE TRÊS CORAÇÕES-MG, O MAIS ESPORTISTA DOS ESPORTISTAS TRICORDIANOS, PROF.TERESINHO MOREIRA RITO.

Faz falta a amizade, o abraço, na escola
Entrevista com Teresinho Moreira Rito gravada em 2008 para o projeto Memória da Educação Tricordiana, em Três Corações (MG). Pesquisadores: Andressa Gonçalves, Luis Felipe Branquinho e Paulo Morais.
Arquivado na categoria Educação

Nasci em Monte Belo, fica perto de Muzambinho e a 64 quilômetros de Alfenas. Eu nasci em 6 de agosto de 1929. Meu pai era Manoel Antonio Rito e, minha mãe, Aurora Moreira Rito.  Meu pai era português e minha mãe era de São Paulo, mas era filha de portugueses também.  Meu pai nasceu em 1901, eu acho, porque minha mãe nasceu em 1900 e era um ano mais velha que ele. Ele nasceu em Portugal, num lugar chamado Mogadouro, na divisa com a Espanha. Em 1911, me parece, a família dele veio toda pro Brasil.  Eles vieram pra São Paulo.
 Logo depois teve aquela gripe espanhola, em 1918, eu acredito. Morreram todos, só ficou meu pai. Ele ficou jovem, sozinho no mundo, sem ninguém.
Aí meu pai veio pra Poços de Caldas. E, naquela época, o transporte era quase todo feito no lombo do burro. Então ele e uns colegas iam em Lagoa da Prata pegar animais pra levar pra Poços de Caldas e pra São Paulo, de modo que ele virou tropeiro. Ele levava só a tropa, não levava carga não. A mercadoria dele era o burro. Quando eu era jovem, eu mesmo conheci um senhor mais de idade, e eu conversava muito com ele.
Ele dizia que levava toucinho salgado, no lombo de burro, de Monte Belo pro Rio de Janeiro. Eu nem imagino quanto tempo levava.
Certamente, foi numa dessas viagens que meu pai conheceu minha mãe, lá em Monte Belo. Poços de Caldas era importante na época, pois dali eles distribuíam  os animais. Minha mãe morava em Monte Cristo, perto de Monte Belo. Ela era de casa. Morava numa fazenda muito grande, muito boa. Quando eu nasci, a cidade era muito pequena. Hoje, não deve ter nem cinco mil habitantes. Na época, era um arraial.
E tem uma coisa importante: na minha terra, não tem pobre. Tem cana de açúcar, fábrica de banha, fábrica de louça. E lá é um monte com um riacho. É uma visão maravilhosa. É monte belo mesmo.
Eu nasci com uma parteira e com um farmacêutico. Esse farmacêutico era italiano e formado em farmácia. Naquela época, era interessante: se a pessoa machucava, eles tinham na gaveta da farmácia a sangue-suga. Então punham ali no hematoma e a sangue-suga sugava o sangue todinho. Depois punham na cinza do fogão e ela vomitava o sangue todo.
Eu fiz o primário em Monte Belo. Tinha uma escola muito boa, o Grupo Escolar Coronel João Evangelista dos Anjos. Ele funcionava num salão.  Depois que terminei o primário, nunca mais entrei lá. Depois disso, meu pai administrava uma fazenda, e eu fiz os quatro anos do ginásio num colégio interno administrado pelos  padres franciscanos holandeses. Era o Ginásio São José, de Muzambinho.
 Era colégio masculino, voltado pra educação que não temos mais hoje.
 De manhã, o padre batia palma e a gente tinha que acordar na hora. Todo mundo tomava banho frio e depois tomava o café. Todo dia tinha missa, antes das sete horas. Outro dia, conversando com alguém, eu disse que fui educado em colégio interno com os padres franciscanos holandeses.
 Ele me disse:- Não precisa falar mais nada.Os padres tinham um cordão amarrado na cintura.
De vez em quando, o cordão funcionava pra bater. Castigo era pouco. No domingo, depois do almoço, a gente podia sair até depois do matinê. O matinê começava às duas horas, e, de lá, todo mundo vinha embora.
Não era exigido acompanhante, nesse dia. Mas quem cometesse qualquer falta durante a semana não saía no domingo: ficava fechado. E também não se aceitava chamar o professor de você: era o senhor ou a senhora. 
A escola ensinava a gente a ter classe, respeito, e hoje não tem isso mais.Naquela época, os alunos aprendiam as atividades rurais na escola.  E lá você tinha tudo: escova de dente, creme dental, sabonete, roupa. Até o sapato a escola dava.  Quando o aluno chegava, recebia todos os livros, que já estavam no armário aos pés da cama. O material era todo marcado com uma letra bonita da dona Albertina. Não esqueço disso.
A gente recebia o material, mas era pago dentro da mensalidade. Tínhamos cadernos, livros, e caneta era a pena, de molhar.
Estudávamos latim e literatura latina. Inglês e literatura inglesa. Espanhol e literatura espanhola. Francês e literatura francesa. A nossa turma conversava em francês no quarto ano ginasial.  Literatura portuguesa de Portugal e portuguesa do Brasil. No primeiro ano do segundo grau,  nós tínhamos uma noçãozinha de grego.
Em geografia, nós estudávamos todos os países do mundo, cidades principais, montanhas, rios, produção.
Tínhamos trabalhos manuais. Como tinha gente da zona rural, fazia cabresto, corda, rede e outros utensílios pra montaria. Tínhamos desenho a mão livre e desenho geométrico. Agora, olha o que fizeram com a nossa educação. Está tudo muito diferente.O nosso uniforme era amarelo.
Era uma calça, uma jaqueta com botões pretos e uma camisa branca por baixo. Tínhamos o grêmio social, com presidente, secretário e tudo o mais. Tinha a finalidade de educar, comemorar aniversário ou ainda tratar da morte dos poetas famosos ou de figuras da política. Tudo era comemorado.
Estimulava a literatura, a arte, a música.  Tínhamos curso de música.
Eu sabia música muito bem. O primeiro presidente do grêmio fui eu, durante um ano.
Eu saí do ginásio e meu pai não tinha condições de pagar colégio pra mim.
Minha mãe teve que engordar um porquinho na porta da cozinha.
Eu ainda lembro do meu pai levando o porquinho pra cidade. Era 1946, e, naquela época, tinha um tio meu, Arthur de Melo, que morava em Belo Horizonte. Quando terminei o ginásio, falei que ia pra lá e, com 15 anos de idade, enfrentei três dias seguidos de viagem. Hoje, a viagem dura três horas, mas, naquele tempo, era complicado viajar. Eu saía de Monte Belo num dia, à noite eu saía daqui de Três Corações e ia amanhecer em Divinópolis. Quando eu cheguei aqui em Três Corações, eu vi aquela igreja e achei a coisa mais bonita do mundo. Pra você ter uma idéia, a ponte da rodoviária ainda era de madeira. Naquela hora, nasceu amor por Três Corações.
Em Belo Horizonte, eu trabalhava durante o dia e estudava à noite. Fiz o primeiro ano colegial daquele tempo.
Eu trabalhava com o meu tio na loja de produtos farmacêuticos. Foi uma oportunidade muito boa.
Estudei no Colégio Anchieta, que hoje é a Faculdade Newton Paiva. Foi lá que conheci o Paulo Neves, que foi o meu professor de Português.  Ele dava verbo intransitivo pra conjugar no imperativo. Na prova, se você tirava dois, tinha comentário. Uma vez eu tirei quatro e fiquei com vergonha de falar que era eu, por causa do comício que ele fazia.  As provas valiam cinco.
Fiz apenas o primeiro ano colegial em Belo Horizonte. Era um colégio particular.
A situação do papai tinha melhorado um pouquinho. Nesta época, a gente era obrigado a fazer prova oral. Hoje, os alunos acham que é castigo. Teve um fim de ano que eu estava louco pra ver minha mãe e meu pai, pois fazia um ano que não via os dois. As provas já estavam marcadas e eu comprei passagem no trem noturno, um dia depois da prova oral de espanhol. Naquele tempo, a gente ia dormindo no trem.
Você escolhia o vagão normal ou a cabine com camas. Eu havia comprado a cabine, pois estava muito cansado porque era o fim do ano letivo. Mas, na véspera da prova, o que acontece?
O diretor do curso foi atropelado e morreu. E a prova de espanhol, que era no dia seguinte, foi adiada.
Perdi minha passagem, perdi meu leito. Eu fui falar com o diretor do colégio.
O homem esculhambou comigo:- O senhor é um imprevidente!
Aí eu expliquei pra ele a situação. Como é que eu ia imaginar que o homem ia morrer?
Ele disse: - Eu vou fazer o favor de te dar zero nessa prova! O boletim ainda está comigo!
E está zero vírgula zero na prova oral de espanhol.
Mas eu vim embora!
Depois voltei pra Monte Belo e fiz o segundo e o terceiro colegial no Colégio Municipal de Alfenas.
Depois do colegial, fiquei mais três anos em Alfenas, na faculdade. O curso de odontologia era feito em três anos. A faculdade era EFOA, Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas.  No ano que eu saí, ela foi federalizada. Sempre foi boa escola, desde o meu tempo. É uma das melhores escolas do Brasil, até hoje.
Mas, naquele tempo, era diferente, porque o aluno era diferente. O relacionamento, a responsabilidade do aluno, tudo era diferente. Nós assistíamos aula de terno e gravata. Nunca um professor meu deu aula sem terno e gravata. Todos os sábados e domingos, os alunos de Odontologia e Farmácia iam passear na praça, sempre de terno e gravata. Nas festas do clube, o povo considerava muito os alunos. Se a gente ia tirar uma menina pra dançar, primeiro cumprimentava a mãe e o pai. Era chique demais da conta. Você levava a moça até a mesa e agradecia.  Era outro mundo. Não podia nem colocar a mão fora do lugar, e a gente conversava durante a dança. Tinha um baile da primavera que era a coisa mais bonita do mundo. Isto foi de 1948 a 1951. Eu  tinha 20 anos quando eu formei em Odontologia.
Quando eu saí da faculdade, o meu professor de técnica odontológica, Paulo Passos da Silveira, me ofereceu a cadeira dele. Disse que eu era uma pessoa de confiança. Mas eu falei que nunca tinha pensado em ser professor e indiquei um colega meu, o Mário, que virou professor em Alfenas. Então, eu comprei um consultório à prestação e fui trabalhar em Governador Valadares. Eu tinha ouvido falar que lá era bom pra trabalhar. Naquela época, Valadares não tinha nem luz elétrica direito. Eram só quatro horas de energia por dia.  No resto da noite, a luz era acesa com óleo. Eu cheguei na cidade de terno e gravata, sozinho naquele mundo. Fui passear na praça e passei em frente a uma loja que estava cheia de meninas e elas riram.  Passei de novo e elas continuaram rindo.  Na terceira vez, entrei e falei que estava meio perdido, que precisava de um lugar pra morar. Aí a moçada caiu na risada. Elas acharam que eu fosse do circo, porque tinha acabado de chegar um circo por lá. Aquele pessoal era da elite, e eu acabei entrando pra elite da cidade. Naquele tempo, havia uma separação muito grande. Mas eu estava com 21 anos, e achei lá muito violento.Voltei pra Monte Belo e comecei a trabalhar como dentista.
O pessoal da cidade fez uma associação pra fundar um ginásio na cidade. Naquele tempo, a educação era supervisionada pelos inspetores federais. Então fizeram uma reunião e o inspetor, que chamava Sebastião de Sá, veio a Guaxupé. Era um inspetor espetacular. E, durante a reunião, ele disse pra mim:
- O Senhor vai ser o diretor do colégio.
Eu esfriei todo.
- Deus me livre! Eu não quero, não entendo nada.  Não sei montar um currículo.
- Mas tem que ser o senhor.
Aí eu comecei a pensar. E ele disse:
- Minha secretária fica à sua disposição na inspetoria.  Tudo o que o senhor precisar, o senhor pode ir lá.
Eu resolvi enfrentar.  Isso já era na década de sessenta. Mas não tinha lugar pra fundar o colégio.  Então, meu sogro tinha  um prédio todo de tijolo aparente, de uma firma que estava pra fechar. E assim nós fomos começando. Terminava de contruir uma sala, começava a outra. Quando terminava uma sala, fazia uma festa. Conseguimos realizar aquele ideal, pela educação. E construímos o colégio.
Então, à medida em que o tempo foi passando, eu fui estudando. Primeiro fiz Filosofia e História em Guaxupé, depois fiz Psicologia na faculdade em Três Corações. Tenho três diplomas, doze especializações e o mestrado. Mas, naquele tempo, em Monte Belo, tinha uma política terrível, com muita briga entre as famílias e entre os partidos da época, PSD e UDN. Então, nós quisemos pôr o nome de Ginásio Moderno de Monte Belo, pois assim não ficava nem municipal, nem estadual, nem particular. Em Muzambinho, por exemplo, tinha dois colégios. No Colégio São José, estudava o pessoal do PSD. No Colégio Estadual, estudava o pessoal da UDN. Até a igreja era separada. Pra você ver como o mundo é muito pequeno: no ato de assinatura do governador, criando o colégio, eu era o presidente da Câmara da minha terra. Estava o prefeito, eu, o doutor Manoel Taveira de Souza, que era o secretário do interior e o governador, doutor Magalhães Pinto. Nós fomos pra sala do Governador e, no ato de assinatura, quem era o chefe de gabinete dele? O Paulo Neves. Ele olhou pra mim e disse:
- Eu te conheço.
- Lembra do quatro que eu tirei na sua prova?
- Estamos em casa.
* * *
Quando eu estudava na faculdade de Guaxupé, foi um tempo ótimo, porque tinha professores da PUC de Campinas e da Unicamp, já que Campinas fica perto dali. O Rotundaro, o Alaor e o José dos Santos eram professores aqui em Três Corações e iam de carro pra Guaxupé todo fim de semana, pra fazer o curso de Filosofia. Quando eu estava terminando a faculdade, meus filhos estavam crescendo e eu pensei: “eu vou embora daqui”. Queria ir pra Anápolis, Goiás, porque tinha um conhecido que era Secretário da Fazenda por lá. Mas quando eu falei isso, os três não deixaram de jeito nenhum.
- Você vai é pra Três Corações.
Eu já gostava daqui e falei:
- Vou, mas se eu prestar concurso e passar.
Então, abriu o concurso no Estado. Fiz, passei e vim pra cá em 1969. Os americanos chegaram lá na lua e eu aqui em Três Corações. O concurso era pra professor do Estado do primeiro grau e foi danado. Tinha uma prova oral, perante uma banca da UFMG, na Faculdade de Filosofia de Guaxupé. O negócio era complicado, não era moleza, não. Naquele tempo, você tinha que prestar o concurso pro primeiro grau e, só depois, pro segundo grau. Só que, na época, não usava essa nomenclatura. Usava ginasial e colegial. Hoje emendaram tudo. Antes era primeiro, segundo, terceiro e quarto ginasial, depois primeiro, segundo e terceiro científico.
E, antes disso, já existiu a opção entre clássico e o científico. Quando eu entrei no colegial, acabou isso.
Quando passava no concurso, você recebia um certificado bem específico pra qual matéria e qual ciclo você podia dar aula. O primeiro ciclo correspondia da primeira à quarta série do ginásio e o segundo, do primeiro ao terceiro ano do científico. Eu comecei aqui, em Três Corações, lecionando pro ginásio. Nessa época, a inspetoria central funcionava em Juiz de Fora e tinha representante aqui em Três Corações. Nas férias, aquele professor que não tivesse credenciamento, não tivesse curso superior, fazia um mês de aula dentro da especialidade e podia lecionar. Era o exame de suficiência. Mas, se não fossem aprovados nesse curso, não podiam lecionar.
O controle era sério.Aqui tinha dois inspetores. Eles supervisionavam os professores e era tudo inspecionado.
 Eu dava aula de história. Aqui era uma máquina de dar aula de história. Tinha a Oneida, a Mônica, a Terezinha Fonseca e eu. No período do regime militar, houve uma intervenção no colégio. Veio pra cá o professor Amauri, que dava aula em Alfenas, pra ser diretor. Ele foi nomeado direto pelo Secretário de Educação. Ele me falou:
- Você vai tomar conta do ginásio pra mim.  Eu falei:
- Não vou, porque minha mulher disse que, se eu me envolver com direção de escola, ela me larga.
Aquilo era um abacaxi danado, e eu não quis saber. Mas ele foi lá em casa, conversou com minha mulher e ela disse: - Vai. Então, ficou o Amauri como diretor e eu, responsável pelo turno da noite, que era barra pesada.
 O Erasmo ficou como coordenador do turno da tarde e o professor Ribamar, do turno da manhã. O Amauri falava que o Colégio Estadual de Três Corações nunca mais teve e nunca mais vai ter um grupo de professores como teve. Pra quem gostava da ditadura, na época, era uma beleza. E era bom, porque tinha uma disciplina danada. Os alunos estudavam Educação Moral e Cívica, era obrigado a ter em todos os anos. Essa matéria dava toda a estrutura de governo e ia aprofundando, procurava naquilo a lógica de fazer saliência aos militares. Estudava as revoluções no Brasil, e foram muitas.
Naquele tempo, nós tínhamos 2.400 alunos, pra mais. À noite, nós tínhamos uma turma de alunos da ESA.  Eles vinham pro curso colegial, ou segundo grau. E, nesta época, resolveu-se que todos os alunos deviam desfilar no 7 de setembro. Imagine: todos os alunos! Colocar os 2.400 alunos em forma! Foi difícil, mas conseguimos.No turno da noite, tinha alunos pobres e ricos misturados, e alguns alunos da EsSA também. O problema disso é que os alunos ricos queriam ter mais regalias que os pobres. E o pobre se sentia humilhado. Era difícil. O primeiro problema meu foi com respeito a uniforme. E aí o diretor era o doutor Ubirajara Lopes Vieira. Ele era um cara oito ou oitenta, com ele não tinha conversa. Inclusive, ele mandava medir as saias das moças pra ver a que altura estava do joelho. Ele era pulso firme.  E falava com a gente:
- Vocês é que são os diretores, são os responsáveis por seus turnos, façam suas coisas direito. Porque se fizerem coisas erradas, eu vou ter que defender vocês, e defender coisa errada é muito difícil.
No meu turno, eu pus ordem. O aluno que era repetente não estudava mais no Colégio.  De primeira limpeza, foram 34 embora. Vinham fazer a matrícula ou pegar uma carteirinha pro cinema e eram recusados. Teve afilhado do prefeito que foi até o Delegado em Varginha. Mas não entrava, não, porque ocupava o lugar dos outros.
O doutor Ubirajara era uma pessoa do coração muito bom.  Uma vez, ele veio conversar comigo:
- Não quero menino nenhum sem uniforme.
- Mas como exigir uniforme de menino pobre?
- Vai lá no Zé Naback e compra uniforme pra quem precisa.
Nós tínhamos duas educadoras espetaculares: a Maria da Glória e a Ivani. Elas fizeram o levantamento socio-econômico dos meninos. Nós fizemos mais de 200 uniformes. Foi um dia que eu nunca esqueci. Você precisava ver a satisfação daqueles meninos. Nunca tinham ganhado nada. E agora tinham uniforme igual aos outros. Educar é isso.
Eu fiquei como diretor do turno da noite por 10 anos. Depois, foi lançada, por um governo, uma seleção competitiva interna. Se você era engenheiro e professor, podia fazer exame pra engenharia do Estado.
Eu, como era dentista, fiz o concurso e passei. Fui trabalhar fora da área de ensino e por isso deixei a escola.

Na Universidade, eu ingressei da seguinte forma: o professor José Maria Maciel pediu que todos os dentistas mandassem o currículo pra ele. O seu secretário, Muriel, selecionou os currículos daqueles que podiam lecionar. Eu tinha duas cadeiras na Universidade de Campanha. Lecionava História e História do Brasil. E tinha três cadeiras na faculdade de Odontologia em Lavras: dentística, material dentário e dentística clínica. Então eu fui selecionado e comecei a lecionar na faculdade daqui. Deixei a faculdade de Lavras, na ocasião.
Houve uma época em que o Estado não oferecia o atendimento odontológico nas escolas, mas nós fizemos um trabalho muito bom com meus alunos da Universidade. Em conjunto com o Dr. Francisco, da Seccional de Saúde de Varginha, e com dinheiro de rifas, colocamos um consultório no Estadual, um no Polivalente e um numa escola na saída pra Cambuquira, pros alunos trabalharem.
Falam que sou muito exigente. Eu não aceito um aluno meu chegar atrasado na aula. Com 43 anos que dou aula, eu nunca cheguei atrasado numa aula. Eu falo pros meus alunos:
- Eu gosto tanto de vocês que eu não quero que vocês percam nem um minuto de aula.
A educação de 20 anos atrás é muito diferente da de hoje. A mocidade de hoje precisa de muito carinho e muita compreensão. Hoje, você vai no computador e tem tudo na mão. Não tem carinho, não tem diálogo. Por exemplo, os meus alunos da Odontologia mostram uma necessidade muito grande de carinho, de amizade. Todos eles, quando chegam, pegam na minha mão na hora de entrar na aula e, na hora de sair, me abraçam. Acho que educar é isso. Hoje, meus alunos trazem os filhos pra me conhecerem. Imagina o que vira meu consultório, é um choro só. Conclusão:  eu analiso isto daqui, como é importante o relacionamento na escola, partindo dessa minha visão. É tão bom ver as pessoas felizes. O aluno tem que conversar e rir. Quando não ri, você pode saber que falta alguma coisa. Faz falta a amizade, o abraço, na escola

PROF: TERESINHO RITO
OBRIGADO  PELO SEU TRABALHO E DEDICAÇÃO EM PROL DE TRÊS CORAÇÕES , DA UNINCOR -TC  E DO CLUBE ATLÉTICO DE TRÊS CORAÇÕES.


Texto 2 – O texto retirado de uma revista do INEP apresenta a lista de todos estabelecimentos secundários do Brasil, e nomina o Ginásio São José em Muzambinho.
Estabelecimentos de ensino secundário ano de 1945 — O cartograma acima apresenta distribuição das escolas de ensino secundário no país, em agosto de 1945. Funcionavam, nessa época, 827 estabelecimentos, sendo 538 ginásios e 289 colégios.

O ENSINO SECUNDÁRIO NO BRASIL EM 1945 O ensino secundário é ministrado, no país, em dois ciclos. O primeiro, com quatro anos de estudos, compreende um só curso : o curso ginasial ; o segundo, com três anos de estudos, compreende dois cursos paralelos: o curso clássico e o curso científico. O estabelecimento que só ministre o curso de 1.° ciclo, ou ginasial, tem a denominação de "ginásio". O estabelecimento que, além do curso de ginásio, ministre os dois cursos de segundo ciclo, recebe o nome de "colégio". Em agosto de 1945, segundo os dados fornecidos pela Divisão de Ensino Secundário do Departamento Nacional de Educação, à qual diretamente incumbe a administração desse ramo de ensino, existiam, em todo o país, 538 ginásios e 289 colégios, num total de 827 estabelecimentos, os quais assim se distribuíam pelas unidades federadas :


REVISTA BRASILEIR A DE ESTUDO S PEDAGÓGICO S Vol. VI Novembro. 1945 N.º 17, INEP.






Texto 3 – Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 8, Setembro de 1948, fascículo 3.

Frei Geraldo van Sambeek, O. P. M. - Faleceu aos 25 de Abril na Casa de Saúde S. Lucas em Belo Horizonte. Era natural de Veldhoven (Holanda), onde nasceu em 29 de Outubro de 1887. Depois de completar o curso secundáriv no Colégio Seráfico de Venray, recebeu o hábito franciscano em 7 de Abril de 1907. Fez a sua profissão solene em 1911, ordenando-se sacerdote em 22 de Março de 1914. Depois de doutorar-se em letras na Universidade de Amsterdão, lecionou 110s ginásios de Venray e Heerlen. Vindo para o Brasil em 1926, trabalhou em Divinópolis (Minas) até 1931, quando foi nomeado Superior do Ginásio S. Antônio em S. João dei-Rei. De l 936 a l 937 esteve na Holanda em tratamento de · saúde. Depois de trabalhar três anos como Vigário em Muzambinho, foi incumbido de fundar em Santos Dumont um Seminário Seráfico, que hoje é uma realidade. Por motivos de saúde, em Junho de l 942 foi transferido para a Colônia S. Isabel, onde trabalhou entre os leprosos com zelo edificante até a sua morte.




Artigo escrito dias 20 e 21 de setembro de 2017.
Inserido no livro em 21 de setembro de 2017










[1] Essa primeira parte foi escrita entre 2007 e 2009, para minha dissertação de mestrado, e corrigida em 20 de setembro de 2017.
[2] Assim como sei falar pouco sobre o Juvenato Franciscano construído ao lado do Ginásio São José.
[3] Trata-se de um equívoco, pois a Escola Normal continuou funcionando ininterruptamente até 1952, quando foi incorporada no Colégio Estadual, funcionando o mesmo curso até 1998.